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Musical ‘Wicked’ estreia em São Paulo

O blockbuster milionário chega à capital junto de uma leva de outros espetáculos do tipo

Por Carolina Giovanelli
Atualizado em 2 mar 2023, 17h12 - Publicado em 27 fev 2016, 00h00

Nem toda história acaba no “felizes para sempre” nem começa no “era uma vez”. Publicado em 1995 pelo americano Gregory Maguire, o livro Wicked imagina o que teria ocorrido nos tempos anteriores e posteriores a uma das tramas mais famosas do cinema e da literatura, O Mágico de Oz. Antes de Dorothy, munida de seus brilhantes sapatinhos vermelhos e do cachorro Totó, entrar em cena, Elphaba, que se tornaria a bruxa má, e Glinda, a feiticeira boa, se odiaram e se amaram na Terra de Oz.

Focado na ideia de aceitar o diferente, o enredo virou best-seller e musical na Broadway, visto por 48 milhões de pessoas e responsável por um faturamento de quase 4 bilhões (sim, bilhões) de dólares. Os brasileiros que visitaram Nova York e não conseguiram um dos disputados ingressos para o espetáculo há doze anos em cartaz não precisam se lamentar. A peça teatral, exportada para outros dez países, como México e Japão, desembarca em São Paulo na sexta (4), no Teatro Renault, na Bela Vista, com temporada até 31 de julho, mas boa chance de se estender.

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A produtora brasileira T4F obteve autorização para captar 15 milhões de reais via Lei Rouanet. No pedido ao Ministério da Cultura, ela informou que o custo total seria de 35 milhões de reais, mas estima-se que pode ter ido além. É, de qualquer forma, uma das maiores produções já vistas por aqui, em uma lista encabeçada por O Rei Leão, de 2013, que consumiu 50 milhões de reais. “Não economizamos, para montar uma peça impecável”, afirma Geraldo Rocha Azevedo, diretor da T4F. Há fãs aguardando ansiosamente pela estreia.

Elphaba, a bruxa má - Wicked

O arrasa-quarteirão chega com o maior cenário em todas as montagens de Wicked, inclusive a americana. Pesa 559 toneladas, 150 delas de iluminação e automação. Espere por efeitos especiais, como personagens voando e mágicas diversas. Entre o elenco de 34 atores cantores, aparece Myra Ruiz, de 23 anos, intérprete da bruxa má. Ela toma para si o personagem originalmente de Idina Menzel, atriz que se projetou tanto nesse trabalho que apareceu depois no seriado Glee e deu voz a Elsa no filme Frozen.

“Fui com sangue nos olhos para os testes finais e pensei: ‘Esse papel é meu’”, recorda Myra, casada com o diretor musical Paulo Nogueira, que também já trabalhou em espetáculos do tipo. Ao fim de cada apresentação, não é fácil abandonar a feiticeira. Ela pinta os braços, o colo e o rosto de verde para entrar em cena, e a tinta só sai quando ela recorre a óleo de coco e sabonete especial.

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Fabi Bang, de 31 anos, dá vida à outra protagonista, a bela, loira e popular bruxa boa. Há uma década, ela se vê envolvida em musicais, mas nunca em um papel de tanto destaque. “Meu sonho era ter um personagem com microfone próprio, e hoje tenho dois”, emociona-se. Um de seus sete figurinos é um vestido azul de 10 quilos. Nos ensaios de mais de dez horas, ela às vezes coloca um banquinho dentro da roupa para conseguir sentar-se e descansar. A peruca de cachinhos deve ser enrolada todos os dias (em tempo: todo o elenco usa perucas de fios naturais, que custam, no mínimo, 4 000 reais cada uma).

Os intérpretes André Loddi e Jonatas Faro, ex-Chiquititas e ex-Malhação, revezam-se como o galã Fiyero. Com 1,84 metro e 83 quilos, esse último encara a maratona de treinos com boas noites de sono e muita água. “Sempre faço uma oração antes de entrar no palco”, diz Faro.

César Mello

O paulista César Mello engata seu quarto musical. O mais recente foi Mudança de Hábito, do ano passado. Em Wicked, ele encarna um bode professor. “Dei aulas em cursinhos durante doze anos, então me inspirei nessa época”. Da trilha sonora, cujo álbum original vendeu 2,5 milhões de cópias, cuida a maestrina Vânia Pajares, também experiente nesse tipo de peça. De cabelos e lábios vermelhos, ela comanda catorze músicos titulares.

“Ainda há muito machismo nesse mundo, mas mostro quem manda”, admite. Linha-dura e vaidosa, recheia seu armário com 25 trajes pretos para reger. “Eu me recuso a aparecer esculhambada.” Há um instrumento específico, por exemplo, vindo dos EUA, para executar o som das mágicas realizadas pelas bruxas, chamado de waterphone.

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No vaivém das coxias, o casal Olívia Branco e Lucas Lorenzato um dia se trombou. Os dois se conheceram em Jesus Cristo Superstar, de 2014. Ele, operador de som; ela, atriz. Depois, trabalharam juntos em Mudança de Hábito e, agora, em Wicked. “Visitamos Nova York em janeiro, e assistimos a cinco musicais em sete dias”, conta Olívia, desta vez fora do palco — ela trabalha como tradutora da coreógrafa.

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Entre a equipe estrangeira, está a diretora americana Lisa Leguillo. Há mais de um mês Lisa se hospeda no refinado Hotel Emiliano, nos Jardins, por onde passaram também seus pais e o filho de 11 anos, que já cantarola letras em português. “Experimentamos feijoada, mas, como somos de família caribenha e porto-riquenha, ele me disse: ‘Tem o gosto da comidada vovó’”, lembra ela.

Vânia Pajares

Wicked chega à cidade junto de uma leva de outros espetáculos do gênero que virão nos próximos meses. São pelo menos mais dez (confira na tabela abaixo). Em agosto, uma montagem de Jorge Takla para o clássico My Fair Lady ocupa o Teatro Santander. Ganhador do Tony Award e celebrado na Broadway, o paulistano Paulo Szot assume o protagonista, o professor Henry Higgins. Outro destaque é Cinderella, com bastidores que renderiam, aliás, um ótimo dramalhão.

O diretor original, Ernesto Piccolo, deixou o trabalho após quase dois meses, com direito a texto zangado no Facebook (“Show de incompetência”, provocou). Foi substituído por Ulysses Cruz, que logo pediu demissão (levando junto Cassia Kis, antes no papel da madrasta) e entregou o comando à dupla Charles Möeller e Claudio Botelho. Sobrou pouco mais de um mês para a dupla se arranjar e terminar a peça. “Não há mal-estar, o clima está ótimo”, garante Möeller. “É uma corrida olímpica de tiro curto, mas vai dar tudo certo.”

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Wicked. Teatro Renault (1530 lugares). Avenida Brigadeiro Luís Antônio, 411, Bela Vista, tel. 4003-5588. Quinta e sexta, 21h; sábado, 16h e 21h; domingo, 15h e 20h. R$ 50,00 a R$ 280,00. Bilheteria: 12h/20h (seg. a qua.); a partir das 12h (qui. a dom.). TF. Até 31 de julho.

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Meu Amigo Charlie Brown

FORÇA NO GOGÓ 

Espetáculos que entram em cartaz nos próximos meses:

Cinderella

A história clássica da princesa.

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Estreia: 11 de março, no Teatro Alfa

Deixa Clarear

Sobre a cantora Clara Nunes.

Estreia: 22 de abril, no Teatro J. Safra

Estúpido Cupido

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Inspirada na novela global.

Estreia: neste sábado (27), no Teatro Gazeta

Gabriela

Baseada no livro de Jorge Amado.

Estreia: previsto para maio

Gilberto Gil, Aquele Abraço

Biografia do cantor baiano.

Estreia: 18 de março, no Teatro Procópio Ferreira

Meu Amigo, Charlie Brown

Versão da história em quadrinhos.

Estreia: 5 de março, no Teatro Frei Caneca.

O Musical – Mamonas

A trajetória da banda Mamonas Assassinas

Estreia: 11 de março, no Teatro Raul Cortez

O Palhaço e a Bailarina

Ambientado em um circo.

Estreia: neste sábado (27), no Teatro Porto Seguro

Ou Tudo ou Nada

Baseado no filme homônimo.

Estreia: 11 de março, no Teatro Net

We Will Rock You

História com músicas do Queen.

Estreia: 24 de março, no Teatro Santander

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