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Debate tem nacionalização da disputa e confronto entre Haddad e Rodrigo

Tarcísio provocou Rodrigo sobre obras paradas e relação com João Doria; debate teve discussão sobre vacina e corrupção e citações a Lula e Bolsonaro

Por Hyndara Freitas
Atualizado em 14 set 2022, 01h01 - Publicado em 14 set 2022, 00h52

O segundo debate entre candidatos ao governo de São Paulo teve confrontos diretos entre Fernando Haddad (PT), Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Rodrigo Garcia (PSDB), os três primeiros colocados nas pesquisas de opinião mais recentes, Elvis Cezar (PDT) e Vinícius Poit (Novo), e citações ao presidente Jair Bolsonaro (PL), ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deram um tom de nacionalização aos embates.

Haddad e Rodrigo protagonizaram um dos embates mais fortes da noite, quando um jornalista questionou o atual governador sobre seu irmão, Marco Aurélio Garcia, que foi condenado por lavagem de dinheiro no esquema conhecido como máfia do ISS na capital paulista. Rodrigo disse que “ninguém é responsável por irmão” e só é responsável pelos seus próprios atos. “É fundamental a gente poder separar as coisas, eu não tenho negócios com ele, ele é meu irmão e ele que pague pelos seus atos”, afirmou.

Haddad disse que concordava parcialmente, que ele não poderia responder pelo crime do irmão, mas destacou que você estava “a poucos metros da sala onde seu irmão agia criminosamente”, fazendo alusão ao fato de que, durante parte da gestão de Gilberto Kassab (PSD) na Prefeitura, Rodrigo foi Secretário Especial de Desburocratização do município. “Para quem tem por slogan proteger São Paulo, será que não é ocaso de perguntar: um irmão seu, a poucos metros de distância, você tendo o dever de proteger a prefeitura de São Paulo na gestão Kassab isso acontecer é uma coisa que chama a atenção e justifica a pergunta”, falou Haddad.

Rodrigo então subiu o tom do debate e rebateu citando os escândalos de corrupção do PT. “É a mesma coisa de eu dizer para você que você tinha que ter cuidado do erário quando você foi ministro do Lula, o mensalão começou no governo que você participou. Nós tivemos os maiores escândalos de corrupção no Brasil no seu partido, e nem por isso eu acuso você pessoalmente de qualquer malversação de serviço público, eu penso que você é uma pessoa correta. Não venha querer transferir para outros um problema que não é meu, como provavelmente o mensalão, o petrolão, não foi problema meu”, falou.

Tarcísio também focou os ataques no tucano, que foi o principal alvo da noite. Em um momento, o candidato do Republicanos convidou o espectador a “dar uma busca no Google por ‘painéis de obras paralisadas de São Paulo’ do site do Tribunal de Contas do estado de São Paulo”. Rodrigo respondeu dizendo que se houvesse um site de obras concluídas no estado de São Paulo ou em andamento, “teria muito mais informação”, e fez questão de se justificar: “Um estado deste tamanho sempre enfrenta dificuldades com obras públicas, é empreiteira que abandona obra, é serviço mal feito, e toda vez que a gente tem que fazer uma relicitação, muitas vezes a empreiteira vai para a Justiça e leva um, dois, três anos para conseguir relicitar. O Tarcísio fica falando esse monte de número, até parece que as obras aqui de SP tem alguma ajuda dele ou do governo dele, mas não tem. São obras com os recursos do orçamento de São Paulo”.

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Tarcísio então provocou o adversário destacando uma suposta contradição na forma como Rodrigo trata João Doria, seu antecessor. “Eu sempre fico com dúvida, porque uma hora é ‘nós fizemos’ a entrega do governo Doria, outra hora ‘eu assumi agora e não sabia o que estava acontecendo’, tava hibernando. Eu tenho sempre essa dúvida existencial do que você estava fazendo ou não”.

Doria, aliás, foi citação recorrente no debate, mas Rodrigo tentou se desvencilhar. “Não falo de João Doria, não falo de candidatos, porque eu não tenho padrinho político”, falou. Em outro momento, porém, defendeu a medida do seu antecessor de aumentar impostos durante a pandemia afirmando que “era necessário” na ocasião.

Outro aliado político citado em diversas oportunidades foi Jair Bolsonaro: Tarcísio fez questão de exaltar os feitos do presidente da República, principalmente na economia e na infraestrutura, pasta da qual era titular, e repetiu a cartilha bolsonarista sobre a vacina, defendendo que “ninguém deve ser obrigado a se vacinar”. Por outro lado, Tarcísio citou bons exemplos de incentivos à cultura financiados pela Lei Rouanet que existem em São Paulo – Bolsonaro costuma atacar a lei.

Assim como no primeiro debate, realizado em agosto pela Band, Elvis Cezar (PDT) usou suas perguntas e respostas para destacar seus feitos em Santana de Parnaíba, cidade da Zona Oeste da região metropolitana da qual ele foi prefeito de 2014 a 2021.  “Eu congelei por sete anos o IPTU na cidade”, falou. Dele também veio um alívio cômico no debate: quando teve a chance de perguntar para Rodrigo Garcia, questionou sobre o aumento de impostos da gestão Doria em 2020 e 2021.

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“Os economistas, em tempo de pós-guerra, e nós estamos vivendo um tempo de pós-guerra, que é o pós-Covid, dizem que o estado é o estimulador da economia. Mas você e o João Doria fizeram tudo diferente, aumentaram o imposto do leite das nossas crianças, aumentaram o imposto da carne da mesa do trabalhador paulista, aumentaram o imposto dos remédios dos nossos idosos, aumentaram o IPVA, aumentaram tanto os impostos, e aí eu fico em dúvida com 54 bilhões de reais no caixa, qual modelo do seu governo? É só no nosso?”, perguntou, arrancando risadas da plateia e também de Garcia.

Vinícius Poit (Novo), por sua vez, atacou a “corrupção do PT” e de Lula quando se dirigiu a Haddad, disse que o partido “engana e mente para a população” e perguntou se o petista “vai encarar essa realidade ou continuar no mundo de faz de conta do PT”. Em outro momento, defendeu a cobrança de mensalidades em universidades públicas por estudantes de alta renda e exaltou o empreendedorismo. O candidato do Novo também fez questão de exaltar sua vice, Doris Alves (Novo), uma mulher negra.

O próximo debate entre candidatos a governador de São Paulo será realizado neste sábado (17), por VEJA, SBT, O Estado de São Paulo, Terra e Nova Brasil FM, a partir das 18h30.

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