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Principal evento de games do mundo chega a São Paulo com novidades

Gamescom desembarca pela primeira vez na cidade na quarta (26) trazendo atrações comerciais, de entretenimento e inclusão

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
21 jun 2024, 06h00
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Imagem desenvolvida com uso de Inteligência Artificial (Marcelo Calenda/ Antonio Peticov/Veja SP)
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Principal feira de jogos do mundo, a alemã Gamescom desembarca na capital paulista na próxima semana com a promessa de trazer ao país o que há de melhor e maior no mercado que fatura 93 bilhões de dólares por ano em todo o planeta.

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Edição alemã da Gamescom (Gamescom/Divulgação)

Batizada de Gamescom Latam, a edição estendida à América Latina, que incorporou o também evento de sucesso brasileiro BIG Festival, será realizada na São Paulo Expo, ao lado da Rodovia dos Imigrantes, de 26 a 30 de junho, em um espaço de 25 000 metros quadrados, espalhados em três pavilhões, e deverá receber um público estimado em 100 000 pessoas.

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Gamescom chega pela primeira vez em SP (Gamescom/Divulgação)

De gamers a empresários, de influenciadores a jogadores comuns e programadores, todos estarão conectados entre si e poderão testar cerca de 400 jogos (dos quais quarenta serão lançamentos regionais ou mundiais) de empresas como Nintendo, Epic Games, Warner, Niantic, Roblox, entre dezenas de outras companhias, incluindo estúdios brasileiros e independentes. Ao todo serão mais de 700 marcas expostas.

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Entertainment Area, Stand na edição alemã do evento (Gamescom/Divulgação)

Também haverá palestras, painéis, encontros, competições, eleições, desfiles de cosplay, rodadas de negociações e muito networking. O volume de negócios esperado para os cinco dias da Gamescom Latam gira em torno de 200 milhões de dólares, pouco mais de 1 bilhão de reais. “Teremos no mesmo espaço todas as plataformas de jogos, congregando e-sports, mobile, PC, jogo casual, hard core, além de parte importante da indústria. Até jogo de tabuleiro teremos”, afirma Gustavo Steinberg, CEO da Gamescom Latam.

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Gustavo Steinberg, CEO da Gamescom Latam (Leo Martins/Veja SP)

A escolha de São Paulo (e do Brasil) para sediar o evento não foi mera coincidência. Principal polo produtor de conteúdos de games do país, a cidade concentra a maior oferta de mão de obra e de cursos voltados ao setor, girando um ecossistema que chega a atingir três em cada quatro brasileiros. “Somos líderes de consumo de videogames na América Latina. Figuramos, a depender do console, como quinto ou sexto mercado do mundo. O nosso setor de games está em amadurecimento constante, sem retração, mesmo com os efeitos pós-pandemia”, ressalta Rodrigo Terra, presidente da Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos (Abragames).

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Dados da Gamescom (Veja SP/Veja SP)

Entre tantas empresas que se mostrarão no evento, uma em especial faz parte da memória afetiva de parte significativa do público que estará presente. A Tec Toy, produtora dos antigos videogames Master System e Mega Drive, nos anos 1990, está de volta ao mercado de jogos e vai lançar o Zeenix, um console portátil, parecido com o Nintendo Switch, que possuirá um controle e se conectará a dispositivos de imagens, como monitores e televisões.

É a primeira aposta da companhia depois do Zeebo, que chegou ao mercado em 2009, mas não vingou. “Vamos lançar uma linha de ponta, com dispositivo de nova geração, capaz de bater de frente com os principais equipamentos do mercado, com jogos novos e, claro, alguns antigos, como Sonic e Alex Kid”, afirma Pedro Caxa, influenciador e responsável pelo setor de games da Tec Toy.

Não é apenas por meio de estandes que as companhias brasileiras se mostrarão ao público. Produtoras independentes também terão vez na feira. Uma delas é a paulistana Orbit Studio, que vai levar ao evento o Sky Dust, um jogo de RPG ambientado em uma São Paulo devastada por um desastre global. Entre passeios por uma Avenida Paulista coberta por árvores, o jogador, um caçador de recompensas, precisa passar por outros cenários, como a região da Liberdade (veja mais abaixo).

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Além de apresentar o jogo ao mercado, visando angariar recursos de investidores para terminar a jornada, a empresa também vai brigar para ganhar o primeiro lugar em um concurso de games com o seu Haunted House, lançado no ano passado e distribuído pela Atari.

“Como vamos concorrer e ganhamos ingressos para a área de negociação, vamos aproveitar e marcar horários de conversas com empresários estrangeiros. Mesmo se não fecharmos negócios lá, faremos bons contatos”, prevê o ilustrador e designer de games Rodrigo Paschoal, 39, um dos sócios da Orbit.

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Rodrigo Paschoal, desenvolvedor do jogo de inspiração cyberpunk que se passa em São Paulo chamado Sky Dust (Leo Martins/Veja SP)
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Masp retratado no game: dez horas de aventuras paulistanas (Jogo Sky Dust/Divulgação)
Jogo Sky Dust se passa em uma cidade com futuro sombrio

Saia da Avenida Paulista, vire na Rua Plínio Figueiredo e chegue ao acesso da Avenida Nove de Julho. Ou então pegue a Avenida Liberdade e entre no acesso ao metrô do bairro. A pé, os caminhos podem levar cinco, seis minutos. Com o controle do videogame, o trajeto com certeza será mais rápido, mas a paisagem mudará bastante quando compararmos a visão atual com a futurista, retratada nas telas do videogame. Em Sky Dust, o jogador conhecerá uma São Paulo degradada por uma grande crise global e terá a missão de percorrer as ruas e avenidas da metrópole para entregar informações sigilosas de terceiros. “O jogo se passa num futuro onde toda informação é filtrada. O personagem é um caçador de recompensas que faz o trabalho de levar informações digitais, como texto ou áudio. Também podem ser mentes de pessoas copiadas, como se fizesse tráfico humano virtual”, explica Rodrigo Paschoal, um dos desenvolvedores do game. Além do cenário na Paulista e na Liberdade, o jogo retrata a Praça da Sé, o Anhangabaú e o Minhocão, entre outras localidades. Ainda em fase de produção, o game terá cerca de dez horas quando for terminado, em cerca de um ano.

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No rol das empresas internacionais, a Warner, uma das mais aguardadas pelo público, terá uma atividade diária (das 13h30 às 14h30) no palco de e-sports com o jogo MultiVersus. Comandada pelo Kombat Klub, organizador dos torneios oficiais do circuito de Mortal Kombat no Brasil, a brincadeira será entre dois influenciadores e duas pessoas da plateia, que formarão duas duplas. Quem ganhar leva um brinde do jogo.

No sábado (30), no mesmo palco, o Combo Infinito, canal do YouTube, vai organizar a final do Grand Prix Brasil Evo, cujo vencedor ganhará uma viagem para Las Vegas, nos Estados Unidos, para disputar a EVO, a maior competição de jogos de luta do mundo.

A exemplo do que já ocorria no BIG Festival, o precursor da Gamescom Latam, a acessibilidade será uma das marcas do evento. Com estande próprio, a AbleGamers Brasil vai lançar na feira um controle remoto adaptado para qualquer tipo de console. Atualmente, a ONG desenvolve e doa aparelhos específicos para cada videogame, o que nem sempre é funcional para pessoas que queiram jogar em plataformas diferentes.

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Console da AbleGamers (Nina Fernandes Parreiras/Divulgação)

Além disso, a AbleGamers montará na feira uma sala de descompressão, adesivada e com fones de ouvido, para que pessoas neurodivergentes possam encontrar um local mais sossegado, sem o inconveniente de precisar sair da área de exposição. “De um público de 100 000 pessoas esperadas para a feira, pensamos em receber por dia no máximo cinquenta visitantes com deficiência, justamente porque muitos entendem que não conseguem vir e participar. É esse paradigma que precisamos quebrar”, afirma Christian Rivolta Bernauer, presidente da AbleGamers Brasil. Além do controle universal, o estande da organização terá jogos adaptados, como Minecraft, e haverá audiodescrição e atendimento em libras.

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Estande acessível
da AbleGamers Brasil (Nina Fernandes Parreiras/Divulgação)
ONG cria controle compatível com todos os consoles

Criada para proporcionar inclusão e acessibilidade a um público que sofre diversas formas de isolamento, a ONG AbleGamers Brasil desenvolve desde 2017 controles especiais para as mais diversas situações. Porém, a iniciativa esbarra em algumas situações, como a necessidade de configurações específicas para cada tipo de videogame. Para a Gamescom Latam, a organização vai lançar um aparelho compatível com todos os consoles. “Os controles atuais são bons, mas faltava alguma coisa para serem ótimos. Agora, com o aparelho universal, tornaremos a experiência da inclusão ainda mais importante”, afirma Christian Rivolta Bernauer, presidente da AbleGamers Brasil. Os controles não são comercializados, apenas doados após um período de testes e adaptações.

Mais do que um evento de entretenimento e de negócios, a Gamescom Latam também servirá para mostrar ao país e ao mundo um mercado que vai muito além de pessoas paradas em frente a telas. “Nossa força de trabalho é muito cobiçada no exterior, pois temos uma base muito interessante, nossos ilustradores são incríveis e nossos programadores são extremamente talentosos”, afirma o design de games Hugo Bloch Anquier, 26, que trabalha em Berlim, na Alemanha. “Sou uma liderança latina na minha empresa e vejo que precisaremos voltar ao Brasil em algum momento de nossas carreiras, caso contrário esse êxodo de talentos vai impedir que a indústria nacional se concretize e possa competir com o mercado de fora”, afirma Hugo, que está de passagem pelo Brasil e tem muitos planos futuros para a criação de jogos educativos no país.

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Hugo, em Berlim: volta ao Brasil no radar (Acervo pessoal/Reprodução)

Segundo estimativas do setor, o mercado de games deve movimentar no Brasil cerca de 2 bilhões de dólares em 2024. Nos dois anos anteriores, o segmento cresceu 3,2%, em um cenário considerado de pós-pandemia. Por aqui, 74% da população brasileira faz uso de algum tipo de game, seja no celular, seja em consoles ou no computador, segundo pesquisa da Abragames no ano passado.

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“A vinda da Gamescom para São Paulo mostra o tamanho do nosso mercado. Eles poderiam ter escolhido Miami (Estados Unidos), Santiago (Chile) ou outra cidade, mas optaram por São Paulo e pelo Brasil, numa demonstração de que estamos no caminho certo, afirma o apresentador Tiago Leifert, que vai comandar o evento de abertura, no dia 23, ocasião em que serão apresentados jogos e outras novidades do setor.

Os ingressos para a Gamescom Latam custam a partir de 100 reais (meia-entrada para visita única). No momento da compra, o visitante terá a opção de doar 10 reais para a ONG AbleGamers Brasil.

Os principais eventos da Gamescom Latam

Diversos palcos e conteúdos 

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Palcos no BIG Festival (BIG Festival/Divulgação)

O evento contará com palcos, como o Journey e o Quest, onde acontecerão palestras e painéis. Além disso, a Arena e-sports e a área exclusiva para Meet & Greet prometem ser pontos altos da programação. Serão mais de 250 horas de conteúdo, com grandes nomes da indústria dos games compartilhando suas experiências e insights sobre desenvolvimento, desafios e promoção de jogos.

Artist’s Alley

Inaugurado no BIG Festival em 2023, o Artists’ Alley é uma área destinada aos artistas para exposição e venda de trabalhos de games durante o evento. O espaço contará com a presença de quinze artistas, sendo catorze do Brasil e um do Chile, selecionados por um júri. Eles vão expor obras baseadas em games durante os quatro dias de evento para o público visitante.

Meet & Greet com influenciadores

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O influenciador Pedro Caxa (Divulgação/Divulgação)

Mais de 1 000 influenciadores estão confirmados, como Bagi, Baiano, PlayHard, Pedro Caxa, The Radioativo, Cerol, entre outros. É a chance que o fã tem de conversar, tirar fotos e até produzir conteúdos com seu criador de conteúdo favorito.

Test Drive

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Stand da Bandai Namco na edição alemã (Gamescom/Divulgação)

Serão mais de 400 jogos disponíveis para testar, entre nacionais e internacionais. Das setenta empresas confirmadas, destacam-se Nintendo, Wargaming, Ubisoft, Epic Games, Bandai Namco, Roblox, Atari, Niantic, CipSoft, Tec Toy, Raw Fury, Akupara, Warner, entre outras.

Competição de E-sports

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Evento Snapdragon Mobile Brawl Stars na edição alemã (Gamescom/Divulgação)

O visitante pode se preparar para mais de quarenta horas de programação dedicada aos e-sports. A emoção dos campeonatos e showmatches vai tomar conta das arenas, com destaque para o maior torneio presencial de Brawl Stars da América Latina, o COPA All Stars Latam de Brawl Stars, além do showmatch do Rasek Game, entre outros.

Área cosplay

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Competição de Cosplay na edição alemã (Gamescom/Divulgação)

No Cosplay Lounge, uma área inédita dedicada aos cosplayers, haverá serviços e suporte para maquiagem, perucas, cabelos e ajustes de fantasias.

BIG Festival

Um dos momentos mais aguardados do evento é a cerimônia de premiação dos melhores jogos do ano. Em 2024, quase 1 000 games de 74 países competem em vinte categorias. Além dos troféus, os vencedores recebem prêmios em dinheiro.

Lojas de colecionáveis de games

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Stand na edição alemã (Gamescom/Divulgação)

Os visitantes poderão completar as coleções com produtos geek das melhores lojas de colecionáveis. Desde itens decorativos para casa até acessórios para o home office, há opções para todos os gostos.

Publicado em VEJA São Paulo de 21 de junho de 2024, edição nº 2898

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