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Coletivo Metanol renova a cena eletrônica paulistana

Extensão da rádio on-line de mesmo nome, o grupo liderado pelo DJ e produtor Akin ocupa ruas e clubes com sonoridade de vanguarda

Por Mayra Maldjian
Atualizado em 1 jun 2017, 17h46 - Publicado em 6 abr 2013, 18h14
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  • As noites de terça nunca mais foram as mesmas. Pelo menos não para quem foi fisgado pelas novas frequências emitidas pela Metanol FM, rádio on-line independente criada e apresentada pelo DJ e músico experimental Akin desde 2010. Diretamente da “zona de quarentena” (o estúdio montado em seu apartamento), o paulistano começou a disseminar semanalmente, das 20h às 22h, sonoridades eletrônicas desconhecidas, mas de certa forma familiares aos ouvidos. 

    “Geralmente a reação dos novos ouvintes da rádio é essa: nossa, isso parece alguma coisa que eu já ouvi, mas não sei o que é”, conta. “As coisas que eu toco são resultado de tudo o que eu escutei ao longo da minha vida, desde quando eu era moleque e pirava nos filmes de ficção científica. A ideia da rádio é justamente exercitar o tipo de atenção que eu sempre tive voltada para um tipo de música um pouco diferente, um pouco mais incomum”, justifica Akin, que já foi MC de batalhas de freestyle e seletor da lendária festa Chaka Hotnightz.

    Com o tempo, a audiência foi crescendo e o que inicialmente era um exercício pessoal, acabou se tornando uma cadeia de troca de informações sobre essa tal música contemporânea experimental e cabeçuda, praticamente inclassificável, à base de grave, batidas pesadas e desconstruídas e texturas quase palpáveis, em que se identifica estilos recém-nascidos como o chillwave e outros nem tanto, como o hip-hop. Para citar nomes, Akin abre seu acervo musical e aponta para os produtores americanos Flying Lotus (que foi atração da comemoração de um ano da Metanol, no Sesc Belenzinho), Nosaj Thing e XXYYXX e para os europeus OM Unit, Ital Tek e Kuedo, “frequentadores” assíduos de seus sets.

    O passo seguinte não poderia ser outro. “Depois de um certo período eu comecei a sair do ambiente da rádio e levá-la para  galerias, festas, abertura de show, e passei a chamar amigos para tocar comigo”, conta o produtor, que decidiu convidar essas pessoas para fazer parte de seu projeto. Ouvintes assíduos da rádio desde a primeira edição, os seletores musicais MJP, Oh! Mussi, SeixlacK, Soul One e Vekr, e o artista visual U-RSO, juntaram-se a ele e solidificaram, no ano passado, o Coletivo Metanol.

    “O coletivo surgiu da ideia de se criar uma cena mesmo”, afirma Akin, ressaltando que toda semana pelo menos uma festa paulistana tem um de seus parceiros envolvidos no comando do som. E criaram. Associados à vanguarda eletrônica, eles deram uma renovada no cenário eletrônico, que presenciou o auge e a decadência de algumas de suas subcenas. 

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    “Eu peguei a cena eletrônica no fim da febre do drum and bass, então passei a curtir muitas festas de tecno, breakbeat e vertentes. Sinto que houve um certo hiato até começarem festas de gêneros mais novos, acho que a cidade ficou bem carente de novidades uma época”, observa Oh! Mussi, a única mulher do coletivo (veja abaixo um raio-x de cada um deles). “A Metanol tem o papel de levar o que é contemporâneo e novo para o público, fazendo uma curadoria musical e imagética abrangente e refinada, e mantendo viva a cena eletrônica da cidade, mostrando que a música não perdeu seu papel, e sim ganhou mais participação em acontecimentos que vão além das casas noturnas. A Metanol está colocando a música eletrônica em contextos diferentes.”

    Atualmente, o coletivo Metanol ocupa o espaço público com festas gratuitas, como a bimestral Metanol na Rua, e mantém projetos mensais em casas noturnas. É o caso da Inflamável, no espaço S/A, da Colab 011, na Trackers, e mais recentemente da Looud, no Neu Club.

    Com origens musicais distintas, os seletores não sabem muito bem aonde tudo isso vai dar, mas têm a certeza de que estão fazendo alguma coisa acontecer. “Para mim [a cena eletrônica] é algo completamente novo, pois meu background musical sempre foi o hip-hop, e antes dele, o hardcore”, conta o seletor Vekr, que também começou a produzir um trabalho autoral: recentemente ele lançou o primeiro EP, Sunset, Sunrise. Baterista da banda Elma, SeixlacK vem do metal e, como seletor e produtor, explora bastante o peso do tecno. “Eu nem tocava em festas, só em casa, então praticamente comecei a discotecar na rádio.”

    Apesar de não ser o ganha-pão, a Metanol não está em segundo plano para nenhum deles. O artista visual U-RSO  (a “aberração”, segundo ele, do coletivo), por exemplo, tem estudado composição musical “para entender mais do mundo da produção, de forma que as coisas se integrem melhor”.

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    “Acho que somos muito apaixonados e disciplinados. Todos nós temos outros trabalhos para pagar as contas e ainda dedicamos muita energia para a Metanol. Música em primeiro lugar, business em segundo”, esclarece Soul One, que é videomaker. O seletor MJP, com quem Soul One fazia, em 2010, um evento chamado Sint, também ganha a vida de outra forma, como artista gráfico. O próprio Akin, a quem cabe reger o bonde, bate cartão cedinho no estúdio de criação Sinlogo de segunda a sexta: “Música para mim nunca foi uma alternativa de subsistência. É algo mais forte do que eu, é uma necessidade quase inexplicável de estar em contato com algum tipo de arte que expressa aquilo o que eu penso e sinto de verdade.”

     

    QUEM É QUEM NA METANOL FM

    Akin

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    MJP Coletivo Metanol
    MJP Coletivo Metanol ()

    MJP

    Oh!Mussi Amanda Mussi Coletivo Metanol
    Oh!Mussi Amanda Mussi Coletivo Metanol ()

    Oh! Mussi

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    Seixlack
    Seixlack ()

    SeixlacK

    Soul One Coletivo Metanol
    Soul One Coletivo Metanol ()

    Soul One

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    U-RSO
    U-RSO ()

    U-RSO

    Vekr Coletivo Metanol
    Vekr Coletivo Metanol ()

    Vekr

     

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