Um dos mais consagrados profissionais do vinho no país, Manoel Beato entrou nesse universo por acaso. Nascido em Vera Cruz, no interior do estado, ele veio para a capital depois de abandonar o curso de letras na Unesp de Assis. Em São Paulo, começou a trabalhar como garçom e deu expediente no hotel Maksoud, uma referência de luxo na época. Logo depois, migrou para o Saint Germain, restaurante que funcionava nos Jardins. Ali, Beato se viu pela primeira vez girando uma taça para liberar os ricos aromas da bebida. “Comecei a cuidar da adega, que tinha até Romanée Conti. Foi uma paixão fulminante”, diz.
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Como a bibliografia sobre o tema na época era escassa, ele raspou a poupança e pôs o pé no avião. Rumou para a Europa e fez escalas em Portugal e na França. Na região da Borgonha, foi colher uvas na propriedade de Jayer-Gilles, renomado produtor de Échezeaux. De volta a São Paulo, Beato participou da primeira turma da Associação Brasileira de Sommeliers — São Paulo, em 1989.
A grande virada em sua carreira viria em 1992, quando ele ingressou no Fasano, o mais premiado e classudo restaurante italiano da cidade. De aprendiz, Beato tornou-se mestre. Além de ministrar cursos, escreveu um guia de vinhos e enveredou pelo mundo das aguardentes brasileiras ao lançar, neste ano, o livro “Cachaça”, prefaciado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Craque do saca-rolhas, ele calcula provar cerca de 14.000 amostras da bebida a cada ano. Pode haver aí um certo exagero (seriam uns quarenta testes diferentes por dia), mas ele não se dá por vencido: como um dos seus ídolos, o crítico americano Robert Parker, afirma que consegue guardar na memória boa parte desses tonéis de fermentados.