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Em Santa Catarina, 32 morrem à espera de leitos de UTI para Covid-19

Hospitais tentam improvisar unidades avançadas no setor de emergência e em UPAs para atender os pacientes

Por Guilherme Queiroz
Atualizado em 3 mar 2021, 16h47 - Publicado em 3 mar 2021, 16h34
Imagem mostra fachada de hospital de SC
Hospital Regional do Oeste em Chapecó (Julio Cavalheiro/Secom/Divulgação)
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O estado de Santa Catarina vive situação de calamidade no sistema de saúde. Com 94,4% dos leitos de UTI ocupados, segundo o último boletim do governo, pacientes estão morrendo enquanto aguardam vaga em uma Unidade de Terapia Intensiva: ao menos 32 faleceram esperando um leito especializado, apurou a Vejinha.

XANXERÊ

A região oeste de SC é a que vive o momento mais delicado. Na cidade de Xanxerê, o Hospital Regional São Paulo tem 20 leitos de UTI e 8 de enfermaria, com praticamente 100% de ocupação em ambos (resta uma vaga na enfermaria). 15 pessoas morreram aguardando vaga em unidade avançada. Nesta quarta-feira (3) 30 pacientes da entidade estadual estão internados de forma improvisada na emergência da instituição, aguardando transferência. De acordo com a assessoria de imprensa, a lista de espera começou a se formar na metade de fevereiro.

Em um comunicado, a diretoria do Hospital Regional São Paulo afirmou que a unidade chegou ao colapso: “Não iremos viver uma catástrofe, já estamos nela”, diz o texto.

CHAPECÓ

Na cidade de Chapecó, também no oeste catarinense, outras 15 pessoas vieram a óbito desde o dia 22 de fevereiro enquanto aguardavam uma vaga na UTI. De acordo com a prefeitura, o Hospital Regional do Oeste está lotado e os pacientes estão sendo alocados em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e em Ambulatórios Covid, em unidades de enfermaria.

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De acordo com a assessoria de imprensa de Chapecó, os que faleceram receberam tratamento, com atendimento especializado e manobras de reanimação e “todo o suporte como se fosse um leito de UTI, embora o ideal seria um leito hospitalar”, diz a nota (veja posicionamento completo ao final).

A secretaria de saúde do município informa que ampliou de 35 para 82 os leitos de UTI no Hospital Regional Oeste e abriu 35 vagas de enfermaria no centro de eventos local, mas mesmo assim teve que internar 40 pacientes em UPAs e ambulatórios.

TÉCNICAS DE ENFERMAGEM

Montagem mostra duas enfermeiras com máscara
À esquerda, Zeni Buenos e à direita, Eliandre: mortes esperando leito de UTI (Coren-SC/Divulgação)

Outros dois óbitos do tipo foram registrados pelo Conselho Regional de Enfermagem de Santa Catarina (Coren-SC). A técnica de enfermagem Eliandre Boscato, 43, foi internada com o vírus na cidade de São Carlos, no oeste do estado. No último final de semana o seu quadro se agravou e ela foi transferida para o município de São Miguel do Oeste para a internação em UTI, mas faleceu aguardando a liberação do leito na última segunda-feira (1º).

Zeni Buenos Pereira, 53, era técnica de enfermagem e estava internada no hospital de Itapema, no litoral norte catarinense, e aguardava transferência para um leito de UTI na cidade de Itajaí e morreu antes de ser transferida, no dia 26 de fevereiro.

GOVERNO ESTADUAL

O governo de Santa Catarina publicou na terça-feira (2) um edital para a contratação de vagas pediátricas e adultas em hospitais ou clínicas privadas. De acordo com comunicado da gestão de Carlos Moisés (PSL), a medida visa “ampliar a oferta de leitos diante do aumento significativo de infectados”.

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Em meio à situação crítica, a gestão divulgou também na terça a transferência de 16 pacientes para o Espírito Santo. A ação prioriza internados no Hospital Regional do Oeste, de Chapecó.

A Vejinha procurou a gestão para comentar as mortes de pacientes que aguardavam vaga na UTI e aguarda resposta.

Confira abaixo o posicionamento completo da prefeitura de Chapecó:

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A Administração Municipal de Chapecó informa que os pacientes que faleceram nas suas unidades de Saúde receberam tratamento adequado, com atendimento especializado e as manobras de reanimação e todo suporte como se fosse um leito de UTI, embora o ideal seria um leito hospitalar. No entanto os hospitais da Região Oeste estão lotados e praticamente não há vagas nem em outras regiões, para transferência.

Além disso, não necessariamente os óbitos foram por falta de UTI hospitalar, pois os óbitos poderiam ocorrer mesmo dentro do hospital, como tem ocorrido.

A Administração tem trabalhado intensamente para ampliar o atendimento e dar o suporte aos pacientes, ampliando equipes, profissionais e leitos. Mesmo com a ampliação dos leitos de UTI no Hospital Regional do Oeste, de 35 em janeiro para 82 nesta semana, o município teve que internar mais de 40 pacientes na UPA e também em leitos de enfermaria nos ambulatórios. Recentemente abriu mais 35 leitos de enfermaria no Centro de Eventos. E estão previstos mais leitos. Além disso adotou medidas de fechamento do comércio, testagem e orientação da população, para tentar diminuir o contágio.

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A SITUAÇÃO EM SÃO PAULO

São Paulo conta com 75,3% de ocupação em todo o estado, mas hospitais como o Albert Einstein, Sírio Libanês, Emílio Ribas e Beneficência Portuguesa chegaram a registrar entre 95% e 100% de ocupação. Em resposta ao pior momento da pandemia, o governador João Doria (PSDB) decretou a volta de todo o estado para a fase vermelha do Plano São Paulo, com a abertura apenas de serviços considerados essenciais durante ao menos duas semanas, a partir do próximo sábado (5).

 

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