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O DVD musical está vivo e Joana Mazzucchelli lidera os bastidores da área

A diretora e produtora trabalhou com Luan Santana, Lucas Lucco, Zeca Pagodinho, Ivete Sangalo e outros nomes da música

Por Juliene Moretti Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 18 jan 2019, 06h00 - Publicado em 18 jan 2019, 06h00

No último dia 8 de dezembro, quando Ivete Sangalo subiu ao palco do Allianz Parque diante de 45 000 pessoas, outra profissional, quase anônima para o grande público, começou a brilhar nos bastidores. Joana Mazzucchelli, de 45 anos, é a responsável pela gravação do DVD da apresentação ao vivo, o 88º projeto de sua extensa carreira de diretora.

Essa mídia já viveu dias mais polpudos, é verdade. Atualmente, um sucesso não alcança nem metade das vendas da década passada, quando a própria Ivete bateu o recorde mundial da gravadora Universal, com 604 000 cópias comercializadas — hoje já são 780 800. Mas a possibilidade de eternizar um show completo e explorar o roteiro de formas diferentes continua sendo imprescindível para muitos artistas. Só em 2018, Joana apareceu nos créditos da mais recente turnê de Chico Buarque, Caravanas ao Vivo, da apresentação de Maria Bethânia e Zeca Pagodinho, do show dos Tribalistas e do Live-Móvel, projeto de Luan Santana. Sócia da produtora Polar, ela iniciou a carreira quase acidentalmente, com os sertanejos.

Nos bastidores: até 300 funcionários por espetáculo (Arquivo pessoal / reprodução/Veja SP)

“O primeiro DVD que fiz foi para Bruno & Marrone, em 2006, e era completamente fora do rap e do rock, com que eu estava acostumada a trabalhar”, afirma. A experiência, em Goiânia, se deu com 50 000 pessoas na plateia. “Era um Brasilzão do qual eu não tinha ideia, e por isso me animei tanto para fazê-lo”, diz Joana. De lá para cá, suas superproduções já superaram a marca de 10 milhões de reais de orçamento e contaram com até 300 pessoas sob seu comando. “Fico atrás de referências de fora do país, novas tecnologias, efeitos especiais para um grande espetáculo.”

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De festivais de música eletrônica na Dinamarca, por exemplo, veio a ideia de bolas translúcidas, com LED colorido. “Quando uma pessoa da plateia batia nelas, mudavam as cores, que conseguíamos controlar a partir da mesa de iluminação”, explica a diretora. O recurso foi usado em um dos projetos do sertanejo Lucas Lucco. “Importamos umas 300 delas para fazer a brincadeira”, lembra. O efeito com o público deu certo por apenas alguns minutos. “Foi lindo, mas as pessoas queriam levá-las para casa, como lembrança, e rapidinho as bolas sumiram”, diverte-se.

Diretora Joana Mazzucchelli na ilha de edição (Alexandre Battibugli/Veja SP)

Outro desafio foi o DVD de Luan Santana Acústico, de 2015. A proposta era trazer os antigos sucessos junto com as novidades do cantor, portanto era preciso estabelecer a conexão entre esses dois momentos, o passado e o futuro. “Pensamos em um teatro antigo que se desfaz e vira um novo”, diz Joana. Para isso, ela encontrou na Alemanha triângulos luminosos que se movimentavam, se abriam e alteravam o cenário. Foram vendidas cerca de 378 000 cópias do CD e DVD do show, de acordo com a gravadora Som Livre. Há também estruturas mais informais, como a armada para Zeca Pagodinho.

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Em O Quintal do Pagodinho, a ideia era fazer uma festa do samba na casa do músico. E assim foi. “O pessoal da produção ficava no quarto do filho dele e as câmeras, passeando entre as mesas”, lembra ela. O desafio era não esbarrar nos garçons que serviam cerveja aos convidados. “Eu gosto da Joana porque ela não me aporrinha: sabe que não vou olhar para a câmera certa, que vou sair do roteiro”, assume Zeca. “Mas ela dá um jeito de ficar legal”, afirma o cantor.

A expertise conquistada inclui formatos diversos. Em 1991, ainda no 1º ano da faculdade de jornalismo, Joana entrou para o quadro de funcionários da MTV. “Eu fiquei responsável pelo YO!, programa de rap”, lembra. Aos 22 anos, assumiu a direção e transmissão do Video Music Brasil, mais os célebres shows acústicos e ao vivo do canal. “Foi um laboratório.”

Hoje, ela roda por outros programas, como o doc-reality Autênticas, que estreou em 12 de novembro no GNT e acompanha sete artistas do feminejo. “O resultado não precisa estar ligado à mídia do DVD, mesmo porque hoje o streaming fica até mais bonito”, avalia. Nas viagens com o marido, o DJ e produtor musical Daniel Pompeo, ela divide o tempo entre mostras de arte e uma caça a portinhas que vendam vinis. “É o que me inspira a criar”, diz.

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Luz, câmera, som: três dos DVDs de maior sucesso

Acústico Jota Quest — Músicas para Cantar Junto (2017) (Rodrigo Rosa/Divulgação)

Acústico Jota Quest — Músicas para Cantar Junto (2017)

“Desenvolver um projeto para uma banda é mais desafiador, porque são cinco pessoas com expectativas diferentes. Insisti em uma estética futurística. A ideia era um vértice que espelhava um lado no outro, como se o quinteto revisitasse a sua história.”

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Luan Santana - Bruno Polengo
Luan Santana Acústico (2015) (Bruno Polengo/Divulgação)

Luan Santana Acústico (2015)

“A proposta era colocar o passado e o futuro juntos. Nas minhas pesquisas, achei na Alemanha as estruturas de triângulos que se moviam. Trouxemos um técnico de lá para montá-las aqui. Ele mesmo estava impressionado, porque nunca tinha feito algo daquele tamanho. Levamos uma semana para programar tudo.”

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Tribalistas em São Paulo ao Vivo (2018) (Leo Aversa/Divulgação)

Tribalistas em São Paulo ao Vivo (2018)

“Este era um show muito poderoso que já existia. Nós o vimos no Rio de Janeiro e marcamos as câmeras e as lentes que seriam usadas. Fizemos tomadas na passagem de som para ver o resultado, e o trio deu o aval. O mais impactante aqui foram as 45 000 pessoas na plateia.”

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