Melissa Vettore e o caminho para viver Isadora Duncan: “Eu me sinto uma aprendiz perto dessas mulheres”
Depois de interpretar a escultora francesa Camille Claudel (1864-1943), a atriz paulistana Melissa Vettore, de 43 anos, tomou gosto por transformar em teatro a vida de mulheres célebres. O seu foco, agora, é a bailarina americana Isadora Duncan (1877-1927), personagem central do espetáculo que Melissa prepara ao lado do diretor Elias Andreato e deve estrear […]
Depois de interpretar a escultora francesa Camille Claudel (1864-1943), a atriz paulistana Melissa Vettore, de 43 anos, tomou gosto por transformar em teatro a vida de mulheres célebres. O seu foco, agora, é a bailarina americana Isadora Duncan (1877-1927), personagem central do espetáculo que Melissa prepara ao lado do diretor Elias Andreato e deve estrear ainda no primeiro semestre de 2016.
Por que Isadora depois de Camille?
Foi uma ideia do Elias nos bastidores de “Camille e Rodin”. O meu aquecimento antes das apresentações é bastante corporal, sempre dei aula para atores e tive formação de dança. Um dia, ele comentou que minha expressão física lembrava o estilo da Marilena Ansaldi. Apesar da importância dela, nunca tive o prazer de vê-la em cena, mas me senti bastante elogiada. Alguns dias depois, Elias me ligou com uma série de ideias sobre a Isadora. Assim como no início do projeto de Camille, o “sopro” daquele nome aqueceu meu corpo inteiro e permaneceu em mim.
+ Leia perfil da bailarina e atriz Marilena Ansaldi.
De que maneira essa personagem já habitava sua vida?
Quando criança, eu fazia aulas de balé. Frequentei a escola da Ruth Rachou e tive aulas com a professora Penha, que nos dizia: “saltem, esse passo se chama Isadora”. Tenho a imagem clara dessas aulas, com as meninas correndo e saltando juntas pela sala de dança. Então, o nome dela foi, desde cedo, uma referência de fluidez, liberdade e alegria.
Qual é a diferença e o peso da responsabilidade ao viver uma personagem real?
A responsabilidade é encontrar a essência da artista e sua obra. Também é importante um olhar atual e isso eu aprendi isso com Elias. Ao fazer o recorte de uma vida, tudo vira poesia e ficção, então já é uma nova história. Meu interesse se relaciona com suas vidas. Eu me sinto uma aprendiz perto dessas mulheres, que costumam enfrentar a dor e a delícia da criação, o céu e o inferno do enfrentamento dos limites, da mudança de paradigmas na sociedade. Eu escolho algum traço essencial, político, artístico, algo que acredito ser fundamental para mim. Vejo também a loucura de cada uma, mas essa parte eu deixo para elas.
O sucesso de “Camille e Rodin” fez muita gente conhecer a história de vida e até a arte desses personagens. Você acha que um novo público pode redescobrir a arte e o papel social de Isadora?
Sim, acho. Isadora não é uma paixão só minha. Estabelecer essa troca é fundamental. Daqui para lá e de lá para cá. Isadora saiu dos Estados Unidos e foi até a Rússia, esteve no Brasil, era quase uma nômade. O importante é a mensagem forte de mudança que ela traz, a liberdade do corpo e a responsabilidade pela justiça social.
+ Leia crítica de “Camille e Rodin”.
Como será essa ação social paralela ao espetáculo?
Gosto de levar a experiência cultural completa, então, além dos workshops, debates e brochura com a pesquisa, vamos realizar um trabalho com as meninas da Instituição Santa Fé, em São Paulo. Isadora acreditava que as crianças eram a argila virgem, uma mensagem potente e que precisamos ouvir nesse país. Ela teve uma escola, e as alunas que vinham de uma situação de pobreza se transformavam com a dança, eram as Isadorables. O nosso trabalho com as meninas, vai ter essa licença poética, de trazer coisas belas.
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