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“Internação compulsória, só em caso extremo”, diz Drauzio Varella

O médico, que tratou diversos usuários de crack no Carandiru nos anos 90, explica por que a medida proposta pela prefeitura não deve funcionar

Por Mariana Rosario Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 26 Maio 2017, 21h19 - Publicado em 26 Maio 2017, 20h36

Nesta sexta (26), a 7a. Vara da Fazenda Pública deferiu o pedido da prefeitura para que os usuários de drogas possam ser internados compulsoriamente. Com a decisão, a prefeitura terá permissão, por 30 dias, de recolher os dependentes químicos com idade superior a 18 anos na região da Luz e encaminhá-los para centros de tratamento. 

A solicitação da prefeitura ocorreu após a megaoperação na Cracolândia, na qual traficantes foram presos, hotéis que acomodavam usuários derrubados e a feira de drogas na Rua Helvétia e na Alameda Dino Bueno, desmantelada. Com a operação, os viciados se espalharam por mais de vinte outros pontos na região central.

No ofício da prefeitura enviado à Justiça, havia a reprodução de um trecho atribuído ao médico Drauzio Varella, no qual ele defenderia a internação compulsória. O médico contestou o documento, dizendo que sua opinião sobre o assunto foi descontextualizada. “Meu nome foi usado indevidamente”, disse ele.

Em entrevista a VEJA SÃO PAULO, Varella, que tratou diversos usuários de crack na penitenciária do Carandiru nos anos 90, afirmou que a medida não é adequada. “Ela só deve acontecer em situações extremas, nos casos de risco de morte por saúde debilitada, e não é a realidade de todos. Parte dos usuários da Cracolândia consegue decidir se quer ou não iniciar um tratamento.”

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O especialista explica que, muitas vezes, assim que acaba o período de internação compulsória, o dependente fica sem opções e retorna para o chamado “fluxo” em busca de abrigo. “Ali é o local em que ele conhece as pessoas e consegue sobreviver, após o abandono da família. É o único lugar onde se sente seguro”, afirma.

Esta não é a primeira vez que a Cracolândia é alvo de ações policiais. Em 2012, por exemplo, a Polícia Militar expulsou os viciados do “fluxo” localizado na Rua Helvétia. Logo depois, eles passaram a perambular por outras vias da região. “Não existe saída fácil para essa decisão, mas esse tipo de abordagem tem que ser pensado a médio e longo prazo”, diz Varella.

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Para o médico, é preciso criar critérios clínicos para essas internações, assim como funciona em um hospital. “Não são todas as pessoas que chegam na emergência que vão para a UTI, por exemplo. No caso da Cracolândia, o pensamento deve ser o mesmo: essas internações só devem ocorrer quando a pessoa corre risco eminente de morte. Do contrário, existem outros meios”, concluiu.

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