Agent provocateur

Clássico, elegante e atemporal. O batom vermelho está acima de qualquer tendência — desde os anos 30

Por Rachel Verano
Atualizado em 1 jun 2017, 18h01 - Publicado em 10 nov 2012, 00h00
Elizabeth Taylor
Elizabeth Taylor (Bettmann/Corbis/)
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Entre março e julho de 2012, Paris parou para ver de perto no Grand Palais a maior retrospectiva do trabalho de um dos mais festejados fotógrafos de todos os tempos: o alemão Helmut Newton. Morto em 2004, ele é apontado como o grande revolucionário da fotografia de moda. Ao longo de quatro décadas, Newton clicou para as mais famosas revistas femininas ícones como Ava Gardner, Elizabeth Taylor, Paloma Picasso, Isabella Rossellini e Catherine Deneuve de maneira sedutora e provocante. Em comum, todas elas “vestiam” aquilo que veio a ser sua marca registrada: batom vermelho (muitas vezes, apenas ele). O sucesso da exposição foi tamanho que, na esteira, pelo menos três batons rouges foram lançados em homenagem ao grande mestre das lentes por marcas como ByTerry, Beauté Cosmetics e House of Exposure. Todo esse bochicho no mundo da beleza só serviu para reforçar o posto de clássico dos clássicos conquistado pelo tom escarlate nos lábios. “O vermelho é, definitivamente, uma cor atemporal”, diz Damian Castellanos, educador da Make Up For Ever para os Estados Unidos e a América Latina. “Ele nunca sairá de moda.”

Os primeiros batons vermelhos ganharam o mundo nos anos 20, e Mademoiselle Chanel, sempre à frente de seu tempo, não abria mão da cor. Em 1924, ela lançou o número 1, em uma caixinha de marfim bordada de preto, com uma mancha vermelha no topo. Mas foi só uma década mais tarde, com o advento do cinema em cores, que ele deixou de ser associado a mulheres ousadas e meretrizes e conquistou damas dos quatro cantos. A Lancôme foi uma das pioneiras na confirmação da tendência ao lançar, em 1945, a linha Rouge à Lèvres, dedicada à gama. “O vermelho deve ser uma joia digna de quem a usa”, afirmou, na época, Armand Petitjean, seu fundador. Desde então, entra estação, sai estação, e ele reaparece no topo do pódio. “Não importa se em tons mais abertos, mais fechados, mais opacos ou mais brilhantes, o fato é que ele é sempre revisitado com elegância”, diz Fabiana Gomes, maquiadora sênior da M.A.C no Brasil. A marca, de origem canadense, produz atualmente 25 tons escarlate, entre eles os famosos Russian Red, de 1989, e Ruby Woo, de 1999, os grandes campeões de vendas. “Criar um batom vermelho é infinitamente mais desafiador do que de outras cores”, acredita Nicole Masson, vice-presidente de desenvolvimento de produtos da empresa. “Como é a cor mais impactante, é fundamental ter a combinação perfeita de pigmentos.”

Não há grife de haute beauté que não aposte na sedução dos vermelhos. A Guerlain, que começou a colorir os lábios franceses ainda no século XIX com bálsamos líquidos cor de rosa, deu o start nos vermelhos nos anos 40 e desde então o tratou como joia. O ápice foi o lançamento do batom KissKiss, em 1995, quando uma edição limitada com acabamento de ouro e diamantes no estojo era vendida por 62 000 dólares. Revisitado em 2005 pelo designer francês Hervé van der Straeten, ele ganhou uma embalagem de metal dourado brilhante (e um preço infinitamente mais modesto: 126 reais). O novo batom da marca, Rouge G, não é menos luxuoso. “Sua fórmula contém partículas de rubi e pó de prata”, diz Elaine Oliveira, criadora da Guerlain no Brasil. A Clinique estreou no mercado dos vermelhos em 1972, com o Different Ruby, e desde então já englobou oitenta tons no portfólio. “Todos os anos vendemos mais de 1,3 milhão de batons dessa cor”, diz Scott Miselnicky, vice-presidente global de maquiagem da marca. Ainda hoje, o best-seller da Dior continua sendo o seu primeiro vermelho, o 999, lançado pelo próprio Christian Dior, embora a marca tenha outros 25 tons apenas no Brasil. Por fim, o último a entrar no mercado dos cosméticos de luxo com vermelhos poderosos foi Tom Ford, que lançou sua linha de maquiagem em 2010.

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madonna
madonna ()

Brilho e intensidade são as palavras de ordem no momento. A Chanel acaba de apostar nessa combinação bold & bright em sua linha Rouge Allure, com seis tons de vermelho, que chega ao país no fim deste ano. O mesmo efeito ultrabrilho aparece nos dezenove tons avermelhados da série Rouge pur Couture, da Yves Saint Laurent, a grande aposta da marca para a década, e poderá ser conferido de perto pelos fãs de Madonna nos shows da turnê MDNA, que ocorrerá no Brasil no início de dezembro. Além do figurino assinado pelos estilistas Jeremy Scott e Jean Paul Gaultier, a cantora usará um batom desenvolvido por sua maquiadora oficial, Gina Brooke, especialmente para as apresentações. Trata-se do Aqua Rouge #8, da Make Up For Ever, um batom líquido de longa duração, altamente pigmentado. “Eu queria um vermelho perfeito e puro que exaltasse confiança e beleza”, diz Brooke. A quem interessar possa: a arma dos palcos da bombshell tem previsão de desembarcar por aqui no fim de novembro, na loja Sephora do Shopping JK, em São Paulo.

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