Avaliamos cinco endereços especializados em sushi na esteira
Entre 19 e 24 de outubro, VEJA SÃO PAULO visitou os estabelecimentos anonimamente e pagando a conta
Embora pouca gente saiba, o sushi conta com uma data especial em sua homenagem. No Japão, a comemoração, que agora também tem vez em São Paulo, ocorre sempre em 1º de novembro. Lá, uma das maneiras mais populares e econômicas de apreciar a especialidade são os restaurantes chamados de kaiten-zushi. Nesses sushi-bares, a equipe de cozinheiros prepara bolinhos de arroz cobertos, recheados ou enrolados em peixe, além de itens como temakis e sashimis, e os deposita numa esteira rolante sobre o balcão. O cliente assiste ao desfile de sugestões e escolhe as mais atraentes.
Caso queira uma opção quente, ela vem diretamente da cozinha. No fim da refeição, paga de acordo com a cor e o número de pratos consumidos. Das casas do gênero em funcionamento na cidade, a pioneira em adotar o estilo foi o Sushi Yá, aberto em Pinheiros há catorze anos. Depois vieram outros representantes, na sua maioria de ambiente caprichado e instalados no interior de shoppings.
Entre 19 e 24 de outubro, VEJA SÃO PAULO visitou cinco desses estabelecimentos anonimamente e pagando a conta. Foram decisivos para os bons resultados o frescor e a variedade dos pescados, assim como o cozimento e o tempero do arroz. Também contaram pontos os cuidados com frituras como os bolinhos guioza.
Em todos, sobram invenções feitas de salmão, cream cheese e frutas. Pela qualidade das matérias-primas, sagrou-se campeão o Sushi Kin Nagarê, no MorumbiShopping, seguido de perto pelo Hiro, do Shopping Paulista. Antes de conferir o ranking, uma dica: modere o apetite, pois o que parece uma refeição expressa e barata pode resultar numa conta bem cara.
1º – Sushi Kin Nagarê
Pela esteira em ritmo acelerado, desfila uma incrível quantidade de pratos, e há outros tantos que podem ser pedidos diretamente ao sushiman, num total de mais de setenta opções. Muitas delas são variações feitas de salmão, caso do bom uramaki de morango, cream cheese, salsa-crespa e cebolinha. Em outra pedida semelhante, usam-se tomate seco e rúcula no recheio. O clássico par coberto de peixe olho-de-boi é dos melhores, assim como a ótima versão de atum queimado no maçarico salpicado de erva shissô em conserva (foto). Também surpreende a valiosa dupla de enguia quentinha presa ao arroz por uma tira de alga, que poderia estar mais crocante. A seção de delícias inclui sashimi de polvo e cogumelo shimeji na manteiga.
2º – Hiro
Uma única esteira desliza pelo balcão e passa também por três mesas. Em qualquer um desses lugares, provam-se clássicos como o arroz enrolado em alga crocante coroado com ovas de massagô (foto) e os bolinhos recobertos por peixe namorado. A clientela, porém, prefere invenções benfeitas, entre elas o uramaki de salmão, cream cheese e tomate-cereja ou o peixe de verão (salmão sobre massa crocante mais tomate-cereja). Da lista de opções, revela-se delicioso o sashimi de robalo com alcaparra. O sushi de atum merece um reparo: as fatias de peixe não precisavam ser quase transparentes. Faz a melhor sobremesa de todas as casas testadas, o mitsumame (salada de frutas misturada a sorvete, gelatina kanten e doce de feijão-azuqui). O serviço é muito atencioso. Mantém duas filiais não avaliadas, uma no Shopping Eldorado e outra no Vila São Francisco.
3º – Sushi Yá
Oferece o melhor custo-benefício entre os endereços avaliados, pois opera apenas com preço fixo. Há duas modalidades de degustação: provam-se quinze duplas de sushi ou dez pares mais um temaki, dois guiozas e cinco sashimis. Mas há limitações. A casa trabalha em horários reduzidos e não inclui camarão, polvo nem enguia. Além de muito salmão, por uma canaleta cheia de água navegam pratos de peixes como serra grelhado (foto), sardinha marinada, tainha e tilápia. No almoço de 19 de outubro, o sushiman não se mostrou exatamente bem-humorado.
4º – Japengo Stera
Sempre concorrido, tem as opções de peixe reduzidas basicamente a salmão, atum e prego. Entre as poucas que chegam a entusiasmar estão o uramaki de salmão salpicado de ovas de massagô ao molho agridoce (foto) e o sakemaki, aquele rolinho recoberto por alga e recheado do mesmo peixe. Se a cozinha tropeça em ofertas quentes, como o sem graça missoshiru (caldo de pasta de soja e tofu), acerta num prato bem mais elaborado, a saborosa lula recheada de cogumelo shimeji. Tanto o guioza quanto a trouxinha de salmão estavam para lá de engordurados. Na visita do dia 21 de outubro, não havia dyos de polvo enrolado em couve.
5º – Nakombi on the Road
No almoço de domingo, 24 de outubro, a oferta quase se restringia a salmão. Nada muito empolgante, a não ser o hot roll — de salmão, claro (!) — coberto por cream cheese e couve frita. Também agradou o bolinho encapado com o mesmo peixe, mais uma vez besuntado com o cremoso queijo e geleia de framboesa (foto). Causou decepção o fato de os itens ficarem muito tempo na esteira e estarem em temperatura ambiente. O arroz é preparado com uma economia de vinagre e açúcar, temperos essenciais. Pedido diretamente ao sushiman, o sushi de olho-de-boi mostrou-se muito bom.