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Luciano Mallmann leva para o teatro a vivência dos cadeirantes

O ator sofreu uma lesão medular, ficou paraplégico e desde 2017 encena a peça 'Ícaro'

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 19 abr 2019, 06h00 - Publicado em 19 abr 2019, 06h00

Em uma tarde de 2004, o ator gaúcho Luciano Mallmann, então com 32 anos, dirigiu-se, como de costume, à Escola Nacional de Circo, no Rio de Janeiro, para um treino de acrobacia aérea em tecido. Uma queda de ponta-cabeça, do alto de 4 metros, gerou uma lesão medular. Ele perdeu o movimento das pernas, além de parte da força nos braços e na mão direita, e reinventou a vida que abraçaria dali para a frente. O espetáculo Ícaro, escrito pelo artista e protagonizado por ele desde 2017, chega a São Paulo na sexta (26) para temporada no Sesc Ipiranga até 19 de maio, depois de passar por vinte cidades. Mallmann transforma em teatro a própria vivência e também a de outros cadeirantes em cenas sobre preconceito, depressão, amor, sexo, relações familiares, suicídio, maternidade e gravidez.

Por vezes, Mallmann, aos 47 anos, olha para trás e vai ao exagero de sentir-se grato pelo acidente que redimensionou sua biografia e sua trajetória profissional. Ele, que havia participado de dez peças, deixou o Rio de Janeiro e voltou a morar em Porto Alegre, além de reiniciar a carreira de publicitário. Aos poucos, percebeu que a nova rotina seria desenhada de acordo com sua determinação. “Nunca fui dado a crises ou tristezas, e tomei as rédeas da minha existência, tornei-me melhor”, afirma ele, que só regressou aos palcos em 2011, na peça A Mulher sem Pecado, em que o personagem principal é deficiente físico.

A dramaturgia de Ícaro nasceu em uma noite em que o ator, que mora sozinho, caiu da cadeira de rodas e sofreu para empilhar travesseiros até alcançar a cama. “Percebi que, apesar de lidar bem com o que me aconteceu, enfrentava um conflito e, como artista, poderia dividi-lo com o público”, conta. Mallmann rejeita rótulos relacionados a superação ou autoajuda. Cozinha e lava sua louça, dirige o próprio carro e revela que mantém uma vida sexual normal. “Claro que não sonho em fazer uma trilha, porque, nesse caso, ficarei frustrado, mas digo que, antes do deficiente, existe uma pessoa como outra qualquer”, define o intérprete, que pode ser visto nos cinemas no filme Bio e contracenou com Dira Paes no longa Divino Amor, ainda inédito. “O meu projeto é encontrar papéis que não sejam específicos para cadeirantes. E vou conseguir.”

Publicado em VEJA SÃO PAULO de 24 de abril de 2019, edição nº 2631.

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