Ostentação gastronômica: conheça o Cereja Flor, o Paris 6 do Tatuapé
Com decoração rebuscada, taças lambuzadas de chocolate e subcelebridades, o restaurante da Zona Leste atrai 1 000 pessoas por fim de semana
Aberto dez anos atrás na Rua Haddock Lobo, o Paris 6, do empresário Isaac Azar, virou rapidamente um sucesso de público, com fila na porta de até duas horas nos dias mais movimentados. Muitos clientes vão até lá interessados em dividir o mesmo ambiente com frequentadores famosos que batizam pratos da casa, do jogador de futebol Emerson Sheik aos atores globais Mariana Ximenes e Bruno Gagliasso.
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Outra diversão garantida é tirar selfies, de colher na mão, em frente ao carro chefe da casa, o grand gâteau, bolo de chocolate lambuzado com calda de chocolate e um sorvete Diletto espetado no topo. Apesar dos preços (o custo médio é de 150 reais por refeição no jantar) e a despeito da crítica especializada, que nunca engoliu a gastronomia do estabelecimento, o negócio foi tão bem que deu origem a uma pequena rede. Uma filial surgiu no início do mês em Porto Alegre e há outras unidades programadas para Belo Horizonte, Brasília, Curitiba e até uma internacional, em Miami, com abertura prevista para agosto.
O efeito da fama gerou agora um xerox, o Cereja Flor Café Bistrô. Instalado no Jardim Anália Franco, fatia nobre do Tatuapé, o lugar tem paredes em tons de roxo cintilante, cadeiras banhadas de dourado, lustres de cristal e um piano de cauda no meio do salão. Nesse ambiente, que atrai 1 000 pessoas a cada fim de semana, circulam panicats, ex-BBBs e outras subcelebridades.
Ex-craque do Corinthians, Marcelinho Carioca mora por perto e sempre aparece. “Já fui lá mais de dez vezes”, calcula. “A comida é maravilhosa e a decoração, impecável.” O menu também segue o padrão da fonte de referência nos Jardins. No cardápio internacional, cabe de bife à parmigiana a croque monsieur. Para finalizar, há sobremesas em tamanho família, a exemplo do cereja gâteau de chocolate com sorvete Magnum.
Com uma frequência média de 7 500 pessoas por mês, o estabelecimento virou um dos points culinários mais agitados da Zona Leste. “Se estão copiando é porque meu restaurante é bom”, comenta Azar. “Antes eu até me irritava com esse tipo de coisa. Hoje eu me divirto.”
A responsável pelo Cereja Flor é a dentista Jaqueline Alves, que abandonou a profissão para se dedicar ao restaurante de 100 lugares. “Busquei inspiração em vários locais, principalmente no Paris 6”, diz. A exemplo de Isaac Azar, a empresária investe bastante nas redes sociais para divulgar a casa. Desde a abertura, em maio de 2014, o estabelecimento recebeu mais de 100 000 curtidas na página oficial do Facebook. No Instagram, são quase 50 000 seguidores.
A clientela fiel aparece para provar as pedidas do cardápio, feito pelo chef Felipe Claro, “importado” de Guarulhos. Embora alguns pratos tenham nome francês, predominam as opções italianas a preços pouco convidativos. O tíquete médio, da entrada à sobremesa, gira em torno dos 120 reais. Das 27 sugestões principais, a mais cara é o bacalhau grelhado com batata rústica, aspargo, tomate concassé, ovo cozido e azeitona preta, a 99 reais.
As enormes filas nos fins de semana obrigam as pessoas a permanecer até duas horas esperando. Também são termômetro dessa fidelidade o número de posts e o de compartilhamentos nas redes sociais. As estrelas das fotos são as gigantescas taças doces, responsáveis por 70% do faturamento da casa.Trata-se de copos grandes de vidro cheios de sorvetes Kinder Bueno, Kit Kat, Ferrero Rocher e M&M’s.
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O nível de glicose explode de vez com as coberturas disponíveis (ganache de chocolate, doce de leite ou Nutella). No total, pode-se escolher entre doze versões, com preços de 40 a 65 reais. “Nos primeiros meses de funcionamento, eu faturava em torno de 70 000 reais. Em maio, fechamos em 425 000 reais, graças justamente à popularidade das taças”, comemora Jaqueline.
De olho nos endinheirados da Zona Leste, ela investiu 1, 2 milhão de reais para pôr o Cereja Flor de pé. “Os moradores doTatuapé são clientes que gastam muito e prezam a sofisticação, mas que não querem se deslocar vários quilômetros até a Zona Sul para ir a restaurantes badalados”, acredita. Bate cartão por ali também uma turma de “quase famosos”, como Serginho Orgastic, participante do BBB 10.
Boa parte desses convidados aparece no endereço em virtude do incentivo de Marcio Fagundes, ex-humorista de Rede Record e promoter da casa. Foi dele a ideia de organizar um esquema de boca-livre para atrair esse grupo com o objetivo de divulgar o local. “Nem sempre preciso convidar, já que há gente que se oferece para ir”, diz Fagundes. Mas a dona adianta que o esquema está com os dias contados. “Daqui para a frente, só pagando”, avisa.