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Por Arnaldo Cheixas
Terapeuta analítico-comportamental e mestre em Neurociências e Comportamento pela USP, Cheixas propõe usar a psicologia na abordagem de temas relevantes sobre a vida na metrópole.
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Dicas para controlar o stress no trânsito

Já tratamos a questão do trânsito três meses atrás mas, como a problemática em torno dela é complexa, voltaremos de vez em quando ao tema. Um dos maiores problemas relacionados à mobilidade em grandes cidades como São Paulo é o estresse que ocorre em função das dificuldades que temos para nos deslocar… seja a pé, no […]

Por VEJASP
Atualizado em 26 fev 2017, 22h33 - Publicado em 11 mar 2014, 20h29

tratamos a questão do trânsito três meses atrás mas, como a problemática em torno dela é complexa, voltaremos de vez em quando ao tema. Um dos maiores problemas relacionados à mobilidade em grandes cidades como São Paulo é o estresse que ocorre em função das dificuldades que temos para nos deslocar… seja a pé, no automóvel, no transporte coletivo, na motocicleta, no esqueite, nos patins, na bicicleta, no patinete, na cadeira de rodas etc.

A repetição diária das dificuldades faz com que a tolerância diminua aos poucos. Trânsito lento e possibilidades de assalto. Ônibus, trens e metrôs lotados e sem ventilação. Ausência de rampas de acesso para usuários de cadeiras de roda. Enfim… são incontáveis as dificuldades enfrentadas por quem precisa se deslocar diariamente nas cidades para trabalhar, estudar e cuidar das atividades cotidianas. Por conta disso, temos duas consequências ruins possíveis: um ato impulsivo do qual a pessoa pode se arrepender e/ou o adoecimento pela exposição contínua a esse estresse.

(Foto: Hélvio Romero)

Carros e mais carros: estudo da OMS prevê, para 2030, mais mortes causadas pelo trânsito do que pela AIDS (Foto: Hélvio Romero)

A quantidade de incidentes envolvendo motoristas que perdem a paciência tem aumentado. No último carnaval, vimos um motorista atropelando pessoas que participavam de um bloco de rua na capital. Em Ribeirão Preto aconteceu o mesmo durante as manifestações de rua no ano passado. Um motorista de Porto Alegre atropelou ciclistas alguns anos atrás.

Em todos os casos, os motoristas envolvidos não suportaram esperar. Há casos aqui e ali de motoristas usando o acostamento de vias expressas durante trânsito intenso, o que também acaba provocando colisões e atropelamentos (sem tratar aqui dos aspectos da ética social). Também há incidentes entre motociclistas e motoristas de carro. Em menor número, é verdade, também ocorrem incidentes com ciclistas, patinadores e assim por diante. Há estatística até para assassinatos frutos de desentendimentos no trânsito.

A maioria das pessoas, no entanto, não tem explosões de agressividade durante o exercício da mobilidade. Ainda assim, sobra para elas uma consequência ruim: o adoecimento pela exposição crônica ao estresse imposto pelo trânsito, que favorece o surgimento de pressão arterial e frequência cardíaca aumentadas (o que eleva as chances de infarto do miocárdio), úlceras diversas e outras patologias do sistema digestório, prejuízos na resposta imunitária e dermatites.

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Para dimensionar o impacto dessas consequências na vida das pessoas e da sociedade, consideremos um estudo recente no qual a Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que, até 2030, os acidentes de trânsito vão matar mais que AIDS, malária e tuberculose. Apenas os acidentes, sem considerar as consequências oriundas do estresse que eu mencionei acima. Ou seja, é importante que o poder público execute uma gestão eficaz sobre a mobilidade. Ao mesmo tempo, cada um de nós pode e deve buscar um modo saudável de se deslocar nas cidades enquanto o cenário não se transforma de modo amplo.

Como, então, lidar com o estresse produzido pelo trânsito? Aqui vão quatro dicas simples que podem ajudar a evitar uma atitude impulsiva e a minimizar os efeitos do estresse:

1) Prefira deslocar-se a pé, por meio do transporte coletivo ou veículos não poluentes. Evite o carro sempre que possível. Diminuir a quantidade de veículos na rua é uma meta com a qual todos temos de estar envolvidos. Mas, além de contribuir com todos por manter um veículo a menos na rua, quem se desloca a pé tem mais oportunidade de interagir com a cidade e menos risco de se envolver em desentendimentos estressantes.

2) Procure deslocar-se em horários alternativos. Parece bobagem mas antecipar a saída para o trabalho em alguns minutos pode diminuir imensamente a expectativa (tensão) com o horário. Quando saímos com o tempo apertado, ficamos menos tolerantes com qualquer imprevisto no meio do caminho. Fazer alguma atividade perto do trabalho logo depois do expediente pode ser útil também para evitar o horário de pico no fim do dia.

3) Sei que isso mexe com o hábito (talvez uma tradição) de muitos motoristas mas… evite ouvir notícias enquanto dirige. Notícias eliciam respostas emocionais que aumentam a tensão. Músicas agradáveis ajudam a manter a tranquilidade.

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4) Dica direta dos desenho animados para as ruas: sempre que se estressar com outra pessoa em mobilidade, conte até dez antes de emitir qualquer reação. Esse intervalo pode fazer com que você desista da atitude impulsiva (buzinar, fechar, ofender, agredir…) e, ao longo do tempo, pode ser a diferença entre você ser ou não responsável pela morte de alguém.

Boa sorte!

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