Projeto de expansão do Sesc privilegia o Centro da capital
Até 2029, cidade de São Paulo ganhará oito unidades do Sesc, sendo três delas na região central, onde já há outras cinco
O ambicioso projeto do Sesc São Paulo de criar doze unidades no estado (ao custo total de 6,5 bilhões de reais) e passar dos atuais 15 milhões de atendimentos anuais para 30 milhões privilegia a região central da capital, a que já conta com maior quantidade de serviços da entidade. Por lá serão criados o Dom Pedro II, no Brás, o TBC e o 14 Bis, ambos na Bela Vista. Além disso, o antigo prédio do Mappin, o Edifício João Brícola (foto acima), em frente ao Theatro Municipal, será a nova sede administrativa da instituição.
Das quinze unidades já existentes na capital, cinco estão no Centro: 24 de Maio; Paulista; Bom Retiro; Carmo e Consolação. Se forem somados outros serviços especializados, como o Centro de Formação e Pesquisa, no prédio da Fecomercio, o núcleo específico de odontologia na Florêncio de Abreu (imediações da 25 de Março) e o Cinesesc, na Augusta, o número sobe para oito. “Eu ouvi comentários de gente dizendo que há excesso de atenção do Sesc ao Centro de São Paulo. E daí?”, afirma Danilo Santos de Miranda, diretor regional da entidade. “O Centro justifica qualquer coisa que fizer lá.” A concentração, segundo diz, se justifica pela região ser um local de passagem de milhões de pessoas. Além disso, é farta na oferta de transporte público, o que facilita o acesso às unidades. É o caso do Sesc 14 Bis, a ser instalado no prédio da Fecomercio, que fica a poucos metros do corredor de ônibus da Avenida 9 de Julho. Está a 400 metros da praça homônima, que receberá uma estação da Linha 6-Laranja do Metrô. Atualmente, o Sesc já ocupa o terceiro e quarto andares do prédio. A “joia da coroa” da unidade é o Teatro Raul Cortez (foto acima), que conta com 513 lugares e será o quinto maior em capacidade de toda a rede. A programação do teatro só começará depois de setembro, quando termina a temporada da peça A Herança, com Reynaldo Gianecchini e Bruno Fagundes.
Danilo Santos de Miranda, diretor regional do SescA área expositiva do Edifício João Brícola abrirá as portas ainda no segundo semestre deste ano. Será o único local que permitirá acesso do público, já que o prédio deverá passar por um retrofit para receber os cerca de 500 funcionários do setor administrativo do Sesc que hoje trabalham no Belenzinho. “Vamos recuperar aquele prédio. É um endereço fantástico, icônico, em frente ao Theatro Municipal e perto de duas estações de Metrô.” Ainda no Centro está em andamento a unidade definitiva do Sesc Dom Pedro II. A provisória operou entre os anos de 2015 e 2020 e, mesmo com apenas três tendas e um contêiner, era muito frequentada e abrigou shows como o do trompetista Wynton Marsalis, em 2019, que contou com 8 000 pessoas. Iniciada em setembro de 2021, a construção do prédio deverá ficar pronta em 2025. O projeto da Una Arquitetos promete mudar a paisagem da região do entorno do Mercado Municipal, já que não prevê muros nem barreiras. Outra investida no Centro, e a que deve demorar mais para ficar pronta, é a recuperação do TBC, que foi sede da histórica companhia do Teatro Brasileiro de Comédia. As negociações com o governo federal para ocupação do degradado prédio começaram em 2016 e só foram concretizadas seis anos depois, no fim de 2022. A única unidade fora do Centro que abrirá as portas neste ano será a provisória do Sesc Casa Verde (Zona Norte). O local receberá a exposição Festas, Sambas e Outros Carnavais, fruto de uma parceria com o Museu do Pontal do Rio de Janeiro (detalhes dos projetos abaixo).
O diretor regional do Sesc admite que a distribuição das unidades é desproporcional e cita como exemplo a Zona Leste, que conta apenas com o Sesc Belenzinho, já que a unidade de Itaquera oferece atuação semelhante à de Interlagos, cujo foco é a convivência e contemplação da natureza, e não uma programação cultural e de atividades físicas. É por isso que o pacote de obras inclui duas novas unidades na região: a de São Miguel Paulista, que ocupará um prédio cedido pela prefeitura, e a de Sapopemba, que ainda não tem projeto específico. Embora já tenha sido concedido ao Sesc, o local de São Miguel Paulista ainda não pode receber nenhuma obra, já que o lugar abriga cerca de 100 carcaças de veículos que ainda serão alvo de leilão previsto para o dia 26 de junho, segundo a prefeitura de São Paulo. Somente depois disso é que o imóvel será de fato entregue ao Sesc. A empreitada das oito novas unidades na capital até 2029 é um dos maiores desafios de Danilo à frente do cargo. Funcionário do Sesc desde 1968, quando entrou para ser orientador social, o sociólogo foi alçado a diretor regional em 1984. Nos 39 anos no cargo, abriu dez unidades na capital. Aos 80 anos recém-completados, sua vontade é inaugurar todos os projetos. “Quero entregar o bastão, mas está difícil”, diz. “Oitenta anos é uma data bem significativa. Enfim, então já está na hora (de sair), claro, percebo isso há algum tempo.” Questionado sobre o que o move, ele diz ser apaixonado pelo que faz e pela cultura, além de toda a sua formação ter sido voltada para o campo social e humanista. “A saúde às vezes balança um pouco, mas eu estou tocando o barco. Fico até o momento que eu puder e tiver condições, e faço tudo como se estivesse começando hoje, mas sei que posso sair amanhã”, diz.
As novas unidades do Sesc na capital
Sesc São Paulo – República (Centro)
- Área construída: 15 000 metros quadrados
- Abertura: segundo semestre de 2023 (só térreo)
- Os quinze andares do icônico Edifício João Brícola (foto abaixo), que abrigou durante sessenta anos a loja Mappin e, mais recentemente, as Casas Bahia, receberá até 2027 os 500 funcionários do setor administrativo do Sesc São Paulo, que hoje atuam no Belenzinho (Zona Leste). O térreo abrirá antes, já neste ano, com exposições ao público
Sesc Parque Dom Pedro II – Brás (Centro)
- Área a ser construída: 30 645 metros quadrados
- Abertura: segundo semestre de 2025
- Parte do terreno onde está sendo erguido o novo Sesc (imagem abaixo) era ocupada pelo Edifício São Vito desde 1959, que contava com 25 andares e 600 quitinetes destinadas a pessoas de baixa renda. Foi demolido em 2011. Local terá espaços arborizados, sala de apresentações, quadras, piscinas, sendo uma delas no topo do prédio, área de convivência, biblioteca e cafés. Leia mais aqui.
Sesc TBC (Teatro Brasileiro de Comédia) – Bela Vista (Centro)
- Área a ser construída: 4 428 metros quadrados
- Abertura: primeiro semestre de 2029.
- O prédio no Bixiga que abrigou a célebre companhia de teatro nos anos 1950 e 1960 é tombado desde 1980. Fechado nos últimos anos, a estrutura chegou a receber intervenções da Funarte, porém, houve discreta melhora. O projeto definitivo só será conhecido daqui a dois anos, mas a ideia central é recuperar o teatro principal, transformar o teatro menor em uma área multiúso, espaço de alimentação (cafeteria) e atividades culturais e de lazer diversas e serviços de ginástica para crianças, adultos e idosos.
Sesc São Miguel (Zona Leste)
- Área: 45 779 metros quadrados
- Abertura: primeiro semestre de 2028
- A estrutura abrigava a inspetoria da Guarda Civil Metropolitana e foi cedida pela prefeitura. Devido à característica do terreno, alguns equipamentos como quadra de futebol society e piscina externa serão suspensos. No projeto (imagem abaixo), estão previstas quadras poliesportivas, auditório e salas multiuso
Sesc Campo Limpo (Zona Sul)
- Área a ser construída: 38 080 metros quadrados
- Abertura: segundo semestre de 2027
- Local já conta com uma unidade provisória há nove anos, que será mantida durante as obras. Espaço definitivo (imagem abaixo) terá academia, biblioteca, auditório, piscina coberta e descoberta, área de convivência, quadras poliesportivas, restaurante e uma ampla praça capaz de receber shows
Sesc 14 BiS – Bela Vista (Centro)
- Área construída: 20 404 metros quadrados
- Abertura: segundo semestre de 2023
- Estrutura criada em 1997 para abrigar a sede da FecomercioSP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) (foto abaixo), já conta com área de exposições, centro de convenções e o Teatro Raul Cortez. Não está prevista piscina, apenas áreas de ginástica, conveniência de alimentação. Para isso, passará por adaptações e só deve ficar totalmente pronto em 2026
Sesc Pirituba – Vila Pirituba (Zona Norte)
- Área a ser construída: 47 295 metros quadrados
- Abertura: segundo semestre de 2027.
- Terreno era a sede da antiga Sociedade Holandesa de São Paulo. Ele conta com a quase centenária Casa de Nassau, erguida em 1929, e tanto o prédio quanto o charmoso moinho são tombados. Espaço (imagem abaixo) terá ginásios poliesportivos, praça no entorno do casarão, piscinas externa e interna, teatro, restaurante e quadras de areia. Leia mais aqui
Sesc Casa Verde – Jardim São Bento (Zona Norte)
- Área: 14 000 metros quadrados.
- Abertura: segundo semestre de 2023. Prédio era da Guararapes, controladora da Riachuelo. Inicialmente será criada uma unidade provisória em um grande galpão (imagem abaixo) já existente, com quadra, área de convivência, leitura, área expositiva e café . Obra definitiva ainda não tem data para ter início, mas prevê a construção de 45 000 metros quadrados.
Outras unidades (obras novas e ampliações)
Sesc Sapopemba (Zona Leste) – Entidade adquiriu terreno de 15 640 metros quadrados, porém ainda não definiu o projeto.
Sesc São Bernardo do Campo Entrega: segundo semestre de 2026.
Sesc Mogi das Cruzes – Ainda em definição.
Sesc São Bernardo do Campo – Entrega: segundo semestre de 2026.
Sesc Osasco A definir local e prazo.
Sesc Franca Entrega: primeiro semestre de 2024.
Sesc Taubaté Obra: construção do teatro e da comedoria. Entrega: segundo semestre de 2024.
Sesc Marília Entrega: segundo semestre de 2025.
Sesc Registro Obra: construção do parque aquático, da clínica odontológica e do espaço expositivo. Entrega: segundo semestre
de 2025.
Sesc Limeira Entrega: primeiro semestre de 2027.
Sesc Ribeirão Preto Obra: reforma e construção de novo prédio. Entrega: segundo semestre de 2027.
Sesc Presidente Prudente Obra: ampliação dos programas
Prazo: a definir.
Fonte: Sesc
Publicado em VEJA São Paulo de 21 de junho de 2023, edição nº 2846