‘Camille e Rodin’ se despede do Masp no domingo (26)
Depois de onze meses em cartaz em São Paulo, espetáculo de Franz Keppler viaja pelo país
Foi quase um ano em cartaz, totalizando uma porcentagem de 90% de ocupação nas 133 apresentações, vistas por impressionantes 40 mil espectadores. Sucesso de público e de crítica, Camille e Rodin, peça do paulistano Franz Keppler dirigida por Elias Andreato, se despede do Auditório do Masp neste domingo (26). Entre junho e julho, o espetáculo visitará Santos, São José dos Campos (SP), Vitória (ES) e Porto Alegre (RS), entre outras cidades.
“Vamos ter saudade. O Masp se tornou nosso ateliê, nossa casa”, confessa Melissa Vettore, intérprete de Camille Claudel (1864-1943) — escultora que viveu um tórrido e problemático relacionamento com o artista Auguste Rodin (1840-1917) — e uma das idealizadoras do projeto, que nasceu de uma conversa com Leopoldo Pacheco durante o intervalo de uma filmagem nos estúdios da Rede Globo. “Na época, eu estava muito apaixonada pela Camille. Ela é uma artista que me toca profundamente”, afirma a atriz, que participou ativamente da pesquisa ao lado do dramaturgo Franz Keppler. Leopoldo Pacheco abraçou a ideia de pronto. Ao todo, foram nove meses de trabalho e mais de doze livros lidos sobre a obra e o amor dos dois artistas.
Tanto Melissa quanto Keppler concordam que a participação de Elias Andreato, um especialista em peças biográficas, foi decisiva. “O Elias foi certeiro. Eliminou tudo que era muito literário da dramaturgia e fez os personagens aparecerem através de suas ações. Ele foi fundamental para conquistarmos o nosso objetivo, que era contar uma história de amor”, explica.
Para Melissa, o sucesso do espetáculo pode ser traduzido numa fórmula relativamente simples: uma mensagem universal, com produção competente e ingressos acessíveis ao público. O resultado da equação foi uma plateia heterogênea, de diversas idades e origens. “Depois do espetáculo, muita gente de Belo Horizonte, Fortaleza, Teresina e tantos outros lugares vinha nos cumprimentar. E também gente que nunca tinha visto uma peça”, afirma a intérprete de Camille, para quem o espetáculo fala das inquietações próprias da paixão e da criação artística. Keppler, por sua vez, se recorda de um garoto que andava de skate pela Avenida Paulista e comprou o bilhete sabendo muito pouco da peça e, chorando muito, foi um dos últimos a deixar o teatro após o espetáculo.
Mas, como o relacionamento dos biografados, nem sempre tudo correu bem. “Em alguns momentos, tivemos de lutar para ficarmos em cartaz. Nos esforçamos para conseguir um preço popular que não comprometesse a qualidade da montagem, e pensamos em diversas estratégias de divulgação. No final, foi tudo muito recompensador”, orgulha-se Melissa, que encara o fim da temporada em São Paulo com um misto de tristeza e alegria. “Vai ser bom levar a peça para outras cidades, mas ao mesmo tempo, não vejo a hora de voltar para o Masp”, confessa.