STF determina que governo de SP forneça remédio de quase R$3 milhões para criança
Paciente é portador de amiotrofia muscular espinhal
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o governo de São Paulo forneça o medicamento Zolgensma para uma criança portadora de amiotrofia muscular espinhal tipo 2 (AME). Em nota, o governo afirmou que “ainda não foi notificado” da decisão (leia posicionamento completo ao final).
O remédio é conhecido como um dos mais caros do mundo, na casa dos 2,8 milhões de reais. Foi a segunda vez que Fux avaliou o pedido de uma família paulista e, dessa vez, reconsiderou a decisão anterior, levando em conta que “há somente um medicamento para tratar a doença”.
Em nota, o governo de São Paulo diz que “além da ausência de respaldo técnico, ações judiciais como esta oneram o Sistema Único de Saúde (SUS) privilegiando direitos individuais, na contramão da assistência universal prevista na Constituição.“
A AME é uma doença rara e genética, que interfere na capacidade do corpo de produzir uma proteína essencial para a sobrevivência dos neurônios motores, responsáveis pelos gestos vitais do corpo, como respirar, engolir e se mover, de acordo com definição do Ministério da Saúde.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso do medicamento no Brasil para crianças de até 2 anos de idade e o paciente em questão é mais velho do que isso. Fux, no entanto, analisou que o remédio tem aprovação de agências renomadas no exterior para crianças mais velhas e no pedido de reconsideração da defesa da família há “relatos científicos de eficácia e de segurança da terapia para pacientes em condições similares às da criança em outros países”.
“Não se pode desconsiderar a relevância do direito à vida, para o qual todos os cidadãos devem ser incentivados a cooperar”, finaliza a decisão. “Sequer há autorização da Anvisa para uso em pessoas acima de 2 anos, como é o caso do paciente citado, nem elementos em bula quanto à eficácia e segurança”, diz o governo de São Paulo.
Confira o posicionamento da gestão paulista:
A Secretaria de Estado da Saúde ainda não foi notificada e esclarece que não há evidência científica quanto ao uso do medicamento Zolgensma para este caso. Sequer há autorização da Anvisa para uso em pessoas acima de 2 anos, como é o caso do paciente citado, nem elementos em bula quanto à eficácia e segurança. O remédio é de altíssimo custo, de aproximadamente R$ 12 milhões, e não faz parte da lista definida pelo Ministério da Saúde para distribuição na rede pública. Para o caso citado, o custo total pode chegar a R$ 24 milhões.
Cabe informar ainda que, em 2020, o Governo de SP inclusive concedeu, por meio da lei nº 17.299, isenção de ICMS para importação deste remédio, desde que haja autorização concedida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).