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Coletividade e experimentalismo: o legado de Zé Celso para a cultura brasileira

Da faculdade de direito na USP à criação da trupe mais longeva do teatro em atividade no país

Por Redação VEJA São Paulo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 6 jul 2023, 10h04 - Publicado em 6 jul 2023, 09h59
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Zé Celso, em 'Os Sertões' (Marcos Camargo/Divulgação)
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O dramaturgo José Celso Martinez Corrêa, Zé Celso, morreu na manhã desta quinta-feira (6), aos 86 anos. A informação foi confirmada pela assessoria do Teatro Oficina.

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Um incêndio atingiu seu apartamento no Paraíso, Zona Sul da capital, na terça-feira (4). Ele teve 53% do corpo queimado e foi internado no Hospital das Clínicas, onde passou por cirurgia, foi intubado e encaminhado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não resistiu.

O ator, diretor e dramaturgo nasceu em 30 de março de 1937 em Araraquara, no interior de São Paulo, e ficou conhecido na cena teatral a partir de 1958, quando fundou o Teatro Oficina. A companhia surgiu em parceria com os artistas Renato Borghi, Amir Haddad, Jorge da Cunha Lima e outros, quando na época estudavam na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da Universidade de São Paulo (USP). 

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A trupe é conhecida pelas criações coletivas e experimentais, com grande influência na cultura e política brasileiras, e pelas montagens inovadoras de peças de importantes autores, como o russo Mássimo Gorki (1868-1936) e o alemão Bertolt Brecht (1898-1956). Na década de 60, durante a ditadura militar, a companhia se tornou um dos pilares da resistência cultural, sobretudo pela montagem, em 1967, da peça de Oswald de Andrade O Rei da Vela (1934). Durante o período, Zé Celso chegou a ser preso e torturado pelo regime, ficando exilado em Portugal até 1978.

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De volta ao Brasil, o diretor implementa outros projetos na companhia, renomeando-a Associação Teatro Uzyna Uzona em 1984, denominação que preserva até os dias de hoje. Desde 1961, a sede do Teatro Oficina ocupa um prédio no Bixiga, na região central da capital. O projeto arquitetônico de Lina Bo Bardi (1914-1992), finalizado em 1994, rompe com os limites do palco italiano e integra artistas e público a partir de uma plateia estruturada em pranchas de madeira e metal dispostas uma em cima da outra. A obra fez com que a sede fosse considerada pelo jornal britânico The Guardian em 2015 o melhor teatro nessa categoria. 

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A trupe de Zé Celso é considerada uma das mais longevas em atividade, completando 65 anos em 2023. A data foi comemorada com a estreia de mutação de apoteose, primeira peça do grupo dirigida por uma mulher, ainda em cartaz, e pelo casamento do dramaturgo com Marcelo Drummond no dia 6 de junho. A cerimônia ocorreu na sede do Oficina e reuniu famosos como Marina Lima, que abriu a noite com Fullgás, canção que tocava no primeiro encontro do casal, em 1987. Também estavam presentes a cantora Daniela Mercury e sua esposa, a jornalista Malu Verçosa, o deputado estadual Eduardo Suplicy, que foi padrinho dos noivos, e atores como Bete Coelho, Renato Borghi, Bárbara Paz e Leona Cavalli

Além dos espetáculos, a companhia também é conhecida pela participação em filmes.

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