Paulistana nascida na periferia cria método de ensino para jovens vulneráveis
Sofia Esteves comanda o Instituto Ser + e acaba de lançar um livro sobre o projeto que já orientou mais de 20 000 jovens em busca de profissão
Filha de imigrantes italianos em Itaquera, Sofia Esteves cresceu inspirada pelo esforço dos pais como comerciantes no bairro. “Aos 11 anos, eu fazia um curso de pintura e à noite já tinha uma aluna de 8 anos para ganhar minhas moedinhas”, conta. Com o sonho de criar um orfanato quando crescesse, a paulistana decidiu estudar psicologia e acabou ganhando destaque como consultora de RH. A meta de criar sua própria instituição foi retomada mais tarde — e se transformou em um projeto que já orientou mais de 20 000 jovens vulneráveis em busca de emprego.
“Nunca me afastei do desejo de ter o orfanato, mas defini que faria um ao completar 50 anos”, relembra. “Quando chegou o momento, soube que não existia mais essa possibilidade para pessoas jurídicas no Brasil. Mas logo entendi que meu trabalho seria com outros órfãos: os do mercado de trabalho.”
Após criar o Instituto Ser + e desenvolver uma metodologia própria, Sofia tem acolhido jovens com um sistema que trabalha autoconhecimento e a autoestima individual. “Assim como acreditei que conseguiria uma carreira mesmo saindo da periferia, sem faculdade de primeira linha e sem inglês, eles também podem.”
O projeto começou em 2014 e contribui com a formação integral de pessoas entre 15 e 29 anos. “Na primeira formatura do instituto, tínhamos 150 formandos e fiquei extremamente emocionada. Uma das mães me agradeceu dizendo que foi incentivada pela filha a entrar em um curso. Essa menina tinha nascido dentro de um presídio.”
Com quase 700 000 seguidores no Linkedin, a empresária é referência na área de recursos humanos e acaba de lançar o livro O Sonho de Ser +: Todo Jovem É uma Estrela, com detalhes sobre a trajetória e o formato de trabalho usado no instituto. “Me dizem para ir para outros estados e vi que não é isso que quero, sendo que as ONGs de cada lugar conhecem melhor a cultura e a dor da região”, observa. “Quando a metodologia teve sucesso, decidi que seria aberta para qualquer ONG interessada em utilizá-la.”
Para mais novidades e destaques paulistanos, siga Humberto Abdo no Instagram e no Twitter.
+Assine a Vejinha a partir de 12,90.