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Soninha Francine lança livro sobre seu relacionamento com morador de rua

A vereadora também revela na obra detalhes de sua demissão da prefeitura por João Doria, sua amizade improvável com José Serra e sua saída do PT

Por Adriana Farias
Atualizado em 27 jul 2018, 06h00 - Publicado em 27 jul 2018, 06h00

A vereadora Soninha Francine (PPS) lança sua autobiografia Dizendo a que veio – uma vida contra o preconceito (Editora Tordesilhas) na quinta (9), na Livraria da Vila, na Alameda Lorena, 1731. Na obra, a ex-apresentadora e ex-secretária de assistência social da prefeitura aborda o namoro com o ex-morador de rua Paulo Sérgio Martins, de 43 anos, e outras polêmicas vividas ao longo de seus 50 anos de idade. Confira abaixo a entrevista:

O ex-morador de rua Paulo Sérgio e a vereadora Soninha Francine (Alexandre Battibugli/Veja SP)

Amor difícil

“Eu revelo a parte dura do relacionamento, a que a minha vizinhança conhece, a dos conflitos”. Paulo interrompe e diz: “Quando eu estava chapadão né. Você acha que uma pessoa que morou 20 anos na rua vai ficar de boa numa casa?”. Soninha acena com a cabeça e prossegue. “As pessoas acham curioso o começo, se espantam, conheceu na rua? Sentiu atração por ele? ‘Ai que lindo foram morar juntos’, dizem. Lindo? Namoramos há quatro anos e nos dois primeiros foi bem difícil pelo fato dele ser alcoólatra. Cheguei a um ponto de precisar chamar a polícia e ir para delegacia várias vezes porque ele chegava bêbado em casa, agressivo e ameaçando. Eu não queria que chegasse ao ponto de um dia ele me machucar. Também foi complicada a aceitação por parte da minha família e amigos. Minha mãe imaginava coisas horrorosas até que iria me encontrar morta dentro de casa. Achavam que eu tinha perdido totalmente a noção e me exigiram fazer uma consulta psiquiátrica [não foi identificado sinais de doença mental]. Paulo já está há um ano e meio sem beber graças a um tratamento com ayahuasca que fez em um sítio em Juquitiba. A gente pensa em fazer os votos de casamento em um templo budista.”

Demissão por João Doria (PSDB)

“João Doria não via minha autoridade e só dava ouvidos ao Filipe Sabará, então adjunto e hoje titular da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social. Por eu ser mulher, o trato era ruim. Até as três mulheres de confiança que o Filipe chamou para compor a equipe também foram embora. Ele prometia ao prefeito resultados e números em pouco tempo e eu dizia que não era possível. Exemplo: empregar 20 000 moradores de rua em um ano, sendo que cada um tem sua complexidade. Foi uma convivência interna terrível. O prefeito queria que eu escrevesse uma carta dizendo que eu preferia voltar para a Câmara, mas não era verdade, eu queria continuar na secretaria mesmo sofrendo horrores. Aí a gente fez o vídeo da demissão [em abril de 2017], mas eu achei má ideia. Eu estava com aquela cara de bunda e já tinha chorado algumas vezes de raiva e frustração porque mal havia começado na secretaria. O fato de ser casada com um ex-morador de rua pesava contra mim. Eu tinha alguns indícios de que o Filipe dizia isso para o prefeito de que eu não tinha condição de separar as coisas. O Doria falava isso para mim às vezes como qualidade pela sensibilidade e coração, mas que atrapalhava o serviço por eu ser humana demais. A imagem que o Filipe projetava para o prefeito é que ele era um cara prático, da resolutividade, e eu tinha essa coisa emocional.”

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José Serra (PSDB)

“Até hoje acham que a gente teve um caso, mas nada passou de uma amizade intensa. Uma amizade improvável por tudo, pela diferença de idade, estilo, partido, lugar. No começo eu o detestava tanto que quando ele aparecia na TV eu colocava chifrinhos na cabeça dele. Mas ele me surpreendeu com suas decisões políticas. Enquanto prefeito tucano abriu um CEU em Heliópolis, um reduto petista.”

Soninha foi se consultar em um psiquiatra, após pedido da família e amigos que questionavam sua sanidade mental por ela se relacionar com um morador de rua (Alexandre Battibugli/Veja SP)

Saída do PT em 2008

Hoje, a bancada do PT na Câmara tem uma postura um pouco mais consequente do que tinha antes muito em função da liderança. Hoje, o PT tem um líder que é o Antônio Donato, que foi presidente da Câmara na gestão Fernando Haddad (PT) e já na minha época ele era um lastro de sensatez. Naquela época a liderança da bancada era muito radical do tipo ‘a gente tem que ferrar os tucanos’. Era o João Antonio que hoje é o presidente do Tribunal de Contas do Município. E que instituição é essa, né, que tem cinco conselheiros nomeados politicamente e não são cargos de carreira. O mais importante era que o governo do PSDB não tivesse sucesso, não desse bons resultados, enxergavam esse como sendo o papel da oposição. O PSDB era o mal que não poderia prosperar porque se não as pessoas iam achar que o PSDB era bom. Muitos vereadores tinham esse pensamento. O Donato, que foi meu colega, muitas vezes baixava a bola e eu lembro ele dizer em reunião de bancada: ‘Gente, nós já fomos governo. A gente sabe que não dá para ser assim’.  A nossa bancada era muito inconsequente e a gente não estava nem aí. Se desse errado era melhor. Agora eu vejo que a bancada do PT ainda faz um discurso de oposição contundente para marcar posição, isso é forte no PT, mas eles não levam isso as últimas consequências, eles aceitam modificações no texto, não é tanto aquele de 2005 a 2008 do somos contra de qualquer jeito e vamos atrapalhar no que puder.

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Maconha

Militantes políticos, de direita e de esquerda, quando eles se sentem afrontados por alguma coisa que eu digo já vem a ofensa de ‘maconheira retardada’. [Em 2001, Soninha deu uma entrevista falando que usava maconha. Ela foi demitida da TV Cultura e o programa que apresentava tirado do ar]. O MBL perguntou para o Doria porque escolheu essa ‘maconheira comunista’ para trabalhar com ele. É impressionante como isso afeta as pessoas, como guardam, deixam isso reservado numa hora de conflito e divergência. Fico chateada quando vem da esquerda. Neste mandato não aconteceu de vereadores me xingaram, já no outro (2005 a 2008) diziam: ‘o que esperar de alguém que fuma maconha?’. [No livro, Soninha diz que deixou de fumar em 2003]. A maconha a ser fumada não é tão ruim para sociedade quanto o fato dela ser vendida por bandidos, isso precisa ser dito até hoje, o uso da maconha não transforma uma pessoa em alguém horrível, criminoso, fora da lei, depravado. Faz mais mal a maconha ser monopólio do crime, que controla a produção e a venda.

Outros tópicos

No livro, Soninha também fala sobre a gravidez na adolescência, a luta contra uma depressão, o envolvimento com o budismo, como a experiência no curso de cinema da USP foi valiosa para sua formação política e a leucemia enfrentada por Julia, 21, uma de suas três filhas.

Lançamento do livro Dizendo a que veio será no dia 9 de agosto, às 19h, na Livraria da Vila, da Alameda Lorena, 1731 (Divulgação Editora Tordesilhas/Veja SP)
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