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“Estou eufórica e surpresa”: quem é a artista responsável por vaca magra na B3

Márcia Pinheiro afirmou ter pago R$ 1.000 para transportar escultura de Fortaleza até São Paulo; conheça a trajetória

Por Clayton Freitas
Atualizado em 9 dez 2021, 15h00 - Publicado em 9 dez 2021, 14h59

Nascida em Fortaleza, no Ceará, a artista e escultura Márcia Pinheiro, responsável pela intervenção que levou uma vaca magra em frente à B3, nesta quinta-feira (9), passou a maior parte de sua infância na pequena cidade de Milhã, distante pouco mais de 300 quilômetros da capital cearense.

As cenas de vacas definhando sem pasto para comer devido à seca a motivaram a criar uma série de esculturas de dez vacas magras, em 2011. (leia mais abaixo)

O objeto foi retirado horas depois de ser instalado para evitar que fosse apreendido. Porém, no período em que lá esteve, gerou muita repercussão e chegou a ser um dos assuntos mais comentados do Twitter.

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Márcia afirma que de Fortaleza acompanhou toda a repercussão que o touro de ouro da B3 teve. “Nós não estamos numa fase nem de touro e nem de ouro”, diz.

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Ela comenta que em visitas anteriores à capital paulista sempre teve o desejo de exibir as suas obras. “Eu ficava imaginando a minha vaquinha lá no meio do Masp cheio de domingo, quando a avenida fecha. Eu daria tudo para vê-las ali. Eu sempre sonhei mas nunca tive coragem”, diz.

Essa coragem veio após a repercussão do touro de ouro. “Eu pensei comigo que agora é que seria a hora. Se ele pôde colocar a dele ali, porque eu não posso colocar a minha?”, afirma.

Ela diz defender que as pessoas têm o direito de se expressar como quiserem. “Só que eu percebi que as críticas eram muito maiores. E, de fato, a vaca magra é a situação que estamos vivendo mesmo”, disse.

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Sem revelar detalhes, ela conta que a escultura saiu de Fortaleza rumo a São Paulo por meio de um frete rodoviário,  e custou R$ 1.000.

Como ela ficou em Fortaleza, já que está com um problema de saúde no tendão do pé, contou com a ajuda de amigos de São Paulo para instalar o objeto em frente à B3.

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Ela diz não ter solicitado autorização por ser uma intervenção, aos mesmos moldes de quando começou a exibir as esculturas em sua terra natal.

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Perguntada de como se sente, ela diz estar “eufórica e surpresa”, ainda mais pela repercussão que o caso está recebendo da mídia. “Estou recebendo ligações de amigos de tudo quando é lugar. E nem consigo mais acompanhar as notícias, tamanha a repercussão. Estou assustada”, diz.

Como surgiu

A cidade de Milhã foi uma das mais atingidas pela seca extrema no início dos anos 2010, ficando quase cinco anos sem nenhuma chuva. A artista relata que as consequências da estiagem eram drásticas, e davam espaço a cenas como vacas comendo areia e muitas urrando até morrerem, secas e definhadas.

O ano era 2011 e Márcia, já morando em Fortaleza e formada em design gráfico, atuava profissionalmente numa agência de marketing. “Eu ia para o sertão visitar a minha mãe e ficava olhando a paisagem seca, de caatinga mesmo, com as vacas mortas se acumulando”, afirmou.

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A inquietação foi crescendo e ela decidiu ali usar a arte como forma de alerta. “Eu dizia para mim mesma que precisava fazer alguma coisa. E pensei comigo que se fosse fazer algo, teria que ser pela arte”, disse.

Foi aí que nasceu a ideia de fazer as esculturas de vacas magras. Ao todo foram dez moldes, que ela usou inicialmente para realizar intervenções em órgãos públicos, tais como Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), secretaria Estadual de Educação, sede do governo cearense, e Assembleia Legislativa do Ceará, de onde afirma que teve que sair correndo para não ser pega.

“Eu chegava com a cara e coragem e ficava esperando o resultado. Quando os homens [policiais] vinham, eu saía correndo”, afirmou.

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Ela conta que seu principal objetivo era o de alertar a respeito da grave situação da seca. “O orgulho do sertanejo é ter uma vaquinha no curral e algo para plantar. A vaca representa muito para a vida dele, e também para questão econômica. Tem muita gente alienada com isso, e eu queria era mostrar essa realidade”, diz.

O tempo passou e as vacas magras, já famosas, passaram a ser usadas com outro viés, o de arte urbana. A rebeldia foi deixada de lado e ela passou a obter autorizações para poder instalar as esculturas. As vacas chegaram até a integrar um projeto educativo. Neste período elas ainda eram pintadas da cor branca.

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Ao final desse período, ela teve que recolher as esculturas para a sua casa. Foi aí que nasceu a ideia de levá-las para postos de gasolina, já pintadas. O sucesso foi tão grande que ela precisou estabelecer uma regra para atender a todos os pedidos. Além disso, os objetos começaram a ser requisitados para mostras, tais como ao da Unifor (Universidade de Fortaleza), e ela, para palestras sobre o tema.

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