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Caçadores de obras em São Paulo

Com a orientação de consultores, leigos passam a investir dinheiro em coleções particulares

Por Ricky Hiraoka
Atualizado em 5 dez 2016, 17h16 - Publicado em 6 abr 2012, 09h01

Desde 2010, São Paulo ganhou pelo menos cinco novas galerias de arte contemporânea. Nesse período, o volume de vendas no mercado nacional cresceu incríveis 44%, segundo levantamento da Abact, entidade que monitora 32 endereços do setor, dezessete deles na capital paulista. Além da boa fase econômica do país, que impactou positivamente os números, especialistas comemoram o aumento no interesse do público. “Esse era um mundo distante da maioria das pessoas”, afirma Marília Razuk, dona há vinte anos de um espaço com seu nome no Itaim. “Hoje há mais informação disponível sobre o assunto e o receio diminuiu muito.”

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O bom momento movimentou bastante os negócios de um grupo seleto de profissionais na metrópole: os consultores de arte. Muitos dos neófitos no assunto jamais vão às compras sem sua assessoria. São eles que contextualizam a relevância de cada obra, orientam escolhas e sugerem o investimento em trabalhos com maior potencial de valorização, entre outras coisas. “Dou uma aula e depois acompanho o cliente até ele encontrar o que deseja”, diz Claudia Picciotto, de 35 anos, uma das mais requisitadas desse circuito. A exemplo de outros colegas, ela recebe uma comissão de 10% por obra indicada. “Dou a segurança para que eles apliquem o dinheiro com tranquilidade”, completa ela, que cursou faculdades de arquitetura e de história da arte.

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Nem todos os que atuam no ramo tiveram formação acadêmica ligada diretamente ao negócio. Com uma década de atuação na área, Daniela Séve Duvivier trabalhava como assistente de estilista antes de se tornar consultora. “Convivo com o assunto desde a infância, pois minha família tinha uma galeria no Rio de Janeiro”, diz. Daniela enxerga uma mudança no comportamento dos consumidores nos últimos anos. “As pessoas entenderam que arte é um investimento seguro e estão comprando cada vez mais”, afirma. “Quem pagava 20.000 reais por uma tela hoje gasta o triplo”, exemplifica ela, que atendia doze pessoas em 2002 e viu esse contingente subir para 200 em 2011. Além de auxiliarem os leigos, os profissionais são acionados por colecionadores que buscam uma obra específica. “Já intermediei a aquisição de uma pintura do venezuelano Carlos Cruz-Diez por 700.000 dólares sem que o interessado nem visse pessoalmente o quadro”, conta Daniela.

A nova tendência do perfil da clientela envolve jovens na faixa dos 30 anos de idade que procuram peças de autores desconhecidos com a esperança de valorização no futuro. “Esses são compradores mais ousados, bem informados e que desejam algo de sua própria geração”, explica Ana Letícia Fialho, consultora de inteligência da Associação Brasileira de Arte Contemporânea (Abact). É o caso da dona de casa Monica Horn, de 33 anos, que procurou os serviços de Karina Pasmanik em 2002 para adquirir cinco quadros por questões meramente estéticas. Há um ano, porém, quando mudou de casa, optou por fazer um investimento. “Percebi que isso pode ser rentável e apliquei meu dinheiro”, diz ela, que adquiriu cinco telas, três fotografias e uma escultura com a ajuda da consultora, mas não diz quanto desembolsou.

Valores nesse mercado, aliás, são quase um tabu. Clientes não revelam quanto gastam e galeristas não contam quanto faturam. O único dado relacionado às cifras do negócio divulgado pela Abact diz respeito à venda de obras brasileiras para o exterior. No ano passado, cerca de 60 milhões de dólares entraram no país dessa forma, contra 38 milhões em 2009. “Essa evolução deve continuar”, aposta Ana Letícia, da Abact.

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