Eles sofrem com a falta de iluminação
O relato de quem é alvo fácil da violência em meio à penumbra da cidade
Quando a empresária Mariana Correa se aproximou com o carro de sua casa, na Rua Doutor João Pinheiro, no Jardim Paulista, por volta das 22 horas de uma terça, acionou o controle do portão automático. O equipamento estava com a bateria fraca e não funcionou. Com isso, teve de descer do veículo para abrir a garagem. Acabou surpreendida por dois homens armados. “O poste que fica na calçada tem a luz muito fraca, e não enxerguei os assaltantes parados logo ao lado”, lembra. “Como a fachada estava escura, eles entraram e saíram sem ser vistos pela segurança particular da rua.” Os bandidos levaram joias, dois computadores portáteis, dinheiro e a tranquilidade da família. A ação durou menos de trinta minutos e causou um prejuízo de 5 000 reais. Na última semana, Mariana investiu 300 reais na compra de um holofote com sensor de presença, instalado em frente à garagem. Diz ela: “Dei o meu jeito para minimizar o problema, pois não posso esperar pela boa vontade da prefeitura”.
+ Teste de VEJA SÃO PAULO mostra como a população vive às escuras
+ Participe da enquete sobre a iluminação do seu bairro
Desde 1924 com as portas abertas na Rua Jairo Góis, no Brás, a Pizzaria Castelões se tornou mais que um ponto de referência gastronômica do bairro: passou a ser também o único local “aceso” no quarteirão. Os estabelecimentos comerciais que existiam nas redondezas deram lugar a galpões e empresas que só funcionam durante o dia. Assim, o restaurante passou a ficar sozinho no escuro até a meia-noite. “A si tua ção de penumbra amedronta e afasta os clientes”, afirma o gerente Mário Donizete Versilo, na casa há 24 anos. Para tentar minimizar o problema, além de a casa ter instalado luminárias exclusivas para os cardápios expostos na entrada, o recepcionista Antônio Rodrigues escolta as pessoas desde o momento em que saem dos veículos. “A maioria só estaciona o carro depois que me vê aqui. Do contrário, fica dando voltas no quarteirão”, explica. Ele admite que ainda sente insegurança, mesmo depois de quase dois anos na função. “Quase fui roubado várias vezes”, conta.