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“A direita é violenta e injusta”, diz arcebispo em missa de Aparecida

Celebração foi realizada na Basílica Nacional; Dom Orlando Brandes ainda falou sobre corrupção e tradicionalismo

Por Redação VEJA São Paulo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 14 fev 2020, 15h55 - Publicado em 12 out 2019, 13h50
Dom Orlando Brandes: religioso faz sermão sobre Amazônia, política e corrupção (Reprodução TV Aparecida/Veja SP)
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Responsável por celebrar a missa da padroeira na Basílica Nacional de Aparecida, neste sábado (12) o arcebispo Dom Orlando Brandes usou o momento da homilia para pedir a proteção da Amazônia, defender “a vida” e criticar escândalos de corrupção. Dom Orlando ainda falou ainda sobre “dragão do tradicionalismo” e classificou a direita como “violenta” e injusta”.

O celebrante contextualizou a fala dizendo que “nas escrituras, o dragão é o demônio, é o diabo, é o mal que desorganiza tudo. Satanás também tem as suas comunidades, grupos do mal, que tentam e atentam contra a vida.” Na sequência afirma que “temos um dragão do tradicionalismo. A direita é violenta, é injusta, estamos fuzilando o papa (Francisco), o Sínodo (da Amazônia), o Concílio do Vaticano II, parece que não queremos vida”.

O religioso ainda citou mortes de crianças por balas perdidas e fez uma crítica ao aborto. “Benditas sejam todas mães grávidas e que defendam a vida, e a levem dignamente até o fim“, disse. Ao fim da celebração, o arcebispo voltou a falar sobre a região Amazônica.  “A Amazônia é do Brasil, a Igreja se colocou contrária a grupos transnacionais interessados na internacionalização da Amazônia. Pelo fato de a Amazônia ser nossa, temos que cuidar de quem mora lá”, afirmou o religioso que trabalhou em projetos sociais na região. Ele explicou que a Amazônia está sendo corrompida sob a exploração dos recursos naturais e a exploração sexual da comunidade ribeirinha.

Após sua fala, Dom Orlando Brandes passou a ser atacado nas redes sociais. Chegou a ser chamado de “satanás travestido”, “excomungado e maldito”.

Mais de 40 000 fiéis acompanharam a missa principal. Sem espaço vazio dentro do Santuário Nacional, muitos romeiros acompanharam o culto do lado de fora da basílica. De acordo com o templo católico, mais de 170 000 pessoas devem visitar a imagem da santa neste sábado.

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) é esperado para a missa das 16 horas. Segundo o arcebispo, não há encontro oficial agendado com a Igreja. Dom Brandes é quem vai celebrar a missa e se dispôs a receber o presidente caso surja o pedido.

Confira um trecho do sermão da Missa matinal:

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Primeira leitura: órfã, adotada, pobre e principalmente, vivendo fora do seu país. Exilada e se tornou rainha, esperança para os pobres, esperança para os pequenos porque ela, pequenina, se tornou então rainha do Brasil. E é a Estér que hoje pede ao rei e nós aqui com Maria Rainha do Brasil pedimos a mesma coisa:

Eu peço a vida do meu povo, não há um pedido maior, para um coração de mãe, do que dar a vida, querer a vida e ser a mãe daquele que disse “Eu trouxe e quero vida plena para todos”. Portanto, é festa da vida e na salve rainha nós rezamos assim “Mãe de misericórdia, movei para nós o vosso olhar, porque sois a nossa vida, nossa doçura, nossa esperança. É claro, se trouxe vida para Jesus, quero a vida de todos os seguidores de Jesus e de toda humanidade também porque ela ela foi dada como mãe para o mundo inteiro.

Mãe Aparecida, precisamos sim da vida ecológica, da vida natural, da casa comum, bendito seja o Sínodo da Amazônia, que está pensando na vida daquelas árvores, daqueles rios, daqueles pássaros, mas principalmente daquelas populações. Muitos de nossos parentes estão lá.

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A mãe quer vida intrauterina, porque ela é a Imaculada Concepção, concebeu Jesus, bendita sejam todas mães grávidas e que defendam a vida, e a levem dignamente até o fim. Mãe querida, ajudai-nos a ter uma vida de fé. A vida de Jesus faça parte da nossa vida, que cada um de nós possa viver a vida de Jesus através de Maria e a vida eterna. É claro que tu estás coroada, com essa coroa tão simbólica, que vai ser a nossa coroa final. Todos seremos coroados, principalmente se dermos vida a quem tem fome, a quem é peregrino, a quem está preso como nos ensinou nosso senhor Jesus Cristo, rei da vida. Trouxe o reino da vida.

Irmãos e irmãs pé a festa da vida, mas a vida não está sendo protegida. A segunda leitura mostrou o dragão. É claro que nas escrituras o dragão é o demônio, é o dragão, é o diabo, é o mal que se organiza no mundo.

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Jesus disse “Satanás também tem suas comunidades, grupos do mal e que tentam e atentam contra a vida. Livrai-nos do mal e nós então livramos a vida para que inclusive, para que no Brasil, nossas crianças não morram mais de uma bala perdida, nossos jovens não se suicidem e nossos idosos tenham lugar de dignidade para viver e sobreviver.

Ela é cheia de graça viemos ao santuário e os que descem até o confessionário lá recebem a vida de Jesus ressuscitado, pelo perdão dos pecados.

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Temos o dragão do tradicionalismo. A direita é violenta, é injusta, estamos fuzilando o Papa, o Sínodo, o Concílio Vaticano Segundo. Parece que não queremos vida, o Concílio Vaticano segundo, o evangelho, porque ninguém de nós duvida que está é a grande razão do sínodo, do concílio, deste santuário, a não ser a vida, como já falei.

Ah, e aquele dragão, que ainda continua, estão sendo facilitados agora os caminhos, do dragão da corrupção, que tira o pão da nossa boca e aumenta as desigualdades sociais, que a mãe não pode ficar alegre com filhos desempregados, com filhos sofrendo uma violência injusta, com filhos e filhas não tendo nem como sobreviver cada dia, talvez até a cada minuto da vida. Dragão é o que não falta, mas a fé vence.

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Com Estadão Conteúdo

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