O ‘Iguatemi’ do Brás: bairro ganha shopping de 200 milhões de reais
Um dos sócios do empreendimento é Reinaldo Kherlakian, herdeiro da Galeria Pagé
Cerca de 400 000 pessoas por dia vão ao Brás em busca de pechinchas, sobretudo em itens de vestuário. Há blusinha a 5 reais e calça por 15. O bairro conta com aproximadamente 15 000 lojas. Em 2016, eles devem movimentar 15 bilhões de reais, valor quase igual ao do ano passado, apesar da recessão econômica. O pedaço tornou-se conhecido também como um dos paraísos do comércio informal da metrópole, com legiões de camelôs espalhadas pelas ruas.
+ Bazar anual de Marie Toscano tem vestidos de noiva com descontos de até 70%
Em meio a essa vizinhança, está prestes a ser inaugurado um shopping: a Galeria Pagé Brás, no número 415 da Rua Hannemann. Ele deve começar a operar a todo o vapor no dia 14, mas funcionará parcialmente a partir desta segunda, 7. Com investimento de 200 milhões de reais, o predinho de cinco andares e 42 000 metros quadrados tem pegada sofisticada em comparação à maioria dos pontos da região. Guardadas as devidas proporções, trata-se de uma espécie de Iguatemi do Brás.
O negócio vai abrigar cerca de 600 pontos (os menores com 8 metros quadrados, no formato boxe, e os maiores com 250) e deve seguir os horários de funcionamento peculiares ao bairro até dezembro, das 2 da madrugada às 16 horas, de segunda a sábado. O lugar tem piso de granito, boa iluminação, ar condicionado e corredores amplos e organizados. Há estacionamento para 327 carros e 82 ônibus. A praça de alimentação, com onze opções de restaurante, contará com marcas conhecidas de fast-food, a exemplo de Subway e Burger King. Além disso, o espaço não se limita ao comércio de artigos do setor têxtil. Há também eletrônicos, bijuterias e acessórios, além de serviços, como a assistência técnica de celular Rei do iPhone.
Um dos donos do negócio é Reinaldo Kherlakian, herdeiro da Galeria Pagé, aberta na região da Rua 25 de Março desde 1963. Nesse edifício, de doze andares, funcionam cerca de 170 boxes. Apesar de esforços para acabar com a pirataria, ainda são encontrados produtos de origem duvidosa por lá. Kherlakian uniu-se a parceiros de três companhias, entre elas o grupo Vab, da rede Lojão do Brás, para criar o novo shopping. “Não venderemos nenhum produto falsificado”, jura o empresário e também cantor, que fará um show no espaço logo após a inauguração. “Recusamos 40% dos contratos de locação, pois esses lojistas não aceitaram essa condição.”
Desde o último dia 31, outro centro de compras no entorno, um pouco menor, com 30 000 metros quadrados, está em operação parcial. Trata-se do Vautier Premium, uma versão moderna do Vautier, famoso shopping popular a poucos metros dali. A concorrida Feirinha da Madrugada, grande chamariz do Brás, também passa por mudanças. O negócio foi entregue à iniciativa privada em março. Nos planos da nova administradora, aparece uma revitalização completa com a construção de uma estrutura gigantesca, de 4 000 boxes. Para um futuro igualmente distante, a CPTM estuda abrir concessão para que uma área ao lado da estação Brás seja ocupada por um polo empresarial, um hotel e um shopping.
+ Burger Fest reúne 120 restaurantes, bares e lanchonetes
No embalo das novidades do pedaço, os lojistas formais fundaram, há três meses, a Federação de Varejistas e Atacadistas do Brás (Fevabras). A ideia é se organizar e apostar em medidas de segurança para livrar o bairro da pecha de perigoso.
“Queremos instalar câmeras de vigilância em todas as ruas em até três anos”, planeja o presidente, Gustavo Dedivitis. A luta do grupo também envolve um problema para lá de antigo: os ambulantes. Em maio, a Receita Federal realizou ali sua maior operação na capital em cinco anos, com a apreensão de produtos suspeitos de falsificação avaliados em 70 milhões de reais.