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Por Juliene Moretti
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Fui à reabertura da Sala São Paulo – e conto como estão as restrições

Lugares ocupados por ordem de chegada, café só com QRCode, Osesp em menor formação e separada por placas de acrílico: tudo está diferente por lá

Por Juliene Moretti Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 16 out 2020, 14h55 - Publicado em 16 out 2020, 14h52

Algumas casas de shows se adaptaram para receber o público e as bandas neste período de pandemia, com apostas na gastronomia e shows com a turma sentada. Nessa toada, a Sala São Paulo, casa da Osesp, a Orquestra Sinfonica do Estado de São Paulo, também retomou seu movimento com o anúncio, na última sexta, 9, sobre mudança para a fase verde de reabertura. Eu fui lá conferir essa primeira apresentação com plateia depois de sete meses.

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A Osesp costuma abarrotar a Sala São Paulo de público. São pouco menos de 1500 assentos e é comum bem serem disputados. Na estreia deste ano, no início de março, por exemplo, quase não se via lugar vago. Era a estreia do novo maestro-títular Thiery Fischer, e na ocasião foi executada Missa Solemnis, de Beethoven, que usou não só os membros da orquestra como o Coro da Osesp e o Coro Acadêmico da Osesp, ou seja, tinha muita gente no palco e ao redor dele. Não foi o caso dessa noite.

(Veja São Paulo/Veja SP)

O número de pessoas na plateia foi reduzido para um terço: pouco mais de 400 pessoas são permitidas na sala. Na noite de quinta, 15, essa limitação não pareceu ser um problema, já que o espaço estava vazio. A bilheteria fica fechada, o ingresso está no celular e seguiu-se as obrigações básicas que sabemos de cor, como o uso das máscaras a todo momento, distanciamento, marcado por fitas adesivas azuis ou vermelhas, frascos de álcool em gel espalhados pelos ambientes e aferição de temperatura. O saguão da entrada foi cortado por fitas que formavam um zigue-zague até chegar à atendente que confere o tíquete. Não tinha filas e nem pessoas tirando foto da grandiosidade do salão (exceto eu, que sempre paro para tentar achar o melhor ângulo da imagem e vez ou outra atrapalho o movimento).

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Apertei o passo para ir ao café, onde normalmente ocorre a disputa por um espaço no sofá ou um lugarzinho para apoiar a bebida. Se tiver sorte, descola-se uma mesa com cadeira para comer mais confortavelmente. Não foi necessário passar por esse certame. Os sofás foram dispensados e a área do café foi isolada com uma fita e o cliente é encaminhado para uma mesa. Sem correria ou espera.

(Veja São Paulo/Veja SP)

O cardápio é acessado via QRCode. Para fazer o pedido, foi preciso criar uma conta, com e-mail e senha. Levei poucos minutos para conseguir acessar o menu. Quase desisti porque, afinal, só queria um café e um quiche e não pensar numa senha, que provavelmente vou esquecer e ter de refazer na minha próxima passagem por ali. Fiquei pensando se a minha avó, de 88 anos, muito fã de cafézinhos e música erúdita, teria paciência para isso. O misto de emoções entre estar ali sentada novamente na Sala São Paulo, no desafio do cadastro do cardápio e na expectativa do retorno, não me fez perceber que paguei 10 reais em um expresso duplo que foi tomado quase em um shot (ou duas bicadas).

Neste período de pandemia, os ingressos não estão com lugares marcados. Sendo assim, os espaços foram ocupados conforme ordem de chegada da plateia. Fileiras alternadas estavam isoladas e a distância entre as pessoas que não estava juntas eram de duas poltronas. Os monitores encaminham o frequentador até a área permitida para que este escolha onde quer sentar, sempre respeitando as regras. Uma vez sentado, não pode mudar de lugar ou levantar. Uma senhora não conseguiu disfarçar a decepção, mesmo que debaixo da máscara, ao ver que a quinta fileira, com o seu lugar favorito, estava interditada. O jeito foi ficar mais para trás. Pouco mais de sessenta pessoas ocuparam o auditório. O público da Sala São Paulo é majoritariamente mais maduro, bem maduro. Ao contrário da minha expectativa, estes continuaram sendo a maioria. Fãs para lá de fieis. Que bom.

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(Veja São Paulo/Veja SP)

A noite foi dividida em duas sessões, às 19h e depois às 21h15. O maestro alemão Alexander Liebreich era o convidado para a batuta e apenas metade da orquestra estava no palco, todos munidos com as suas máscaras, menos os músicos dos naipes de sopro, que estavam isolados por placas de acrílico. O roteiro abriu com Für Lennart [In Memoriam], de Arvo Pärt, e seguiu com a Sinfonia nº 1 em dó menor, Op. 68, de Brahms. A composição de Pärv foi feita em 2006, a pedido de Lennart Meri, ex-presidente da Estônia e amigo do autor, para que fosse tocada em seu funeral. Pärt diz que a obra são preces para aqueles que se foram e aqueles que amamos. Aqui, veio como uma homenagem aos mortos pela Covid. Foi muito bonito ouvir todos os violinistas tocarem a música em pé em respeito às vítimas da pandemia.

O espetáculo durou cerca de uma hora e, por mais que se celebre o retorno dos espetáculos, foi possível sentir o ar de preocupação, inclusive com o silêncio da saída, que por vezes era quebrado pelos sorrisos dos monitores que organizavam a fila e se despediam. Não teve o reencontro entre os amigos no saguão para comentar a apresentação e prevaleceu a sensação de que poderíamos continuar com a música por algumas horas mais. Quem sabe na próxima temporada. As apresentações se repetem nesta sexta, 16, às 19h e 21h15, e no sábado, 17, 15h15 e 17h30. Liebreich ainda volta com a formação na semana que vem, com Meditação – Para as Vítimas do Tsunami, de Toshio Hosokawa, e Sinfonia nº 5 em Ré maior, Op.107 – Reforma, de Mendelssohn. As apresentações serão na quinta (22), sexta (23) e sábado (24).

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