Os candidatos por trás do paletó
As preferências e trajetórias de Fernando Haddad e José Serra, que disputam no domingo (28) o comando da prefeitura
Não fossem rivais na briga pela prefeitura da maior cidade do país, com orçamento de R$ 39 bilhões em 2012, o petista Fernando Haddad, de 49 anos, e o tucano José Serra, 70, teriam assunto para atravessar a noite em uma mesa de restaurante — talvez no italiano Gero, do Grupo Fasano, do qual ambos são clientes. Em comum, os dois paulistanos ostentam a boa formação intelectual, com mestrado e doutorado, e o gosto pela leitura. As semelhanças, porém, terminam aí.
Criado nas imediações de Moema, filho de um comerciante da Rua 25 de Março, Haddad estudou no prestigiado Colégio Bandeirantes. Rodou a Europa por três meses como mochileiro e morou um ano no Canadá durante a pós-graduação. Cresceu na política em cargos técnicos, até assumir o Ministério da Educação, do qual era o número 2, em substituição a Tarso Genro, que saiu para ocupar a presidência do PT em 2005 depois de ser revelado o escândalo do mensalão.
+ Fernado Haddad, o filósofo da 25 de Março
Serra vem da Mooca, filho de um vendedor de frutas do Mercadão, e frequentou, por muitos anos, escolas públicas. Antes de exercer altos cargos políticos, foi líder estudantil e exilado durante a ditadura militar, que continuou a combater nos catorze anos em que viveu no Chile e nos Estados Unidos, onde se doutorou na Universidade Cornell.
As preferências também são distintas. Enquanto Serra é palmeirense roxo, Haddad é um são-paulino light, que raramente acompanha alguma partida. O tucano só liga a TV para ver filmes (a novela Avenida Brasil foi exceção), enquanto o petista, também apreciador de cinema, vez ou outra encara o seriado Two and a Half Men.
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No domingo (28), o eleitor escolherá nas urnas qual deles irá para o 5º andar do Edifício Matarazzo, sede da prefeitura. No primeiro turno, Serra se saiu melhor, com 1.884.849 votos, ante 1.776.317 do seu adversário. Agora, as pesquisas de intenção de voto mostram Haddad na frente — na do Ibope divulgada na quarta (17), o placar era de 49% a 33%. Após ter convidado os principais candidatos a debater suas propostas em reportagem publicada uma semana antes da eleição do último dia 7, VEJA SÃO PAULO conversou agora com os dois finalistas sobre seus estilos, manias e predileções quando se despem da figura de homens públicos.
Veja a ficha técnica dos candidatos:
- FERNANDO HADDAD
Nascimento: São Paulo, 25 de janeiro de 1963
Família: casou-se em 1988 com a dentista Ana Estela Haddad, 46 anos. São pais dos estudantes Frederico, 20, e Ana Carolina, 12
Formação: bacharelado em direito, mestrado em economia e doutorado em filosofia na USP
Carreira política: foi presidente do Centro Acadêmico XI de Agosto, chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Finanças na gestão Marta Suplicy, assessor especial do Ministério do Planejamento e ministro da Educação
Melhor amigo: o jornalista Eugênio Bucci
Cena de filme: “Aquela do surfe em meio às bombas, de Apocalypse Now”
Personagem de livro: Josef K., de O Processo, de Franz Kafka
Na TV: noticiário, filmes, Two and a Half Men, Os Simpsons e o seriado adolescente iCarly (“Vejo com a minha filha”)
Partida de futebol inesquecível: Foram duas, as finais da Libertadores de 1992 e 1993, com o São Paulo
Música: I’ve Got a Feeling, dos Beatles
Instrumento: violão
Cor: azul. “Fazer o quê?”
- JOSÉ SERRA
Nascimento: São Paulo, 19 de março de 1942
Família: casou-se em 1967 com a psicóloga e bailarina Monica Allende, 68 anos. São pais da advogada Verônica, 43, e do administrador Luciano, 39. Têm três netos
Formação: curso incompleto de engenharia na USP, mestrado em economia na Universidade do Chile, mestrado e doutorado em economia na Universidade Cornell
Carreira política: foi presidente da UNE, deputado, senador, ministro do Planejamento e da Saúde no governo FHC, prefeito e governador de São Paulo
Melhor amigo: “São muitos, mas, para citar um, Fernando Henrique Cardoso”
Cena de filme: várias de Cidadão Kane
Personagem de livro: Raskolnikov, de Crime e Castigo, de Dostoievski
Na TV: “Em geral, só filmes, mas vi um pouco de Avenida Brasil. Achei o Tufão extraordinário”
Partida de futebol inesquecível: Palmeiras 6 x Santos 7, que viu no Pacaembu, em 1958
Música: canções napolitanas, como ‘O Surdato ‘Nnammurato
Instrumento: tocava bumbo na escola
Cor: azul. “Nada a ver com o partido”