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Os novos planos de Casagrande ao chegar aos 60 anos

Ex-jogador quer ir além do comentário esportivo e tem planos de produzir shows para homenagear ícones da música e montar casa de apoio a dependentes

Por Clayton Freitas
7 abr 2023, 06h00
Cenário: Casagrande remodelou sala para apresentar programas
Cenário: Casagrande remodelou sala para apresentar programas (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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Às vésperas de completar 60 anos, no próximo dia 15 de abril, o ex-jogador de futebol e comentarista Walter Casagrande Júnior afirma que nunca deixará de ser jovem. “Jovem está na alma, nas ideias, na mente da pessoa. Eu vou ser eternamente jovem. Não importa se eu vou fazer 60 anos. A minha cabeça é de 19, 20, 22 anos”, afirma. Essa energia e inquietude já foram demonstradas de muitas maneiras, do movimento Democracia Corinthiana a falas consideradas polêmicas. Agora, está direcionada a novos e bons planos. Um deles é se dedicar mais à produção cultural. “Eu tenho uma trilha sonora na minha cabeça, seja escrevendo, conversando, tem música na minha cabeça”, afirma Casagrande, sobre a paixão pela música, que nutre desde cedo. Outro dos projetos é tentar ajudar dependentes químicos a se livrarem do vício. “Eu quero usar minha história, a minha recuperação, para incentivar essas pessoas e tentar levá-las para uma outra estrada”, afirma, sobre o plano de criar uma espécie de núcleo de atendimento de serviços, que foque na autoestima dos dependentes químicos, sobretudo os que estão nas ruas.

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Com nítido brilho nos olhos, Casagrande fala de realizar mais eventos para homenagear grandes nomes da música e relembra que chegou a ser produtor de shows de Raul Seixas em 1983, com a Casagrande Promoções Artísticas, criada por ele aos 19 anos, já quando era um ídolo do futebol. A experiência, porém, não foi nada exitosa, conforme ele mesmo já reconheceu. Desta vez a ideia é repetir o sucesso da parceria que fez com o maestro João Carlos Martins em 2018, num projeto batizado de Adonirando, que homenageou o autor de Trem das Onze. À época, eles conseguiram reunir nomes como Baby do Brasil, Arrigo Barnabé, Rappin’ Hood, Nasi, Kiko Zambianchi, Simoninha e a Orquestra Bachiana Filarmônica SESI-SP em um show concorridíssimo realizado no Theatro Municipal. Neste ano, a primeira ideia é colocar de pé um show no dia 13 de julho, para comemorar o Dia Mundial do Rock. A lista ainda inclui homenagens a Luiz Gonzaga, Belchior e Guilherme Arantes. “Eu e o Casão jamais faremos um projeto desses para termos resultados financeiros. É baseado no idealismo dos artistas”, diz o maestro João Carlos Martins, que receberá o ex-jogador para um jantar em sua casa para detalharem o projeto ainda neste mês.

Tocha Olímpica João Carlos Martins e Casagrande
Tocha Olímpica João Carlos Martins e Casagrande (Comitê Rio 2016/Reprodução)

Paulistano da gema nascido no Ipiranga mas criado na Penha, Casagrande mantém hábitos simples, bem diferentes da vida badalada e cheia de compromissos da época de jogador e depois comentarista da TV Globo. “Estou muito tranquilo”, afirma. Além de caminhadas regulares no Parque Ibirapuera, sai de casa apenas para treinar musculação, fazer tratamentos médicos e estéticos — emagreceu 7 quilos só no último mês — e idas ao teatro, cinema, museus e shows, além demarcar cafés com amigas. Um dos restaurantes prediletos de Casão é o Dona Felicidade, na Lapa.

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O ídolo do Corinthians e de tantos brasileiros já emocionou muita gente ao falar abertamente sobre sua experiência de vida com a dependência química, como fez em 2018 na Copa da Rússia, em que comentou como era passar uma “Copa sóbrio”. A declaração levou o amigo Galvão Bueno às lágrimas. “Eu não bebo, não fumo, não faço nada. Eu não tenho mais estratégia, porque eu conquistei uma coisa que é gostar de mim e conseguir ficar sozinho”, afirma, quando questionado se teve recaídas. Uma das atividades que ele desempenha é dar palestras sobre sua experiência. Depois de muito conversar com os profissionais de saúde que o atendem, decidiu levar a ideia de criação de um centro de atendimento para dependentes químicos que vivem nas ruas de São Paulo a Aloizio Mercadante, atual presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e uma das pessoas mais próximas do presidente Lula. A conversa, segundo Casagrande, ocorreu quando ele foi convidado pelo PT para disputar uma vaga no Senado nas eleições de 2022, proposta que não aceitou. “Eu não nasci para a política”, diz. Entretanto, ele quer aproveitar essa proximidade para emplacar o projeto. Em linhas gerais, o que pensa é conseguir apoio governamental para criar um núcleo de atendimento que ofereça serviços para mudar a autoestima desse público. “Um lugar em que eles possam tomar banho, fazer a barba, cortar o cabelo, se tratar com um dentista. Você não consegue desenvolver nada se estiver com a autoestima baixa”, afirma.

Casagrande diz que uma de suas principais características é não se prender a nada, apesar de respeitar os compromissos de escrever as colunas para o UOL e também participar de programas no portal. Com isso, não descarta convites para o streaming, mesmo que venham de eventuais concorrentes do amigo Galvão Bueno, como Casimiro Miguel, da Cazé TV, que comprou os direitos de transmissão da Copa do Mundo Feminina de Futebol de 2023. “Eu sou livre, bicho”, reforça.

“Álbum do Casão”

Confira abaixo algumas imagens que mostram alguns momentos da vida do ex-jogador.

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Infância

Casagrande aos 6 anoscom o pai, Walter:

Casagrande aos 6 anos com o pai, Walter: bolas eram feitas de meias para não danificar os móveis da casa onde morava

Pais

Casagrande com seus pais, Zilda e Walter Casagrande

Uma das tristezas do ex-jogador é sua mãe, Zilda (que o beija), ter morrido, em 2013, sem vê-lo sóbrio; do outro lado está o seu pai, Walter

Possante

Primeiro carro de Casão foi um Chevette
Primeiro carro foi o Chevette que ganhou de presente do presidente do time da Caldense, de Poços de Caldas (MG), quando ele tinha 18 anos de idade. Ele colocava as músicas de Raul Seixas no toca-fitas para ouvir com amigos (Arquivo Pessoal/Reprodução)
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Primogênito

Casagrande com o filho Vitor Hugo
Casão segura no colo Victor Hugo, o primeiro dos seus três filhos. Ele só pode ver o então bebê dois dias depois do seu nascimento, já que estava em Budapeste para participar, no dia seguinte, do jogo da Seleção Brasileira contra a Hungria, em preparação para a Copa do Mundo de 1986, no México (Arquivo Pessoal/Reprodução)

“Vovô Casão”

Casagrande com os filhos e netos
“Vô Casão”: Victor Hugo com o filho Davi e os irmãos Symon (de verde) e Ugo Leonardo (de barba). O “homem-aranha” é Henrique, outro neto, filho de Victor (Arquivo Pessoal/Reprodução)

Amigos

Casagrande com o amigo Luiz Carlini no restaurante Dona Felicidade
Casagrande com um dos seus grandes amigos, o músico Luiz Carlini,  no restaurante Dona Felicidade, na Lapa, um dos prediletos do ex-jogador. Carlini, do lendário grupo de rock Tutti Frutti, ajudou Casão a comprar a sua guitarra Gibson (Arquivo Pessoal/Reprodução)

Futebol de várzea

Casagrande em viagem com o time de várzea Veneno Show
Veneno Show, que tinha como símbolo uma caveira, era o time de várzea que reunia amigos de Casagrande. Na foto eles estão em viagem que faziam anualmente para Silveiras, no interior de São Paulo.  Cadê o Casão? É o de óculos escuros olhando para o lado. (Arquivo Pessoal/Reprodução)

Democracia Corinthiana

Juninho, Alfinete e Casagrande do Corintihians, entrando em campo com a faixa
Juninho, Alfinete e Casagrande do Corinthians, entrando em campo com a faixa “Ganhar ou Perder, Mas Sempre Com Democracia”, em jogo da final do Campeonato Paulista contra o São Paulo, no Estádio do Morumbi. Juninho, Alfinete e Casagrande do Corintihians, entrando em campo com a faixa “Ganhar ou Perder, Mas Sempre Com Democracia”, em jogo da final do Campeonato Paulista contra o São Paulo, no Estádio do Morumbi. Democracia Corinthiana também contava com Sócrates, Zenon e Wladimir (Irmo Celso/Abril/Reprodução)
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Dupla com o Doutor

Um dos principais parceiros em campo de Casagrande foi Sócrates. Ele é tema de um dos três livros do exjogador, lançado em 2016. Em uma carta publicada no The Players’ Tribune, em 2021, ele lembrou do atrito entre eles
Um dos principais parceiros em campo de Casagrande foi Sócrates. Ele é tema de um dos três livros do exjogador, lançado em 2016. Em uma carta publicada no The Players’ Tribune, em 2021, ele lembrou do atrito entre eles (Amancio Chiodi/Abril/Reprodução)

Comentarista

Um ano depois de ter deixado os gramados de forma oficial, em 1997, Casagrande foi convidado pela TV Globo para ser comentarista ao lado de Galvão Bueno, onde permaneceu até 2022
Um ano depois de ter deixado os gramados de forma oficial, em 1997, Casagrande foi convidado pela TV Globo para ser comentarista ao lado de Galvão Bueno, onde permaneceu até 2022 (Divulgação/Reprodução)

Saúde

Casagrande costuma fazer caminhadas no Parque do Ibirapuera
Ex-jogador faz caminhadas regulares no Parque Ibirapuera, um dos seus pontos prediletos; ele também faz tratamentos médicos –emagreceu sete quilos em um mês– e faz acompanhamento regular com terapeutas (Arquivo Pessoal/Reprodução)

ImprovisoCasagrande participa dos programas da TV UOL da sala sua casa, que virou espécie de estúdio

Ex-jogador fez uma reforma na sala de sua casa e, em uma das paredes, colocou quadros de seus ídolos do rock. O local serve de cenário de fundo para as participações que ele fazia nos programas de TV e faz agora na TV UOL

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Carreira no futebol

Apesar de ser associado muitas vezes só ao Corinthians, Casagrande jogou em outros oito clubes, sendo três deles estrangeiros. Após participar de cerca de 550 partidas de futebol onde fez 220 gols (números aproximados), ele se aposentou, aos 32 anos, depois de atuar como profissional durante catorze anos
Apesar de ser associado muitas vezes só ao Corinthians, Casagrande jogou em outros oito clubes, sendo três deles estrangeiros. Após participar de cerca de 550 partidas de futebol onde fez 220 gols (números aproximados), ele se aposentou, aos 32 anos, depois de atuar como profissional durante catorze anos (Arte/Veja SP)

Publicado em VEJA São Paulo de 12 de abril de 2023, edição nº 2836

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