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Rodrigo Santoro: “Schwarzenegger é um cara generoso e gentil”

Aos 37 anos, ator contracena com o ídolo no filme de ação <em>O Último Desafio</em>, no qual interpreta um personagem sem o estereótipo de galã latino

Por Tiago Faria
Atualizado em 1 jun 2017, 17h53 - Publicado em 17 jan 2013, 11h03

As incontáveis reprises de filmes como O Exterminador do Futuro (1984) e Conan – O Bárbaro (1982) fizeram do ator Rodrigo Santoro um fã do astro Arnold Schwarzenegger. “Eu via todos aqueles filmes. Eu e a maioria dos moleques que eu conhecia”, ele lembra.

Naquela época, os anos 80, Rodrigo estava entrando na adolescência. Arnold, por sua vez, ainda não tinha rugas, pés-de-galinha nem experiência política. Três décadas depois, o fluminense (de Petrópolis) e o austríaco (de Graz) se encontram na fita de ação O Último Desafio, o primeiro grande lançamento do ex-governador da Califórnia em dez anos. O blockbuster estreia nesta sexta (18).

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Na produção, Rodrigo interpreta um prisioneiro que, isolado em uma cadeia de uma pequena cidade que faz fronteira com o México, é convocado para ajudar um xerife (o próprio Arnold) quando um perigoso bandido se aproxima do lugarejo. Dirigido pelo sul-coreano Kim Jee-woon, da fita de horror A História de Duas Irmãs (2003), o longa une dois talentos de Schwazenegger, 65 anos: a ação e o humor.

Em entrevista à VEJA SÃO PAULO por telefone, de Los Angeles, Santoro comenta a convivência com o astro no set de filmagem, o mercado hollywoodiano para atores brasileiros e, claro, seus programas preferidos em São Paulo.

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VEJA SÃO PAULO – Nos anos 80, Schwarzenegger era um grande astro de ação. Foram filmes que marcaram a sua adolescência?

RODRIGO SANTORO – O impacto era sempre muito grande, já que o Arnold era uma figura muito imponente em Conan, em O Exterminador do Futuro… Depois vi Um Tira no Jardim de Infância (1990) e percebi: nossa, ele é engraçado, tem talento para o humor! Cresci assistindo aos filmes dele. Era um ícone de carisma muito grande. E ele sempre demonstrou essa mistura difícil de descrever, do cara durão e do herói que não se leva muito a sério. Para o espectador, a combinação é irresistível.

VEJA SÃO PAULO – Como foi a experiência de trabalhar com um ídolo?

RODRIGO SANTORO – Eu tinha essa imagem imponente, e ele é realmente assim fisicamente. O camarada é grande (risos). Mas encontrei uma pessoa totalmente gentil e generosa. Os atores geralmente vão para os trailers nos intervalos entre as cenas, e ele fazia questão de ficar ali com a gente. Era notável como ele estava contente. Num dia, ele se acidentou, bateu a cabeça na câmera. Ficou com um corte bem grande e teve que ir ao hospital. A equipe ficou preocupada, não sabia o que fazer. Quarenta minutos depois, ele chegou com pontos na testa e perguntando: ‘quando a gente volta a filmar?‘ A risada foi geral. Parecia que quem estava ali era o próprio Exterminador. O cara voltou! (Risos).

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VEJA SÃO PAULO – Em equipe, ele se comporta mais como um político ou como um astro de Hollywood?

RODRIGO SANTORO – Ele tem uma energia sempre muito positiva. Uma disponibilidade, uma gentileza. E ele passou todos esses anos na política… Mas acredito que, por causa dessa personalidade espontânea dele, ele conseguiu espaço nesse meio também.

VEJA SÃO PAULO – Nas cenas de ação, foram usados dublês em poucos momentos. Elas exigiram que tipo de preparo?

RODRIGO SANTORO – Voltei a correr. Inicialmente, o personagem seria um corredor. Iam desenvolver esse lado dele, mas foram mudando. Decidi voltar a correr para ter mais fôlego. O personagem não exigia uma excelente forma física, mas eu quis ficar bem disposto. Ensaiamos bastante para as cenas de ação. Tinha todo um grupo de dublês. E eles mesmos ensaiavam com a gente. O diretor é de uma precisão milimétrica. Tudo era muito medido. Mas isso não quer dizer que não existia espaço para o improviso. Não estávamos congelados.

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VEJA SÃO PAULO – No set, como foi a relação com um diretor coreano que mal sabe falar inglês?

RODRIGO SANTORO – Fomos dirigidos com dois tradutores. Tive que buscar uma linguagem corporal para me identificar com ele. E depois a gente se entendeu superbem, só com gestual, o olhar. Ele é muito aberto a sugestões. Antes de cada cena a gente ia para o canto, discutia. O final do meu personagem foi uma sugestão minha, que ele aceitou numa boa.

VEJA SÃO PAULO – O seu personagem mais recente em um filme brasileiro, Heleno, era denso e atormentado. Agora você parte para uma fita de ação. É complicado oscilar entre esses extremos?

RODRIGO SANTORO – É uma espécie de reciclagem pra mim. Não é nem complicado. O Heleno era um mergulho muito mais profundo… Mas minha dedicação é sempre igual, seja num filme de ação, seja num drama. Pode ser um blockbuster ou Shakespeare. Claro que são coisas completamente diferentes, mas não na forma como eu me relaciono com elas. No caso de O Último Desafio, me diverti muito. Eu estava o tempo todo fazendo cenas de ação, brincando de herói.

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Heleno - Rodrigo Santoro
Heleno – Rodrigo Santoro ()

VEJA SÃO PAULO – Ainda é difícil vencer os estereótipos do galã latino em Hollywood?

RODRIGO SANTORO – O personagem de O Último Desafio não foi escrito para um latino. Ele não veio como um estereotipo do latino. Ele é um anti-herói, mas ajuda o personagem do Arnold. Normalmente quem vence nesse tipo de filme é o americano. Foi interessante pular para o outro lado, nesse ponto. E o filme tem uma equipe muito misturada. 

VEJA SÃO PAULO – Desde que você começou a trabalhar em Hollywood, o mercado norte-americano se abriu mais os atores brasileiros?

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Comparando com o que vi nos meus primeiros trabalhos, o mercado está sim muito mais aberto. É um reflexo do que aconteceu no mundo, da internet, das fronteiras que foram se estreitando. Hollywood está muito mais aberta aos estrangeiros. Há nove anos, os personagens que me ofereciam eram muito mais estereotipados e as oportunidades, muito menores. Só aparecia alguma coisa a cada três meses. Agora são muitas oportunidades. Não especificamente para brasileiros, mas para estrangeiros de todo canto. 

VEJA SÃO PAULO – Você costuma visitar São Paulo? Quais são seus passeios preferidos na cidade?

RODRIGO SANTORO – Gosto muito da cidade. Sempre que vou a São Paulo, meus programas são muito culturais. Vou a peças de teatro, a cinemas, à Bienal… Sempre tem algo que culturalmente me interessa. Mas dois lugares da cidade são marcantes para mim. Um deles é a Escola de Artes Dramáticas (EAD), da USP, onde eu ia para caminhar. É um lugar muito tranquilo, arborizado… O outro é o Teatro Cultura Artística, onde já me apresentei.

VEJA SÃO PAULO – Você se sente pressionado a se mudar de vez para os Estados Unidos?

RODRIGO SANTORO – Por enquanto, pretendo apenas fazer bons trabalhos, personagens interessantes e que me estimulem. E quero ter experiências memoráveis. Num filme, você nunca tem controle sobre o resultado final. Você pode ter bons atores, diretores, mas às vezes o filme não funciona. O que percebi é o seguinte: as experiências é que ficam. Lembro dos momentos em que trabalhei com Benicio Del Toro, com (o diretor) Steven Soderbergh, que são influências muito grandes. Não faço muito essa divisão entre as carreiras. Para mim é uma estrada. Não fico planejando muito lá na frente, pensando tanto no futuro. Estou há quase dez anos nessa ponte aérea e nunca deixei de trabalhar no Brasil. Fiquei um ano aí fazendo Heleno. Não é demagogia: minha casa ainda é o Rio de Janeiro.

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