A escola sempre foi um problema na vida do chef André Mifano, de 32 anos. Tanto que, para concluir o 2º grau, precisou recorrer a um curso supletivo. Sua mãe lhe arrumou emprego no extinto restaurante Mellão Cucina d’Autore. Para lavar pratos e descascar cebolas. “Pensei que fosse morrer na primeira semana de trabalho”, lembra. Mas bastaram alguns dias no batente para o jovem descobrir que queria ser cozinheiro. Ajudou-o a concretizar o sonho uma bolsa na escola Cordon Bleu de Londres. Ao fim do curso de um ano, Mifano acreditou que na volta encontraria emprego fácil. Não foi bem assim. Sem nada em vista, aceitou o convite de um amigo e viajou para os Estados Unidos. Em São Francisco, fez parte da equipe do contemporâneo Azie, mas não se entendeu com o estilo fusion do restaurante. Voltou para cá, dessa vez direto para a cozinha do Buttina, em Pinheiros. Teve ainda uma passagem-relâmpago pela Tappo Trattoria, nos Jardins, antes de abrir o minúsculo Vito, em sociedade com Pedro Ferraz Cardoso. Desde então, serve um menu italiano com delícias como a barriga de porco recheada de nozes e especiarias na companhia de risoto de maçã. A qualidade das receitas rendeu-lhe o título de chef revelação. Mifano parece nutrir uma devoção tão grande pela gastronomia que, entre as mais de trinta tatuagens espalhadas por seu corpo, duas são palavras de ordem em inglês sobre cozinha: born to cook (nascido para cozinhar) e cooking to perfection (cozinhando para a perfeição).