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Motoristas se mobilizam contra faixas de ônibus no Morumbi

Abaixo-assinado conta com mais de 5 000 adesões e pede o fim do projeto

Por Ana Carolina Soares
Atualizado em 1 jun 2017, 16h21 - Publicado em 5 fev 2016, 11h01
giovanni gronchi
giovanni gronchi (Ricardo DAngelo/Veja SP)
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O tempo aproximado de uma hora que o comerciante João Cyle leva para percorrer de carro o trajeto entre o Morumbi, onde mora, e Alphaville, para onde vai frequentemente, foi acrescido de trinta minutos na manhã da última segunda (1). Nesse dia, a Avenida Giovanni Gronchi, uma das vias mais importantes do bairro da Zona Oeste, estreou um espaço exclusivo para ônibus. Com isso, na maior parte dos trechos, os automóveis perderam duas das quatro faixas existentes, o que fez aumentar por lá os congestionamentos. Se somados os percursos pelas avenidas Padre Lebret e Jules Rimet, que integram o novo circuito, são 3,8 quilômetros, com vigência de segunda a sexta, no pico da manhã (das 6 às 9 horas) e da tarde (das 17 às 20 horas). A partir do dia 15, a infração por invadir o local será considerada gravíssima, acarretando 191,54 reais de multa e 7 pontos na carteira. “Deixar o veículo em casa não é uma boa opção, pois os coletivos vivem lotados”, reclama Cyle.

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Há um abaixo-assinado contra o projeto na Giovanni Gronchi, que passa dos 5 100 subscreventes. No sábado (30), ocorreu uma passeata com cerca de cinquenta pessoas. Para chamar mais atenção, novo ato foi agendado para quarta (17), no pico da tarde. O medo de assalto é um dos pontos mais citados. “Já temíamos diariamente os roubos em engarrafamentos e, com essa novidade, os bandidos vão fazer a festa”, queixa-se Rosa Richter, presidente da Associação Panamby.

A rejeição à faixa, claro, tem outro lado: o dos que circulam dentro dela. “Deixo o carro na garagem e vou de ônibus ao trabalho. Na primeira semana de funcionamento tenho feito o mesmo caminho em dois terços do tempo normal”, elogia o funcionário público Felipe Aragonez, também morador da região. “Em todas as cidades do mundo, no início há resistência à implantação, mas depois fica claro que a única forma de garantir a mobilidade é abrir lugar para o transporte público”, pondera Otávio Cunha, presidente da diretoria executiva da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). Segundo dados da NTU, 70% do espaço das ruas de São Paulo é ocupado por automóveis, mas cada um leva em média apenas 1,2 passageiro.

morumbi
morumbi ()
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A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) argumenta que as faixas do Morumbi favorecem 146 000 usuários por dia. O órgão informa que só na Giovanni Gronchi circulam dez linhas de ônibus, em uma frequência de 83 veículos por hora. Na segunda (1‚), entre 17 e 18 horas, na esquina com a Rua Doutor Laerte Setúbal, a reportagem de VEJA SÃO PAULO contabilizou 44 nos dois sentidos.

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O projeto da Giovanni Gronchi é a realização mais recente da prefeitura nessa área. Desde 2013, a gestão de Fernando Haddad implementou 399 quilômetros de pistas exclusivas, totalizando 490 na capital. Segundo dados da CET, graças a essa política, a velocidade média dos coletivos na cidade subiu de 12,1 para 20,3 quilômetros por hora, entre 2012 e 2014 — um aumento de 67,5%.

Na contramão, os congestionamentos cresceram 10%: de 132 quilômetros em média, em 2012, para 146, em 2014. O poder público municipal argumenta que esse incremento ocorre em ritmo menor que em anos anteriores. “Essa redução, na verdade, tem mais a ver com a crise econômica”, rebate o consultor de trânsito Flamínio Fichmann. “O preço do combustível aumentou, e muita gente não consegue mais usar carro.”

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No caso da avenida do Morumbi, optou-se pelo modelo mais simples, com a demarcação em tinta do espaço dos coletivos. Um projeto do tipo sai a partir de 8 000 reais por quilômetro (a conta chega a 500 000 se houver mudanças complexas, como nivelamento da pista e reforço da tubulação subterrânea). Já para um corredor de ônibus, em que o isolamento é maior e costuma haver recuos para ultrapassagem, a conta fica bem mais salgada.

O negócio pode consumir quase 11 milhões de reais por quilômetro, como no trecho implantado na Avenida Inajar de Souza, na Zona Norte, na semana passada. Com ele, são agora 124,3 quilômetros de espaços do gênero na capital. A prefeitura quer fazer ainda 132 quilômetros, mas na M’Boi Mirim, na Zona Sul, é preciso realizar ajustes, devido a problemas do projeto apontados pela Secretaria de Infraestrutura Urbana, que suspendeu temporariamente a licitação. Já no caso do corredor da Zona Leste que abrange de vias do Itaim Paulista à Radial Leste e foi alvo de questionamentos do Tribunal de Contas do Município, a briga está ganha: a licitação sairá nos próximos meses.

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