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Estudo mostra relação entre o novo coronavírus e síndrome em crianças

O quadro inflamatório pode atingir vários órgãos

Por Agência Brasil
Atualizado em 26 ago 2020, 17h16 - Publicado em 26 ago 2020, 17h16

Após analisar o caso de uma menina de 11 anos de idade que contraiu Covid-19 e foi a óbito, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) descobriram que o Sars-CoV-2, nome científico do novo coronavírus,  chegou a atingir células cardíacas. O resultado do estudo foi publicado no periódico The Lancet Child & Adolescent Health, associando, pela primeira vez, a infecção pelo vírus ao quadro de síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P), que pode acometer vários órgãos, tanto em crianças como em adolescentes.

Conforme relatam os cientistas, integrantes do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP, a criança não tinha doenças preexistentes e, mesmo assim, desenvolveu um quadro grave de saúde. Apenas 28 horas depois de ter sido internada em um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), apresentou disfunção cardíaca e choque cardiogênico, precisando de ventilação mecânica pulmonar e medicações para estabilizar seu sistema cardiovascular. A situação, classifica a médica Juliana Ferranti, que participou do estudo, é “muito rara dentro da pediatria”.

A equipe médica que atendeu a paciente realizou exames de sangue, radiografia, tomografia de tórax, eletrocardiograma e ecocardiograma, que confirmaram a presença de um processo inflamatório e o comprometimento severo do coração. Após o falecimento da criança, foram feitas uma análise microscópica de tecidos de diversos órgãos do corpo e uma pesquisa de RNA viral em pulmões e coração.

Essa segunda bateria de exames confirmou a relação entre Covid-19 e a SIM-P, revelando que a menina teve de fato um quadro leve de pneumonia, causada pelo vírus Sars-CoV-2, e a presença de microtrombose pulmonar. Concluiu-se também que a causa de morte foi a inflamação [miocardite] do coração, que chegou ao estágio de necrose e perda de fibras cardíacas.

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Segundo a professora Marisa Dolhnikoff, uma das autoras do artigo, o que se observa por outras pesquisas é que a maioria das crianças com SIM-P consegue se recuperar da doença se tiverem o devido tratamento. Ela acrescenta, porém, que o trabalho alerta para a possibilidade de que sequelas cardíacas remanesçam, ainda que recebam cuidados.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já vem alertando sobre a possibilidade de haver ligação entre a Covid-19 e a SIM-P, tema que chegou a ser tratado em seminários por especialistas da Espanha. No início deste mês, o Ministério da Saúde emitiu nota em que destaca o aviso da OMS e informa que tem monitorado casos da síndrome em crianças e adolescentes com idade entre 7 meses e 16 anos. Até julho, 71 casos foram registrados em quatro estados, sendo 29 no Ceará, 22 no Rio de Janeiro, 18 no Pará e 2 no Piauí, além de três óbitos no Rio de Janeiro.

*Com informações do Jornal da USP.

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