Corpo de músico de heavy metal americano ainda está em SP
Warrel Dane morreu há uma semana; sem condições financeiras, família fez vaquinha virtual para levar cantor para os EUA
Após uma semana da morte do músico norte-americano Warrel Dane, aos 56 anos, em São Paulo, seu corpo ainda está no Instituto Médico Legal (IML) na capital aguardando para ser transferido para sua cidade natal, em Seattle. O cantor estava no país para a gravação de seu segundo disco solo quando teve um infarto no hotel onde estava hospedado, na Água Branca.
Ele tocou em bandas de heavy metal como Sanctuary, surgida em 1985 e apadrinhada por Dave Mustaine, do Megadeth, e Nevermore, cujas últimas duas apresentações por aqui se deram em um festival na Arena Anhembi, em 2006, com ingressos esgotados.
Em difíceis condições financeiras, os familiares do artista tiveram que recorrer a uma vaquinha virtual na internet para realizar o traslado do corpo para os Estados Unidos e realizar o funeral, previsto para 7 de janeiro.
Em dois dias de campanha, os parentes arrecadaram 9 600 dólares (cerca de 30 000 reais), quase o dobro da meta de 5 000 dólares (em torno de 16 500 reais). “No dia 13 de dezembro, o mundo perdeu um ser humano incrível”, diz a postagem do crowdfunding. “Seu sorriso, sua energia contagiosa e seu enorme coração estarão sempre em nossas memórias (…) Com essa perda inesperada, as despesas para trazê-lo para casa para um serviço funerário adequado são bem altas. Atualmente, o dinheiro dele não está acessível, e este fundo será usado por familiares para cobrir custos associados ao transporte e despesas do enterro.”
“Estamos aguardando a chegada do Jim [Sheppard], baixista do Nevermore e amigo, que está vindo com uma ordem judicial para fazer a liberação”, explicou a VEJA SÃO PAULO o guitarrista brasileiro Johnny Moraes, que trabalhava no álbum com Dane junto dos músicos Thiago Oliveira (guitarra), Fabio Carito (baixo) e Marcus Dotta (bateria).
Moraes estava com o músico no momento do infarto no hotel e tentou socorrê-lo. “Fiz massagens cardíacas para reanimá-lo, mas não teve jeito”, lamenta. Ele sofria de diabetes, usava insulina todo os dias e tinha outros problemas de saúde.
Álbum póstumo
Agora, os colegas brasileiros estudam o lançamento póstumo do disco de Warrel Dane para que seu legado continue. “Os instrumentais do álbum já estavam gravados e as vozes só até metade, então, estamos estudando se lançamos só com as músicas que estão prontas ou se completamos chamando alguns convidados”, explica Moraes. “Pensamos em nomes como Rob Halford, do Judas Priest, e Chuck Billy, do Testament.”
A última apresentação de Dane antes de morrer aconteceu em 30 de novembro em uma transmissão ao vivo da RedeTV! No programa Sonoridades, ele estava ao lado de Johnny Moraes e Thiago Oliveira e interpretou em formato acústico canções do novo disco. Assista abaixo: