As melhores maneiras de curtir o Natal sem entrar em roubadas

Especialistas explicam como se esquivar de uma porção de pedidos de presente, perguntas embaraçosas e outras saias justas típicas dessa data

Por Juliana Mariz
Atualizado em 5 dez 2016, 16h29 - Publicado em 14 dez 2012, 18h46
Ilustração - Natal sem rolo
Ilustração - Natal sem rolo (Lucas Padua/)
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Natal é uma festa esperada por quase todas as famílias. Do ritual de admirar a decoração dos shoppings ao preparo cuidadoso do menu da ceia, tudo vira uma grande curtição. Ou praticamente tudo. A fantasia que envolve certo velhinho, suas renas e um saco recheado de presentes que nem sempre cabem no orçamento familiar desafia a sanidade mental dos pais. Como manter vivo o espírito da coisa quando as crianças fazem perguntas do tipo: “Se o Papai Noel é um só, por que em cada lugar da cidade ele tem uma cara diferente?”. Ou: “Posso ganhar uma arma, um coldre e um distintivo de xerife?”. A seguir, especialistas em educação infantil falam sobre como sair dessas saias justas.

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Existe idade-limite para a criança acreditar em Papai Noel?

A partir de 6 anos, aproximadamente, os meninos e as meninas passam a compreender melhor a realidade. Em geral, é nesse período que os questionamentos aparecem. Tratase de um processo natural, que começa com certa desconfiança e culmina com a conclusão de que tudo era uma brincadeira. “Não se preocupe em revelar a verdade”, diz a pedagoga Maria Ângela Barbato Carneiro, pesquisadora do Núcleo de Cultura, Estudos e Pesquisas do Brincar, da PUC-SP. Quando perceber que seu filho está entrando na fase, responda com naturalidade às perguntas que lhe forem feitas. Mas só a elas. Não precisa, ao primeiro sinal de curiosidade, entregar o jogo todo. Deixe que ele chegue à conclusão sozinho.

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Tenho filhos com idades diferentes. O mais velho já não acredita em Papai Noel, mas o mais novo ainda leva a sério a história. Como faço para não estragar a graça do caçula?

 Em caso de crianças com até dois anos de diferença, é possível que elas descubram a verdade juntas e não há motivo de preocupação caso a mais velha acabe contando à outra. Se a diferença for maior, tente engajar o primogênito  na magia do caçula. “O fato de ele já saber a verdade o coloca em outro patamar de maturidade, e é bom valorizar isso”, afirma a psicóloga Andréa Ribeiro Contreras. Tenha uma conversa com ele, lembre-o de como ele gostava de acreditar naquela história e convide-o para ajudar os pais com a fantasia do irmão. Ele pode, por exemplo, ser encarregado de distrair o pequeno enquanto os adultos deixam os presentes na árvore para depois dizer que o bom velhinho passou por ali.

Meu filho fez uma lista enorme de presentes, mas todos estão fora do meu orçamento. O que eu faço?

Dar à criança algo que ela espera é uma forma de reconhecimento ao seu bom comportamento e às suas qualidades — desde que o pedido caiba no orçamento familiar, claro. “É bom mostrar logo cedo que nem todos os nossos desejos são realizáveis”, diz Maria Ângela, da PUC-SP. De qualquer forma, tente conversar com seus filhos antes que eles elaborem a lista de presentes. Se as crianças ainda acreditam em Papai Noel, explique que ele é ocupado, que tem muitas crianças para atender e que, por isso, não pode dar tudo o que elas pedem. Se o mito já foi desvendado, deixe claro que o dinheiro da família é limitado e mostre quantas outras coisas vocês têm de pagar com ele. “Isso as ajuda a compreender que é preciso planejar e fazer escolhas”, afirma Rosa Ignarro Elias, coordenadora pedagógica do Colégio Nossa Senhora de Sion.

Tenho dois filhos. Um escolheu um presente caríssimo e o outro um bem simples. Devo compensar a diferença?

Até por volta dos 7 anos, as crianças não têm noção do valor de um objeto. Caro e barato são conceitos que não passam na cabecinha delas na hora de eleger um presente. Por isso, não há motivo para se preocupar com a diferença. Se os dois filhos forem mais velhos e já entenderem a desigualdade entre os presentes, tente conversar sobre os pedidos com a dupla reunida antes de fazer a compra, sem tocar no assunto dos preços. Se o tema vier à tona, você terá a oportunidade de discutir se o que está em jogo é o custo, a competição entre irmãos ou a vontade de ter determinado brinquedo.

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A lista de presentes que meu filho fez só tem brinquedos agressivos, como armas, que, na minha opinião, nada acrescentam a seu desenvolvimento. O que fazer?

Nem sempre o gosto por armas é um indício de que a criança esteja se tornando violenta. O mais importante é observar que uso ela está fazendo do objeto. Se seu filho só estiver, por exemplo, querendo ser o herói que vai acabar com os males do mundo, qual o problema? A mesma avaliação serve para outros itens que, aos olhos dos pais, não ajudam o desenvolvimento infantil. Muitas vezes, os filhos encontram maneiras inusitadas de brincar e acabam nos surpreendendo. Isso não quer dizer, porém, que você vai se render a todos os desejos deles. Tente encontrar um equilíbrio e ofereça, sim, produtos que você julga mais proveitosos.

Foram trazidos de volta ao mercado brinquedos que fizeram parte da minha infância. Não sei se meu filho se interessaria, mas morro de vontade de comprar um para ele no Natal. Devo?

Pode ser uma boa oportunidade para você compartilhar com seu filho memórias da sua infância e também para vocês brincarem juntos, o que é extremamente enriquecedor. Mas fique bem atento: será que o brinquedo não é um presente para você e não para a criança?

Não somos cristãos, não comemoramos o Natal. Como explicar a meus filhos por que não ganham presentes?

É um bom momento para conversar sobre as diferentes tradições religiosas e mostrar a diversidade de crenças que existe. “Aponte os rituais interessantes que a religião da família tem. Mas sempre sem fazer juízo de valor”, aconselha a psicóloga Gabriela Madueño Alves Juliano. Cabe apenas à família decidir se o filho pode receber presente de um parente cristão.

 

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