Casal especialista em insetos lança delivery de joaninhas
Elas são ótimas para combater pragas em vasos e jardins; a compra acompanha material educativo para mantê-las
Dentro do laboratório, um casal decidiu criar seu próprio negócio. Cansados da vida corporativa em multinacionais, os entomologistas Guilherme Trivellato, 37, e Katherine Giron Perez, 42, lançaram a Asas & Cores, um comércio de joaninhas vendidas on-line e enviadas por correio com material didático para ensinar as crianças (e os adultos) sobre o ciclo de vida desses insetos.
“Nós queríamos mostrar que existe natureza ao nosso redor e parar de usar nosso conhecimento para a criação de mais inseticidas”, pontua Trivellato. Em kits educativos, a dupla entrega duas espécies: a “vermelhinha”, por 144,90 reais, e uma preta e branca, que sai por 124,80 reais. “Criamos essa diferença de preço para incentivar as pessoas a conhecer a diversidade. Nem toda joaninha tem de ser vermelha… Mas a vermelha ainda é a favorita da criançada.”
Em Paulínia, no interior do estado, para onde se mudaram, imaginaram a novidade como um projeto para ser usado nas escolas. “Começamos a bater de porta em porta para vender a ideia, até que a pandemia fechou tudo”, relembra. “Mudamos o foco, guardamos os livros e as coisas começaram a andar, talvez pela necessidade das pessoas de ter um pouco de contato com a natureza, mesmo que dentro do apartamento.” Hoje eles vendem para clientes na capital, entre pais interessados na experiência para seus filhos e adultos que desejam ter os hóspedes no jardim ou na horta de casa — e, de quebra, combater pragas e diminuir o uso de inseticidas.
No kit, eles desenvolveram um habitáculo com larvas das joaninhas e ovos de mariposa esterilizados, que servem de alimento, com quantidade suficiente para o tempo de desenvolvimento de duas semanas até a fase adulta. “Estudamos o espaço para garantir um formato que não coloque a comida em contato com a água e que tenha troca de ar.”
No local de trabalho, eles cuidam das joaninhas “matrizes” e colhem seus ovos para os kits. “Tomamos o cuidado de escolher espécies nativas que existem no Brasil inteiro. Mesmo que a conta-gotas, a ideia é soltá-las aos poucos no meio ambiente.”
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Depois de soltas, segundo o especialista, elas são “autônomas” e passam a buscar alimento por conta própria. “Uma das dúvidas mais comuns é o que vai acontecer com elas a partir daí”, conta. “Elas são predadoras, precisam de pulgões, ácaros, cochonilhas e outros insetos para se alimentar. Com essas condições, vão se estabelecer normalmente e começar a botar ovos.”
Para não pôr as larvas em risco, as entregas em domicílio são despachadas nos Correios sempre às segundas-feiras, para chegar no máximo em dois dias. “Conseguimos fazer envios a São Paulo, Belo Horizonte e Rio, por exemplo.”
Com a iniciativa feita especialmente para os pequenos, o casal conta que se inspirou quando ainda pensava em ter filhos. “Agora, gostamos de passear em áreas verdes e mostrar os bichinhos à nossa filha de 2 anos e meio. Ela já identifica cada um pelo nome certo, chama de ‘nosso amiguinho’. Só assim a criança vai entender o papel dela na natureza e saber que aquele insetinho, mesmo pequeno, é importante para o planeta.”
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Publicado em VEJA São Paulo de 14 de abril de 2021, edição nº 2733