Isadora Duncan, na visão de Melissa Vettore e Elias Andreato, dança sobre a emotividade e a intuição
Na cena final, a atriz Melissa Vettore, como a bailarina americana Isadora Duncan (1877-1927), evoca a cantora Elza Soares em uma citação à música-título de CD “A Mulher do Fim do Mundo”, lançado em outubro passado. “Eu sou a mulher do fim do mundo, eu vou dançar, me deixem dançar até o fim”, diz ela, […]
Na cena final, a atriz Melissa Vettore, como a bailarina americana Isadora Duncan (1877-1927), evoca a cantora Elza Soares em uma citação à música-título de CD “A Mulher do Fim do Mundo”, lançado em outubro passado. “Eu sou a mulher do fim do mundo, eu vou dançar, me deixem dançar até o fim”, diz ela, trocando o verbo cantar pelo o da atividade exercida por sua personagem.
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A conexão, aparentemente forçada, se justifica pela linha adotada pelo diretor Elias Andreato, colaborador da dramaturgia concebida por Melissa, no desenho da montagem “Isadora”. No palco do Auditório Masp Unilever, Isadora Duncan, assim como Elza, é uma mulher incompreendida, sofrida desde a infância e que teve o talento reconhecido por causa da capacidade de explorar a intuição. Libertária por convicção, ela sempre fez questão de que a emoção estivesse sobreposta às formalidades técnicas em seu ofício.
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O ícone do balé ganha foco em uma fase decadente. O corpo não é o mesmo, as doses de álcool já chamam a atenção. De volta à França, depois de um período na Rússia, Isadora é procurada por um editor (interpretado por Daniel Dantas) interessado em publicar suas memórias. Os dois estabelecem um jogo de provocações, e a estrela repensa se algo ainda restou da imagem espontânea consagrada nos palcos. Desafiada pelo jornalista, a protagonista recorda suas origens, traz à tona a relação com os irmãos (representados por Patricia Gasppar e Roberto Alencar), a busca pelo sucesso sempre aliada ao prazer e a tumultuada vida amorosa.
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O recurso não é dos mais criativos – o uso da entrevista como elemento narrativo é bem recorrente no teatro. Porém, a energia do elenco, especialmente a de Melissa, tão emotiva na sua composição, conquista a cumplicidade da plateia, que também se surpreende com a encenação concebida por Andreato. Com a rara disposição para criar imagens, o diretor se apoiou fortemente no cenário de Marco Lima e nas projeções complementares para fazer o público entender um pouco mais da biografia da enfocada. O pianista Jonatan Harold executa a trilha sonora ao vivo (75min). 12 anos. Estreou em 20/5/2016.
+ Auditório Masp Unilever. Avenida Paulista, 1578, Tel. 3171-3267, Sexta e sábado, 21h; domingo, 19h30. R$ 40,00. IR. Até 31 de julho.
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