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Bombeiros passam a usar máquinas pesadas para retirar escombros de prédio

A decisão de mudança de estratégia foi tomada por especialistas da corporação

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 3 Maio 2018, 09h08 - Publicado em 3 Maio 2018, 09h06
Escombros do prédio que desabou no centro (Reprodução / Bombeiros/Veja SP)
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Quarenta e oito horas após o incêndio que consumiu e derrubou o edifício Wilton Paes de Almeida, no centro de São Paulo, o Corpo de Bombeiros começou a usar, na madrugada desta quinta-feira (3) máquinas pesadas para retirar escombros da região central do terreno, visando a tornar mais ágil a atividade de busca por vítimas. Até agora, essas máquinas faziam a limpeza do entorno da área, enquanto buscas manuais e com cães farejadores eram realizadas.

A decisão de mudança de estratégia foi tomada por um colegiado de especialistas da corporação e segue, segundo eles, protocolos internacionais de buscas em estruturas colapsadas. Às 3h30 desta quinta, a retroescavadeira, que até então havia passado a noite alimentando caçambas, foi reposicionada e começou a puxar para a rua pedaços grandes do amontoado de entulho formado pela queda dos 26 pavimentos. 

Outra máquina pesada agia em outra frente, próximo a um templo da igreja Luterana, que também teve a estrutura afetada pelo desabamento.

“A estratégia mudou. Já se passaram mais de 48 horas desde o início das buscas e protocolarmente é aceito o uso de maquinário pesado. A decisão ocorre pra que possamos retirar escombros com mais energia e velocidade”, disse o capitão Robson Mitsuo, que comandava a operação durante esta madrugada.

“Isso não quer dizer que não vamos ter cuidado com as vítimas. As equipes estão dispostas no terreno, acompanhando o trabalho e ao sinal de qualquer vítima, as máquinas vão parar para que o resgate possa atuar”, acrescentou.

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Os bombeiros consideram que quatro pessoas podem estar sob os escombros. Além de um homem identificado como Ricardo, que caiu durante a tentativa de resgate na madrugada da terça-feira, parentes relataram que uma mulher com os dois filhos também estaria no local no momento do desabamento.

Outros quarenta moradores ainda têm paradeiro desconhecido, mas não havia confirmação de que estavam no local na hora do acidente. Ainda assim, os bombeiros consideram baixas as chances de encontrar algum morador com vida. “É muito improvável isso ocorrer. Vamos manter as esperanças, mas são condições incompatíveis com a vida”, disse o capitão.

Mitsuo esclareceu que equipes dos bombeiros chegaram nesta quarta-feira ao subsolo do edifício, onde havia a expectativa de ter sido mantido uma espécie de bolsão de sobrevivência, menos afetado pela queda total da estrutura. Mas essa possibilidade restou descartada. “Furamos duas paredes de concreto e constatamos que as lajes estão praticamente coladas, descartando a possibilidade de existir um bolsão vital”, disse.

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Os trabalhos com as máquinas pesadas devem se estender ao longo desta quinta, podendo chegar até a próxima terça-feira, dia 8, de acordo com previsões iniciais da corporação. Simultaneamente à remoção dos escombros, bombeiros continuam jogando água sobre a estrutura, numa atividade de resfriamento. 

Na madrugada desta quinta, pequenos focos de incêndio voltaram a aparecer, mas o capitão Mitsuo disse ser uma característica normal desse tipo de incêndio. “O material inflamável permanece entre as camadas de laje e isso só vai cessar no final da operação.”

Ao menos uma dezena de caminhões-caçamba da Prefeitura e de empresas contratadas foram carregadas com entulho durante a atividade de limpeza do entorno na noite desta quarta. Com os braços sobre a grade que serve de divisória para a área de segurança, Ana Paula Aparecido, de 30 anos, assistia a tudo de perto. Estava no prédio quando o incêndio começou, um andar acima da suposta briga no 5º andar que levou ao início das chamas.

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“Ouvi o povo gritando e alertando sobre o incêndio”, contou. Deu tempo de pegar a filha de 1 ano e descer com o marido pelas escadas. De baixo, na praça, se impressionou com a imagem do desmoronamento. “Agora vou ficar aqui até ver os bombeiros resgatarem o último. Eram amigos nossos e a gente merece essa satisfação de saber quem estava lá”, disse Ana. Para pagar os R$ 200 que era cobrado pelo andar que ocupava com outras quinze famílias, ela vende Trident e Halls na Avenida Paulista.

 

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