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Beco do Hulk, na Zona Leste, exibe mais de quarenta grafites

Viela com murais de super-heróis em Ermelino Matarazzo vira point de arte de rua

Por Tatiane de Assis Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 7 mar 2020, 22h37 - Publicado em 6 mar 2020, 06h00

A força descomunal de O Incrível Hulk dá o tom das intervenções criativas no distrito de Ermelino Matarazzo, na Zona Leste de São Paulo. Na Viela Gildo Lao, o grandalhão verde empresta seu nome a um beco com mais de quarenta grafites e aparece em vários desenhos. Em um deles, ele é vizinho do Homem-Aranha, que tem sua identidade revelada em uma brincadeira perspicaz. Sai Peter Parker de debaixo da máscara e aparece Stan Lee (1922-2018), roteirista americano responsável por criar esse e outros personagens da Marvel.

No corredor cultural de 80 metros de comprimento — cinco vezes menor que seu primo famoso, o Beco do Batman, na Vila Madalena — também chama atenção a heroína Ironheart, criada pela artista Mari Memo. É uma versão cacheada do Homem de Ferro que traz a mensagem cristã “Jesus é meu herói”. “Se a arte é contra o sistema, por que não falar do que ele pregou? Não podemos confundir suas mensagens de paz e amor com aquilo que o presidente tem dito”, provoca a paulistana de 24 anos que mora no bairro de Itaim Paulista, a cerca de 10 quilômetros da travessa, e não vê incompatibilidade entre a ousadia da arte de rua e o aspecto religioso da obra.

Heroína, criada por Mari Memo, divide espaço com a Mística, do X-Men (Alexandre Battibugli/Divulgação)
Grafites do Beco do Hulk: diversidade de super heróis
Grafites do Beco do Hulk: diversidade de super heróis (Alexandre Battibugli/Veja SP)

Apesar de ter o nome de Beco do Hulk, o projeto cultural parece mais um circuito. Em maio de 2019, a iniciativa começou com intervenções próximas ao número 172 da Avenida Milene Elías, que cruza com uma das extremidades da Travessa Gildo Lao (confira na pág. 40 o mapa completo). “Fizemos dois murais em homenagem ao Ayrton Senna por lá e um conjunto de super- heróis em um dos lados do beco”, explica o grafiteiro André França, de 40 anos, que ao lado do amigo Valdir Grisólia, 37 anos, idealizou a intervenção. Essa primeira leva, que custou 18 000 reais, foi encomendada pela Comissão de Festejos de Ermelino Matarazzo, grupo voluntário que congrega moradores com o fim de sistematizar reivindicações e organizar eventos na região. “Nós não temos cinema, teatro nem museu no bairro. O grafite é uma opção de lazer e aprendizado para os jovens daqui”, aponta o aposentado Geraldo Corrêa, 65, um dos voluntários da comissão. Quando não há verba para remunerar os profissionais e pagar o material, parte das tintas é compra- da pelos próprios grafiteiros. O lanche e a água, assim como a liberação para o uso do banheiro, são oferecidos por igrejas e comerciantes nos arredores.

Homem-Aranha e O Incrível Hulk no beco (Alexandre Battibugli/Veja SP)
Valdir Grisólia, 37, e André França, 40: pioneiros do Beco (Alexandre Battibugli/Veja SP)

Outros grafites podem ser vistos também na Avenida Milene Elías. Neste ano, está prevista uma expansão do complexo do Hulk, com onze atividades programadas até o dia 12 de dezembro. No próximo domingo (8), uma delas leva ao menos oito artistas para celebrar o Dia da Mulher nos muros. Com a movimentação, a expectativa dos artistas é que saia do papel um conjunto de melhorias na Viela Gildo Lao. O fechamento da via nos fins de semana, a reforma do calçamento e a otimização no sistema de iluminação são as principais demandas para dar mais segurança aos apreciadores. Até a conclusão desta reportagem, a subprefeitura de Ermelino Matarazzo não tinha uma previsão para a implementação das medidas. Enquanto a resposta não vem, a dica é: um olho nos carros, que passam velozes, e o outro nos muros, que inspiram dias mais coloridos.

Travessa do Tomazini: mais um espaço a ser ocupado por grafites (Alexandre Battibugli/Veja SP)
(VEJA SP/Veja SP)
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