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Mostra pop de arte digital ocupa prédio da Fiesp

Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (File) apresenta 23 obras interativas, entre instalações, animações, aplicativos para tablet e games, com entrada gratuita

Por Bruna Ribeiro
Atualizado em 5 dez 2016, 15h47 - Publicado em 24 jul 2013, 14h20

Em cartaz no Centro Cultural Fiesp, o FILE – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica apresenta 23 obras de arte digital com entrada gratuita até 1º de setembro. Famoso por suas longas filas nos fins de semana, o evento tem um público cativo que o procura principalmente pela possibilidade de interagir de diversas maneiras com instalações, animações, aplicativos para tablet e games, entre outros trabalhos. Em sua 14ª edição, em 2012, o festival recebeu 50 mil pessoas. Para evitar o tumulto, a dica é fazer a visitar durante a semana ou aos sábados e domingos, pela manhã.

É importante reservar de 2 a 3 horas para conhecer todos os trabalhos em exibição neste ano. Não há um roteiro a seguir. No salão, vale ficar livre e experimentar as mais diferentes sensações que as peças podem despertar, sem pressa. O estudante de moda Wladimir Rocha, que estava na abertura, no último dia 22, levou a sério essa proposta. “É bacana usar a tecnologia a favor da arte de uma forma interativa”, disse.

De todas as instalações, a predileta de Rocha foi Homenage to B. Franklin, dos artistas espanhóis Nacho Cossio e Fernanda Ramos, que se parece com um instrumento musical. O trabalho é composto por taças que, ao serem tocadas, se iluminam com o contato das mãos e emitem diferentes notas musicais. “De fato, nossa ideia foi homenagear Benjamin Franklin, que criou a Harmónica de Vidro, em 1761, um instrumento que emitia sons a partir do contato dos dedos com o cristal”, explicou Fernanda.

Outra obra que chama a atenção é Cloud Pink, do coletivo espanhol Everyware, formado por Hyunwoo Bang e Yunsil Heo. Ela torna real o sonho de infância de alcançar o céu. Com a ponta dos dedos, é possível criar desenhos com as nuvens suspensas no alto da sala. Mas não seja sutil no contato. Para os sensores detectarem os movimentos, é necessário pressionar o tecido.

Ao lado de Cloud Pink, um microfone convida os visitantes a pronunciarem qualquer palavra. A ideia é propor a interação entre humanos e máquinas, com quarenta celulares que reproduzem a fala em coro. Basta dizer a palavra que vir à cabeça para que apareçam sinônimos e traduções para outros idiomas nas telas dos aparelhos, além da pronúncia deles emitida por caixas de som.

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A ideia de Fala, dos brasileiros Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti é instigante, mas nem sempre funciona. A dificuldade ocorre pois a brincadeira se restringe a 3 000 palavras gravadas em um banco de dados. Além disso, nem sempre a máquina consegue identificar a pronúncia do visitante. Uma dica: tente dizer “bike”, “azul” e “bonito”. Elas costumam ser compreendidas.

Se a mistura entre o tradicional e o tecnológico interessar, não perca a oportunidade de dar vida à pinturas clássicas como Monalisa, de Leonardo Da Vinci, e Moça com Brinco de Pérola, de Johannes Vermeer. Isso é possível com o aplicativo Arart, feito pelos japoneses Takeshi Mukai, Kei Shiratori e Younghyo Bak. Com um dos dois iPads disponíveis para o público basta mirar nas pinturas, que passam a se mover na tela. Quem possuir um iPhone pode participar com o próprio celular, baixando o aplicativo Arart na App Store.

Do lado esquerdo do salão principal chama a atenção ainda Somebody-Nobody-Everybody, dos taiwaneses He-Lin Luo, Yi-Ping Hung e Ivlab. Pequenas telas de 4 cm X 10 cm apresentam retratos de celebridades. Sentado em um pufe em frente à instalação, o visitante é fotografado e vê sua imagem se misturar à das personalidades, até dominar todas as telas. A intenção é discutir o culto à celebridade e ao ego.

Se a interativadade é o que mais desperta a curiosidade do público, há um trabalho em especial que quebra essa regra. Logo na entrada da sala de exposição, há um sofá de 170 anos equilibrado em apenas uma das pernas. Balance from Within, uma engenhoca inventada pelo norte-americano Jacob Tonski, é sustentada por um mecanismo robótico, mas pode falhar e cair. “Assim como nossas relações, o sofá é bonito e sólido. Mas tudo pode mudar. Na verdade, as coisas não são tão firmes assim. São instáveis”, analisa Tonski.

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Mais brasileiros

Segundo uma das cofundadoras e organizadoras do File, a professora e pesquisadora Paula Perissinotto, a participação maior de brasileiros é um diferencial para o festival neste ano. “Temos cinco artistas daqui. É um número significativo”, diz ela. A cada ano, a equipe procura montar uma exposição diferente. “O avanço tecnológico deu outras proporções ao projeto. Antes, tínhamos apenas a internet como suporte”, afirma.

Do lado de fora, a arte também chega a quem está de passagem pela Avenida Paulista. Em um gigantesco painel na fachada do prédio da Fiesp, o File Led Show exibe um trabalho inédito e interativo do grupo francês 1024 Architecture, dos artistas Pierre Schneider e François Wunshel. As imagens se modificam a partir de estímulos sonoros, como a voz ou o cantarolar de quem passa.

 

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