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No Ibirapuera, concessionária e antigo locador brigam por bikes

Urbia e FlavioBike travam batalha judicial e trocam acusações a ameaças

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 Maio 2024, 19h02 - Publicado em 17 dez 2021, 06h00
Imagem mostra bicicletas verdes com adesivo escrito "Flavio Bikes".
Bikes da Urbia e da Flavio: longas batalhas (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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Não tem sido nada bom o clima no Parque Ibirapuera, o mais importante e frequentado da metrópole. Não por causa das intempéries meteorológicas paulistanas ou quaisquer outros motivos relacionados ao tempo. A razão é o rentável serviço de aluguel de bicicletas.

De um lado está a FlavioBike, antiga permissionária do parque, que pretende continuar com os serviços de locação dos veículos de duas (ou três) rodas. Do outro aparece a Urbia, a concessionária que administra o local de 1,5 milhão de metros quadrados e requer a saída dessa empresa.

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No meio da discussão está um termo jurídico chamado direito de preferência. Segundo o contrato assinado entre Urbia e prefeitura, há dois anos, “será conferido aos permissionários o direito de preferência na continuidade do exercício de suas atividades nos pontos que atualmente ocupam, nas mesmas condições que forem oferecidas a terceiros”.

Imagem mostra dois homens de camiseta branca encostados em balcão verde. Ao fundo, várias bicicletas armazenadas.
Flavio (à esq.) e seu sócio, Elias: atuação desde 1994. (Alexandre Battibugli/Veja SP)

Ou seja, caso queiram continuar a trabalhar no mesmo lugar em que estavam antes da concessão, a FlavioBike e os demais trabalhadores, como os ambulantes que vendem água de coco, por exemplo, podem fazê-lo, desde que, em caso de proposta feita por terceiros, eles cubram as ofertas. “Foi o que fizemos, mas eles não aceitaram”, afirma Flavio Valdomiro, 43, há 24 anos alugando bikes no parque.

A oferta em questão foi de 29.000 reais por mês, mais 50% do faturamento, feita pela empresa Scoo. “Aceitamos essas condições, cobrimos a oferta e investimos mais de 1 milhão de reais na compra de novas bicicletas e na confecção de um aplicativo, como eles queriam, mas mesmo assim não nos deixaram trabalhar em paz.”

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A discussão foi parar na Justiça há um ano. Em maio de 2021, a juíza Ana Luiza Villa Nova, da 16ª Vara da Fazenda Pública, deu ganho de causa à FlavioBike e determinou que ela poderia continuar alugando os veículos para frequentadores do parque, desde que pagasse 22.000 reais mensais a título de outorga (até então desembolsava 16.000 reais por mês).

“Desde agosto eles deixaram de depositar o valor judicialmente”, garante Victor Pereira, diretor da Urbia. A outra parte nega e diz que deposita o valor mensalmente. No fim de novembro, em recurso na segunda instância, a maré virou e os desembargadores afirmaram que a FlavioBike, por estar em uma área de estacionamento, não poderia permanecer onde estava e, portanto, não lhe caberia mais direito de preferência.

Imagem mostra bicicletas da cor verde claro efileiradas. Ao fundo, árvores e pessoas caminhando.
Barracas da Ibira Bike: a cor da concorrência. (Alexandre Battibugli/Veja SP)

“Ele está irregularmente e deve sair imediatamente. Está operando à mercê da concessionária e iremos entrar com nova medida judicial caso ele não saia”, ameaça Pereira. A defesa dos antigos locatários do pedaço afirma que a manobra de incluir a história do estacionamento não deveria parar em pé, pois outros pontos do mesmo estacionamento, próximo ao portão 3, são locados para terceiros, como para escolas de formação de motociclistas e um laboratório de análises clínicas.

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Enquanto o processo corria, a parceria da Urbia com a Scoo foi descontinuada, e agora a operação da Ibira Bike é própria. São 500 unidades, incluindo veículos de duas e três rodas. Essa quantidade é menos da metade do que possui a FlavioBike, com 1.100.

Imagem mostra diversos motociclistas em formato de círculo sobre espaço de asfalto.
Motos de escolas: no mesmo estacionamento. (Alexandre Battibugli/Veja SP)

Outra diferença está no preço cobrado. Enquanto na FlavioBike o valor é de 7 reais (bikes) e 14 reais (triciclos) por hora, a Urbia cobra 10 e 20 reais pelo mesmo tempo No feriado de 7 de setembro, que teve bastante sol na capital, a fila de espera para locar bikes e triciclos na Ibira Bike passou de duas horas.

“Eles não têm condições de operar, não possuem mecânicos”, diz o dono da FlavioBike. “Cogitamos parar de funcionar por um dia, em algum fim de semana, só para eles e a população verem que a empresa deles não tem a mínima capacidade de trabalhar.”

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Ao mesmo tempo que se digladiam nos tribunais, os dois lados lançam acusações mútuas muito parecidas ou idênticas, como a que as bikes da concorrente são de má qualidade e chegaram a causar acidentes com frequentadores do parque.

Outra responsabilização alheia versa sobre o meio ambiente. Enquanto a Urbia diz que a FlavioBike lança óleo de correntes de bicicletas em uma pia, o empresário fala que a concessionária dispersa no ar fumaça de óleo diesel proveniente da reciclagem de materiais em um espaço ao lado do estacionamento do portão 3. A novela judicial e de pormenores promete novos capítulos.

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Publicado em VEJA São Paulo de 22 de dezembro de 2021, edição nº 2769

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