Bares e restaurantes apostam em tablets e aplicativos
A temakeria Dojô, no Tatuapé, permite que o cliente faça o pedido pelo celular, sem intermediários
Fã de temakis, a dentista Ingrid Detilli gosta que seu cone venha recheado com salmão batido, cebolinha e cream cheese. Para acompanhar, suco de laranja sem gelo. “Quando passo esses detalhes para algum garçom, sempre tenho medo de que ele anote alguma coisa errada”, conta.
Desde agosto do ano passado, com a inauguração da temakeria Dojô, no Tatuapé, Ingrid janta mais tranquila. O endereço disponibiliza um aplicativo em que cada cliente escolhe pelo celular ou tablet todos os detalhes do que pretende pedir. As informações vão direto para a cozinha, sem intermediários. “É muito mais prático e rápido. Espero que um dia possa usar esse sistema em todos os estabelecimentos”, diz a dentista, que se tornou frequentadora assídua do local.
Diversos bares e restaurantes da cidade já oferecem aplicativos com serviços variados para atrair e facilitar a vida da clientela (veja no quadro abaixo). Um dos últimos a ingressar na lista foi o japonês Kabuki. Inaugurada há quase um mês, a casa apostou em um sistema quase idêntico ao da temakeria Dojô.
Dentro desse universo tecnológico, os programas para delivery estão entre os que fazem mais sucesso. Mais de dez endereços possuem o sistema. A proposta é substituir a ligação (e as insuportáveis musiquinhas de espera) por alguns cliques. No aplicativo, disponível para iPhone e Android, é possível escolher o prato, efetuar o pagamento e ainda acompanhar o status da entrega. “Peço pizza por esse método todos os domingos e é ótimo saber se meu jantar se encontra a caminho ou ainda está no forno”, conta o publicitário Mentor Neto, que faz encomendas na Bráz de Moema.
Mais de 20 000 pessoas efetuaram o download da ferramenta. “É um mercado em plena expansão. Recebemos pedidos para novos programas todas as semanas”, explica Felipe Fioravante, CEO da Ifood, responsável pelo desenvolvimento do software. “Gastamos mais de 1 milhão de reais com essa plataforma.” A empresa cobra, em média, 10% dos lucros do restaurante com o serviço para oferecer o sistema. Para os consumidores não há custo extra.
Outras formas comuns de usar a tecnologia como tempero para o negócio são as cartas de vinho em tablets, que trazem vantagens como sugestões de harmonização, por exemplo, e também versões digitais dos cartões de fidelidade, que premiam os consumidores mais assíduos.
Um pouco mais sofisticado é o aplicativo Snappin. Ele permite que os clientes paguem a conta de bares e baladas sem precisar pegar a fila do caixa. “Além de diminuir o tumulto na saída, evito que espertinhos tentem negar o valor consumido”, diz Alexandre Dias, sócio da She Rocks, no Itaim, e um dos criadores do software. “Hoje, estamos presentes em doze casas.”
Tanta modernidade acaba se tornando uma ameaça à mão de obra tradicional. “Em breve, pretendo dispensar uma das caixas”, planeja Dias. A temakeria Dojô deixou de contratar dois garçons, que acabaram sendo substituídos pelo aplicativo. “Estamos acuados”, admite Carlos Lima, que há trinta anos equilibra bandejas na cantina Jardim de Napoli, em Higienópolis. “O jeito é exagerar na simpatia. Uma máquina nunca será capaz de receber alguém com carinho.”