Belezas que põem a mesa
Os descolados garçons do Bistrot Bagatelle bebem, dançam, transformam o jantar em balada e até adicionam as clientes no Facebook
É sábado à noite no Bistrot Bagatelle, no Jardim Paulista. Entre a terrine de foie gras, de entrada, e o filé-mignon ao molho béarnaise com espinafre sauté e batata frita, de prato principal, um burburinho na mesa ao lado rouba a atenção. Um grupo de jovens mulheres, animadas pelas taças de champanhe, solta gritinhos ao redor de um tórax masculino bem definido. Sobremesa? Não, é apenas o garçom gaúcho Dionei Schwade — ou Djhonny, como preferir —, que decidiu alegrar a despedida de solteira de uma delas. “Eu visto a camisa da casa. Ou tiro, se precisar”, diverte-se se o rapaz louro de sorriso fácil.
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A cena parece inusitada mesmo para quem está acostumado ao circuito de restaurantes-balada da região. Isso porque a casa, importada de Nova York, exagera, digamos, na fórmula de contratar garçons saídos de agências de modelos. Não basta os colírios munidos de bandejas circularem pelo salão, como acontece há décadas no Ritz e no Spot, por exemplo. Um dos sócios, Gui Chueire, encoraja a equipe a ficar amiga da clientela (mesmo que seja só no Facebook) e participar da festa armada no fim da noite. “Procuramos pessoas carismáticas e animadas para trabalhar aqui. Queremos um ambiente descolado, mas sem bagunça”, explica Chueire. Ou seja, vez ou outra os bonitões até podem se confundir e retirar o prato da mesa pelo lado esquerdo, ops. Mas nunca, jamais, devem deixar de “curtir” o momento, devidamente registrado em fotos no Instagram.
Perto da meia-noite, quando as luzes do salão diminuem e o DJ começa a bombar a música, as cadeiras (e as mesas) fazem as vezes de pista. A cozinha do chef Gustavo Young continua a expedir suas receitas francesas, mas as pedidas demoram um pouco mais para chegar. Isso porque os funcionários param no caminho para brindar e beber com os clientes e, pasmem, até fumar um cigarro na calçada. Quando finalmente os obstáculos são superados, eles chegam à mesa, dão atenção exclusiva ao freguês e fazem um social, com direito a flerte de leve, para o público feminino, que costuma se derreter.
Quem paga perto de 100 reais pela refeição, fora as bebidas alcoólicas, capazes de multiplicar exponencialmente essa quantia, desfruta a vibe “todo mundo em casa” e retribui as gentilezas dos garçons com gorjetas generosas. Um dos poucos a ter experiência anterior no serviço, Eduardo Assunção jura já ter recebido 1 600 reais de um único grupo numa noite. “Elas eram de Goiânia, como eu, e gostaram do meu trabalho”, diz Assunção. Os habitués costumam emendar o jantar com uma noitada na balada Pink Elephant, no Itaim. Apesar da insistência dos clientes-amigos, muitos dos garçons declinam o convite para acompanha-los. “Moro longe e preciso estar descansado para o dia seguinte, para ir à academia. A vontade de seguir a carreira de modelo continua”, afirma Rafael Nunes Scapin. Se a beleza não os levar longe nas passarelas e ensaios fotográficos, pelo menos porá a mesa.
- QUAL O MAIS GATO?
Selecionamos dez garçons boas-pintas (abaixo, quatro deles)