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Em Viena, o passado se renova

Arquitetos de vanguarda e um número recorde de visitantes agitam a capital austríaca, onde imperam, irresistíveis, a opulência e as sobremesas do tempo de Sissi e Gustav Klimt

Por Svetlana Knezevic
Atualizado em 5 dez 2016, 16h38 - Publicado em 10 nov 2012, 00h00

Gustav Klimt era tímido. A casa onde o pintor passou os últimos anos de vida, entre 1912 e 1918, servia de esconderijo em Viena. Dali, ele saía para ir ao teatro. Gostava de saborear tortas com chantili, acompanhadas de café, no Tivoli, no jardim de Schönbrunn — palácio dos Habsburgos até o último suspiro do Império Austro-Húngaro, em 1918, duas décadas depois do assassinato da imperatriz mais querida pelos súditos, Sissi. Entre as paisagens do autor de O Beijo, Schönbrunn é a única remanescente da capital austríaca. “Pena que o Tivoli não tenha sobrevivido, mas ainda é um prazer caminhar pelos jardins do palácio”, diz Tobias Natter, autor do recém-publicado Gustav Klimt: The Complete Paintings (Ed. Taschen, 200 dólares). Natter dirige o Leopold Museum, cuja coleção de vienenses da virada do século XIX para o XX atrai 350 000 pessoas por ano. Exatamente um século depois de ter-se mudado para a Rua Feldmühlgassee nos 150 anos de seu nascimento, Klimt simboliza uma nova belle époque de Viena. A capital europeia da música clássica não parou no tempo. Prédios de estilo barroco e art nouveau convivem com projetos de arquitetos de vanguarda (pense em Zaha Hadid, além de Hans Hollein, uma lenda local). O passado se renova. Há pouco mais de um mês, o ateliê do pintor foi reaberto, depois de cinco anos de restauro. Uma série de retrospectivas do artista — a mais completa delas na Galeria Belvedere, uma construção dos anos 1 700 que abriga arte a partir da Idade Média — aumenta o movimento numa cidade conhecida pela programação cultural desde que Mozart, Beethoven e Schubert faziam o piano ecoar nas salas de espetáculos.

+ Tobias Natter, diretor do Leopold Museum, dá dicas culturais de Viena

A existência generosa de áreas verdes como o parque favorito de Klimt é um dos motivos para Viena, pelo terceiro ano consecutivo, ter sido eleita pela consultoria americana Mercer a número 1, entre 420 cidades do mundo, em qualidade de vida. Colabora para a avaliação outro hábito dos tempos do império: o de frequentar cafés. Está firme e bela boa parte dos 150 estabelecimentos históricos. Entre eles, o Demel, o Sacher e o Central. Um século e meio atrás, Sissi recebia no palácio encomendas de violetas cristalizadas, um dos docinhos ainda produzidos pelo Demel. Lá e no Sacher, ainda se pede a sachertorte, uma torta local de chocolate, servida com chantili, enquanto se lê o Wiener Zeitung, um dos jornais mais antigos em circulação na Europa. O Central atrai políticos, intelectuais e artistas. “Gosto muito do Prückel, no BoulevardRingstrasse desde o fim do século XIX”, recomenda Natter. O café fica ao lado do MAK, museu especializado em mobiliário e artesanato. É uma entre a dezena de instituições que compõem o Museumsquartier, o bairro dedicado aos museus. Há acervos dos mais diversos: arte moderna, história natural, a coleção formada pela dinastia dos Habsburgos.

Não é coincidência que nestes três anos de campeã da “boa vida” Viena tenha saltado de 4,4 milhões de visitantes, em 2009, para 5,3 milhões no ano passado (o número de estrangeiros que desembarcaram no Brasil em 2010). Para recebê-los, valem os hotéis tradicionais. O Imperial tem 138 quartos e fica próximo do Palácio Imperial Hofburg. O Sacher passou por uma reforma há dois anos, sem sacrificar os salões adamascados. A lista de novidades é imensa. O arquiteto Jean Nouvel assina o Sofitel, aberto em 2010 e um marco da nova paisagem. O hotel possui 182 quartos. Na cobertura fica o Le Loft, o restaurante comandado por Antoine Westermann, com três estrelas no guia Michelin. A vista privilegiada da cidade cortada pelo Rio Danúbio concorre com panorâmica oferecida pela Kahlenberg, uma montanha cercada por vinhedos. Em abril, passou a funcionar ali o Topazz, um prédio com janelas ovais desenhado pelos escritórios premiados de Viena, BWM Architekten & Partner e Michael Manzenreiter. O Ritz-Carlton abriu em agosto. Até o fim de 2015, virão os cinco-estrelas Palais Hansen Kempinski, Park Hyatt e Four Seasons, com 320 camas. Para quem torce o nariz para lugares grandes, uma opção é o Hollmann Beletage. Com 25 quartos, fica próximo da Catedral de St.Stephen, uma igreja gótica consagrada em 1147. O Lamée, dos anos 30, acaba de abrir 22 quartos e dez suítes depois de uma renovação. No ano que vem, somam-se aos pequenos e charmosos as 78 camas do The Guest House, perto da Ópera Estatal.

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Para novas experiências gastronômicas, a primeira parada é o mercado Naschmarkt, aos sábados. Nos últimos anos, os quiosques tradicionais têm dividido espaço com bistrôs e bares de vinho e ostras. Bons de garfo não podem dispensar o Steirereck. Duas estrelas no Michelin, a cozinha familiar de Heinz Reitbauer tira pratos austríacos do ostracismo, dando a eles um novo sabor. No Dstrikt, do Ritz-Carlton, o chef WiniBrugger prefere a versão clássica da culinária local. Até o fim do ano, no centro histórico, um dos prédios barrocos abrirá 8 500 metros quadrados para Giorgio Armani, Prada, Louis Vuitton e afins. Nada que ofusque o charme de lojas dignas do império. De 1823, a cristaleria J. & L. Lobmeyr atrai uma clientela ávida por decanters, garrafas e taças personalizados com as iniciaisdo dono. Um endereço masculino obrigatório é a Wilhelm Jungmann & Neffe, de 1881: os mais de 1 000 rolos de cashmere, merino e tweed para costumes sob medida e gravatas de todas as cores são de encher os olhos. Como as pinturas de Gustav Klimt. Como tudo em Viena.

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