Ondas passageiras (ou nem tanto) retratadas pela revista
Os primeiros celulares, a raspadinha, as ombreiras, os CD-players e outros itens que fizeram sucesso
Videocassete coletivo
Em meados dos anos 80, era moda nos condomínios de médio e alto padrão uma central de vídeo adaptada à antena coletiva que transmitia em sessões agendadas filmes e desenhos. Assim, o aluguel das fitas acabava rateado entre todos os moradores, que assistiam à programação em um canal vago de sua TV. Assembleias decidiam quais produções seriam locadas, e os zeladores cuidavam de colocar os vídeos nos aparelhos.
Na era do “tijolão”
As primeiras 1 500 linhas de telefone celular chegaram à capital em 1993. Havia então uma fila de espera de mais de 80 000 solicitações na Telesp. “É como um iate: trata-se de um luxo e custa caro”, dizia uma reportagem do mesmo ano. Uma chamada realizada pelo aparelho custava quase cinquenta vezes mais que a convencional.
O dono do celular também pagava ao receber ligações.
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Silvestres à mesa
Em 1995, carnes de animais da fauna silvestre, como cateto e capivara, passaram a fazer sucesso em lojas especializadas. A Casa Santa Luzia foi um dos primeiros endereços a vender esse tipo de iguaria, “a preços salgados”. O quilo do jacaré saía por 17,60 reais.
Fotos em uma hora
Os minilaboratórios, “que eliminam a frustração de esperar vários dias para pôr as mãos em uma foto revelada”, proliferavam em 1986. O serviço de revelação era realizado em cerca de uma hora. Uma loja na Rua Augusta processava uma média de 150 filmes por dia.
Marca d’água
“Os banhos podem ser divididos em duas eras: a.J. e d.J., antes e depois da Jacuzzi”, dizia uma publicação de 1986. Marca de banheiras de hidromassagem com fábrica em Itu, a Jacuzzi agradava a famosos como a família do cantor Jair Rodrigues.
Na época, calculava-se que houvesse 20 000 aparelhos instalados na metrópole.
Calça colada
Em 1990, rechearam os guarda-roupas das paulistanas os modelos do tipo fuseau. Seguia-se a tendência de valorizar “os trajes usados nos esportes de elite, como a equitação e o polo”, afirmava uma reportagem.
Aos poucos, a peça foi saindo de cena. Voltou ao mercado, mas nunca com o mesmo destaque.
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Raspar, o verbo da vez
Em 1990, a raspadinha virou febre logo após seu lançamento. O prêmio máximo do jogo valia 5 milhões de cruzeiros.
Para impulsionar o movimento, restaurantes ofereciam de brinde bilhetes para quem consumisse um valor mínimo no cardápio.
Pizza para viagem
Hoje integrado à rotina dos paulistanos, o delivery de pizzas era tratado como novidade em 1986. Os restaurantes usavam frotas de “bicicletas, automóveis ou mobiletes” para despachar as encomendas. Também surgiram promoções na linha “dez cupons recortados da caixa dão direito a uma pizza”.
Invasão eletrônica
Quando ainda existiam diversas locadoras espalhadas pela cidade, em algumas delas as fitas de vídeo perderam espaço para os games no começo da década de 90.
Em 1991, os cartuchos mais alugados para os aparelhos Nintendo, Master System e Mega Drive eram de jogos como Super Mario Bros, Double Dragon e Super Monaco GP.
Artes marciais
Mistura de boxe e caratê, o full contact mostrava-se um esporte em ascensão nas academias em meados dos anos 80.
Com botas, capacete e luvas, os praticantes da luta marcial investiam em chutes, socos e rasteiras em espaços como a Companhia Athletica.
Dois em um
De inspiração americana, as chamadas drugstores aliavam farmácia a mercadinho na década de 80.
Remédios dividiam espaço com pares de tênis, palhas de aço, carnes e até uísque. Algumas lojas adotaram carrinhos e empacotadores, caso da Drogaria São Paulo no Conjunto Nacional (foto).
Estilo ousado
No fim dos anos 80, algumas moças desfilavam por aí vestindo cuecas samba canção. O look pijama costumava aparecer em peças de seda ou algodão.
Era possível comprar o item em lojas masculinas ou femininas, que lançaram modelos exclusivos para as mulheres a fim de suprir a demanda.
Fone-livros
Antes da era do e-commerce, caiu no gosto dos consumidores o delivery de livros. Uma reportagem de 1986, intitulada “O fone-livros”, exaltava a facilidade de receber os produtos em casa, sem precisar deslocar-se até a loja.
A Livraria Cultura, já chamada de “poderosa”, havia destacado na época dois motociclistas para cuidar das entregas.
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Vitrines de papel
Graças a uma facilidade no sistema de importação criada em 1992, que “abrira as portas das lojas do Primeiro Mundo aos brasileiros”, gastadores aproveitavam a venda por catálogo de produtos importados.
Empresas brasileiras intermediavam as compras, feitas em dólar, e usavam os livrinhos como vitrine.
Ombreiras em alta
A seção As Boas Compras de julho de 1986 trazia uma sugestão de produto que prometia agradar às mulheres seguidoras das tendências das passarelas.
Em alta, as ombreiras apareciam em uma espécie de regata rendada, para ser usada por baixo da roupa.
Gingado das ruas
Com “visual de habitante de gueto”, a street dance animava as academias na década de 90.
Influenciaram a grande procura pelos cursos, segundo uma reportagem, os clipes da MTV e “a irradiação da estética dançante da periferia via programa Xuxa Park”.
Som a bordo
Em 1993, os CD-players para carros de alta tecnologia encantavam os apaixonados por música. O estudante Carlos Alberto Nakano (foto) escolheu instalar uma máquina compacta com frente removível, então novidade, em seu Voyage 88.
Na época, havia também um surto de roubos do item.
Para-choque dedo-duro
Tão encontradas atualmente nos para-choques de caminhões nas estradas, as placas estampadas com a pergunta “Estou dirigindo bem?” e com um número de telefone para reclamações eram novidade em 1991.
Apareceram primeiro nos veículos da empresa Telar, e depois foram copiadas pela Camargo Corrêa.
Chamada valiosa
Numa época em que o serviço de telefonia custava caro, as linhas telefônicas eram consideradas um patrimônio (entravam até na declaração do imposto de renda) e representavam um bom investimento na praça.
De maio a agosto de 1986, as do bairro do Paraíso valorizaram-se 163%.
A onda do “ficar”
“Ficar transformou-se na definição de um pré-namoro (…), mas isso não significa que exista um compromisso entre os que ficam.” Em 1990, a revista mostrava o sucesso, entre os jovens, dos relacionamentos sem amarras.
A reportagem também explicava o vocabulário da turma: “é novas” (é verdade), “dar um H” (deixar o tempo passar), “mó presença” (pessoa bonita) e “dar um ligo” (olhar uma menina ou um menino).
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Banheiros de luxo
Toaletes com jeitão de sala de estar em boates e restaurantes (na foto, o Narciso) ganharam as páginas de VEJA SÃO PAULO em 1995. Entres os mimos dos espaços, havia telefone (bloqueado para interurbanos), charutos, maquiagem, remédios e até telas com vídeo pornô para os rapazes.
Boa parte dos itens, entretanto, era furtada pelos frequentadores.
EMBALOS DA NOITE
Casas noturnas que se destacaram no cenário paulistano nas décadas de 80 e 90 e nos anos 2000
Anos 80: Estavam em alta o rock, o pop rock,a new wave e a disco. Gallery, Toco e AeroAnta fizeram história. O gótico Madame Satã (foto) foi tema de capa em 1986.
Anos 90: Casas GLS e de música eletrônica bombavam. Entre elas, apareciam Hell´s Club (foto), Massivo, B.A.S.E. e A Lôca. Surgiu também a tribo dos clubbers.
Anos 2000: O Baixo Augusta transformou-se em ponto de encontro boêmio. Baladas de luxo como a Pink Elephant (foto) viraram foco de reportagem em 2009.