2015: os memes que bombaram no ano
Da falta de água às brigas políticas da cidade, nenhum problema ou fato relevante de 2015 escapou de virar piada nas redes sociais
Foi impossível acabar o ano sem se divertir com os memes (sátiras comuns na internet sobre assuntos da vez). Da falta de água às brigas políticas da cidade, nenhum problema ou fato relevante de 2015 escapou de virar piada nas redes sociais. Vamos aos principais:
“Para tudo!”, anuncia Ana Paula Padrão ao fim das longas contagens regressivas do MasterChef, da Band. Com destaque maior na segunda temporada, ela virou piada pelos figurinos espalhafatosos e pela intensidade nas expressões faciais. “Essa repercussão é sinal da força do programa, mas me incomodo quando há ofensas pessoais.” Em 2016, o show prepara uma surpresa para os fãs: serão mais candidatos e a atração deve ficar (respire fundo!) cerca de seis meses no ar, em vez dos quatro habituais.
XUXA NÃO FEZ MILAGRE, MAS…
Xuxa na Record? Do público incrédulo saíram elucubrações diversas sobre como isso seria na prática (a global “surgiu” no Cidade Alerta e até na Fazenda). Apesar da expectativa, o programa ainda não emplacou. A emissora teve mais sorte com Os Dez Mandamentos. Nunca uma novela da casa havia batido a Globo. Com a abertura do Mar Vermelho, o folhetim da Record chegou à média de 28 pontos contra 21 de A Regra do Jogo. Na internet, só se falou disso, vide a brincadeira abaixo, que toma como base a comemoração dos hebreus (crush é o termo das redes sociais para paixonites). Em 28 de janeiro, a história chega aos cinemas. “Será um resumo com cenas inéditas”, explica o diretor Alexandre Avancini, que antecipa um efeito especial guardado a sete chaves: a mão de fogo de Deus assinando as leis para o povo.
AS DESVENTURAS DE SANDRARISTO
Segundo dados do Google, o nome de Evaristo Costa é, em algumas semanas, mais buscado até que o de William Bonner. Precursor do estilo informal do jornalismo da Globo, ele apresentou um bloco do Jornal Hoje sentado no chão, seu rosto estampa vários memes, a exemplo de uma montagem em que “segura” um cartaz com a expressão “chora mais” (a imagem virou bordão na rede para provocar amigos com preferências políticas e esportivas distintas). A dobradinha profissional com Sandra Annenberg, outra fonte de descontração à bancada, fez dez anos em novembro. Segue confirmada em 2016.
MUSABACATE
No Bela Cozinha, do GNT, Bela Gil fez até melancia na grelha. As muitas “substituições” de ingredientes gostosos por opções como linhaça renderam sátiras. Mas quem ri por último é ela: o segundo livro de receitas vendeu 90 000 cópias em um mês.
PREFEITO SUVINIL, RADDARD…
Em agosto, São Paulo já registrava quase 100 000 carteiras de motorista retidas, número superior ao contabilizado em todo oano de 2014. Efeito da maior fiscalização da gestão Fernando Haddad, que lhe rendeu o inevitável apelido de Raddard. Ele também virou o “prefeito Suvinil”. Reportagem de VEJA SÃO PAULO mostrou em fevereiro que suas rotas de bicicleta, muitas delas “construídas” apenas com pintura no chão, custavam 650 000 reais por quilômetro, mais que o triplo do previsto e cinco vezes o valor-padrão de Paris. É, porém, uma das metas mais avançadas de sua gestão: 365 quilômetros implantados (400 previstos até o fim de 2016), contra 34 novas creches (243 programadas), 27 escolas (65 prometidas) e um hospital inaugurado (a ideia é ter três).
CRISE HÍDRICA E POLÊMICAS NA ESCOLAS
Geraldo Alckmin enfrentou uma enorme tragédia pessoal: a morte de seu filho caçula, Thomaz, de 31 anos, em um acidente de helicóptero, em abril. ”Não existe uma dor maior”, declarou ele, na época. No campo político, o ano foi marcado pelo enfrentamento da crise hídrica e pela polêmica da reforma do ensino nas escolas estaduais, que previa o fechamento de 94 colégios e a transferência de milhares de estudantes. No primeiro caso, o governo investiu em obras de captação e continuou adotando medidas de emergência, como a redução da pressão de fornecimento em determinados horários. Como efeito colateral disso, aumentaram as queixas da população por falta d’água. No total, foram 5 987 reclamações na metrópole segundo o balanço mais recente do aplicativo Tá Faltando Água (referente ao período entre 10 de setembro e 26 de outubro). No caso da educação, a onda de invasões nos colégios fez o governo suspender a iniciativa por um ano.
O PIXULECO VIAJA DE VOYAGE
A Avenida Paulista lotou nas manifestações de 15 de março e 12 de abril, as maiores contra o governo Dilma Rousseff. Em paralelo, panelaços pipocaram nas janelas de prédios (era “a revolta da varanda”,na piada dos situacionistas), enquanto o Pixuleco, versão inflável do ex-presidente Lula, fez turnê pelo Brasil. O bonecão foi esfaqueado no Viaduto do Chá, voltou a voar e está sob os cuidados da Aliança Nacional dos Movimentos Democráticos, que reúne mais de 40 grupos pró impeachment (próximo grande ato: 13 de março). “Ando com ele para cima e para baixo, no porta-malas do meu Voyage azul”, conta Carla Zambelli, a atual guardiã.
PREPAREM SEUS OUVIIIIIIIDOS!
A derrocada da onda “ostentação” seria boa notícia se não tivesse sido substituída por um tipo de funk muito pior, protagonizado por crianças e adolescentes em canções cheias de pornografia e palavrões. Os shows de alguns deles foram proibidos pela Justiça. Thiago Abreu, o MC Belinho, pai de Gabriela, conhecida como Melody, chegou a ser alvo de inquérito: aos 8 anos, ela cantava letras para lá de inadequadas. Depois, a menina incorporou rapidamente um trabalho mais infantil e se “reinventou”: soma 250 milhões de visualizações em vídeos com os estridentes falsetes em sua conta de Facebook, controlada pelo pai. “Se eu deixar, ela posta de tudo lá.”
SERÁ QUE ELE VAI?
José Luiz Datena lançou-se pré-candidato a prefeito pelo PP, de Paulo Maluf. No Datafolha, em novembro, surgiu na mesma faixa de 12% a 13% de Marta Suplicy e do dono do cargo, Fernando Haddad — todos longe de Celso Russomanno (34%). “Não sei como pretendem votar em mim, nem confirmei a candidatura”, diz o apresentador. “Se continuar essa roubalheira no cenário político, não me candidato a porcaria nenhuma.” E como fica o PP, em meio a essa espera, Datena? “Se alguém me pressionar, caio fora”, promete.
TUDO DOMINADO (E COLORIDO)
No mês de maio, segundo pesquisa da Nielsen BookScan, dois em cada dez livros comercializados no país eram de colorir. Em São Paulo, os títulos do tipo se esgotavam com rapidez impressionante. Para quem não entrou na onda, chamada de terapêutica, era pura falta do que fazer. No fim, a moda esfriou rápido: hoje, representa 1,5% das vendas e as editoras estão num quebra-cabeça para achar substituto à altura para a mania. A aposta da Sextante, uma das grandes do ramo: versão adulta da brincadeira de ligar os pontos.
CAMPEÃO DOS CAMPEÕES
Sagrado hexacampeão do Brasileiro após campanha histórica, com direito a 6 a 1 contra o São Paulo (sobrou “zoação” até para Rogério Ceni, que não atuou na partida), o Corinthians adota tática realista para 2016. Segundo o diretor de futebol do clube, Edu Guerra, não há planos de grandes contratações. “Mas vamos fazer de tudo para manter o elenco como está”, diz. Será difícil cumprir a promessa. O camisa 10 Jadson, por exemplo, está de malas prontas para a China, segundo o noticiário do mercado da bola.
ACELERA OU BRECA?
O ano foi marcado pela redução da velocidade em várias vias da cidade, incluindo as Marginais. Nos tópicos abaixo, confira o ritmo em que andaram alguns assuntos na capital em 2015:
50 KM/H
A adaptação dos refugiados – Só na Missão Paz, do Glicério, 6 500 estrangeiros foram acolhidos. Mas os haitianos e os sírios ainda encontram muito preconceito e alto desemprego por aqui.
Stand-up – Os shows de comédia nesse formato continuam em cartaz pela cidade, mas já não causam o frisson de antes
60 KM/H
Lei de Zoneamento – Após uma série de polêmicas, pressões e modificações, o projeto que determina o crescimento dos bairros ainda não teve seu final
Uber – O aplicativo de transportes popularizou-se entre os paulistanos, mas acabou sendo proibido na capital e o futuro do serviço continua incerto
70 KM/H
A grande família – Os quíntuplos Arthur, Melissa, Laís, Giulia e Gabriela levaram até três meses para deixar o hospital na Vila Mariana, mas desfrutam ótima saúde em sua casa, em Santos
Barbearia chique – É raro um bairro do centro expandido que não tenha hoje um salão masculino com cerveja e videogame
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