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Quebrada fashion: sete marcas da periferia que defendem a diversidade

Grifes que nasceram em bairros distantes do centro tem representantes como Jal Vieira, convidada pela Disney para assinar coleção inspirada em Wakanda

Por Tatiane de Assis Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 Maio 2024, 20h17 - Publicado em 7 Maio 2021, 06h00
Jovem negro posa com conjunto de roupas (shorts e regata) da mesma estampa, quadriculada vermelha e preta. Ao seu fundo, um lençol branco estendido, em meio ao quintal de uma casa
AfroPerifa: marca nasceu na Zona Norte de São Paulo (Caroline Brandão/Divulgação)
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O designer de moda Diego de Assis achava sem graça os modelos de roupas plus size que encontrava para comprar. Na marca Rainha Nagô, da qual é sócio, ele decidiu utilizar estampas mais moderninhas, como listras ultracoloridas e motivos relacionados à cultura hip-hop. Assis, que mora na Zona Leste, é um dos profissionais da moda, nascidos ou com base em bairros periféricos da capital, que VEJA SÃO PAULO apresenta nesta matéria.

Também figuram na passarela, que defende maior diversidade racial, os estilistas William André, da AfroPerifa, Milena Nascimento Lima, da Mile Lab, Jal Vieira, à frente da grife com seu nome, Gabriela Bazilio, da Mocamba Ateliê, Suelen Ingrid, da Afroish, e o casal autor de acessórios Rafaela Nunes e Caleb Candido, da Bizantine. Um time que se propõe a renovar os ares criativos da metrópole. Confira:

DIVERSIDADE JÁ!

O designer de moda Willian André, de 24 anos, é o nome por trás da AfroPerifa, cuja sede fica no bairro de Perus, na Zona Norte de São Paulo. A grife foi criada em 2017 e sua coleção mais recente se chama Tempestade. Traz peças com corte reto e estampas em xadrez e de oncinha. “É preciso ver o corpo negro na moda e também ter mais estilistas, fotógrafos e modelos pretos”, defende Will. >@afroperifa_

DÉBUT NA SÃO PAULO FASHION WEEK

Montagem com menina que posa em frente a um lençol branco estendido. Tem cabelo crespo ruivo e veste um top e uma calça vinho. Outra menina posa em frente a um lençol branco estendido. Tem cabelo crespo vermelho preso e veste top e calça branca
Mile Lab: grife vai estrear na SPFW (Vinicius Marques/Divulgação)

Do distrito do Grajaú, na Zona Sul de São Paulo, Milena do Nascimento Lima, de 22 anos, comanda a Mile Lab. Em 2020, a jovem trancou a faculdade de moda para investir em sua própria produção. “Mesmo sendo bolsista do Prouni, o valor do curso era alto”, explica. A aposta deu certo, e em 2021 ela estreia na edição digital da São Paulo Fashion Week, realizada em junho. >@mile.lab

COLEÇÃO DE WAKANDA

Ex-moradora da Brasilândia, na Zona Norte, Jal Vieira (foto), 32 anos, foi convidada pela Disney para assinar Realeza, coleção em tons de vermelho, preto, branco e dourado inspirada nas mulheres de Wakanda, país fictício do filme Pantera Negra. “Tudo o que faço se relaciona à minha vivência como preta, lésbica, periférica e mulher”, diz ela, que vive na região central. Sua coleção será lançada no dia 20 de maio no site oficial da Farfetch. >@jalvieirabrand

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Mulher de camisa social branca e cabelo cacheado posa sentada em um banco
Jal Vieira: da Brasilândia para o mundo (Divulgação/Divulgação)

ARGOLA POR ARGOLA

No Jardim Guaraú, na Zona Oeste, o casal Rafaela Nunes, 24 anos, e Caleb Candido, 28, fez da sala de seu apartamento o ateliê da Bizantine, marca de assessórios com peças de aço inoxidável. “O Caleb cria argola por argola, depois, juntos, montamos os colares e bolsas”, diz Rafaela, que conta ainda que eles têm uma rotina puxada, começam às 9 e vão até as 20 horas. Tem dado frutos. Um top da marca (foto) foi usado por uma modelo no clipe Vai Baby (2019), do rapper Black Alien. >@bizvntine

Foto mostra do nariz para baixo de uma mulher até sua cintura. Ela veste um top feito de argolas metálicas
Bizantine: marca faz acessórios argola por argola (Divulgação/Divulgação)

MODA SUSTENTÁVEL

A estilista Suelen Ingrid, de 27 anos, mudou de bairro, do Jaraguá, na Zona Norte, para a Bela Vista, no centro, mas não alterou sua forma de produzir roupas na Afroish, sua grife. Em vez de buscar tecidos novos, ela prefere retalhos descartados, encontrados no bairro do Brás. Também faz uso de peças de brechó, que recombina e transforma em jaquetas coloridas. > @afroish_7

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Jovem negro posa em frente a uma porta, em cenário com pinturas de tinta nas paredes
Afroish: fundadora faz peças com retalhos (@vaicremoso/Divulgação)

TECIDOS COM HISTÓRIA

Outra marca do Grajaú como a Mile Lab, a Mocamba Ateliê nasceu em 2016 pelas mãos da estilista Gabriela Bazilio, de 24 anos. “Trabalho com tecidos vindos de diferentes países africanos, como Senegal e Angola. Busco resgatar a ancestralidade de pessoas pretas”, detalha Gabriela. Sua grife faz peças sob medida para a clientela, como o quimono azul reluzente visto na foto acima. “Minhas roupas são feitas para caber em pessoas reais”, provoca ela. >@mocambatelie

Mulher negra posa com braços abertos em frente a um grande lago
Mocamba Ateliê: marca traz tecidos vindos da África (Kamilla Baes/Divulgação)

PLUS SIZE EM ALTA

A loja de roupas Rainha Nagô foi criada pelo casal Diego de Assis, de 35 anos, e Camila Roquette, de 39, que mora na Penha, bairro da Zona Leste paulistana. “Temos uma pegada fashionista, que não é comum no mercado plus size”, diz Diego, autor dos modelos. Com o alcance do on-line na pandemia, as vendas pelo site saíram de 3 000 reais para 35 000 reais. >@rainhanago

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Montagem com dois modelos no mesmo fundo azul claro. O homem veste camiseta e bermuda listrada e a menina uma camiseta laranja
Moda plus size: marca cresce em vendas on-line (Welber Pinheiro/Divulgação)

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Publicado em VEJA São Paulo de 12 de maio de 2021, edição nº 2737

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