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Dia da Mulher: líderes do mercado imobiliário revelam experiências em SP

Pesquisa revela que 61% das mulheres do setor já enfrentaram situações como assédio sexual e moral; CEOs e diretoras da área falaram à Vejinha

Por Humberto Abdo
Atualizado em 25 mar 2021, 10h54 - Publicado em 5 mar 2021, 06h00
A partir da esquerda: Haaillih Bittar, Roberta Bigucci, Cecilia Rodrigues Maia Noal, Rafaella Carvalho Corti e Bianca Setin.
A partir da esquerda: Haaillih Bittar, Roberta Bigucci, Cecilia Rodrigues Maia Noal, Rafaella Carvalho Corti e Bianca Setin. (Divulgação/Divulgação)
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Apenas 34% dos corretores de imóveis no estado de São Paulo são mulheres, segundo dados de 2020 do Conselho Regional de Fiscalização do Profissional Corretor de Imóveis. Em 2016, eram 32%. “O mercado ainda é supermachista. Hoje mesmo, no Secovi-SP, só tem eu de mulher”, exemplifica Roberta Bigucci, 50, diretora da MBigucci Construtora. Ela foi uma das 803 participantes da primeira pesquisa Mulheres no Mercado Imobiliário, que fez um retrato da situação feminina no setor (44% das entrevistadas relatam que tiveram dificuldade para retornar após ter filhos e 61% já enfrentaram situações como assédio sexual e moral). A pesquisa foi desenvolvida pela Data Store em parceria com Raquel Trevisan e Mulheres do Imobiliario.

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“Esses dias fiquei brava ao descobrir que algumas palestras da área estão com cotas para mulheres. Está louca? Se eu souber que fui convidada por isso, não vou”, diz Roberta.

Bianca Setin, 40, começou a carreira ao lado do pai, fundador da Setin Incorporadora. Após um período em outros escritórios, Bianca passou por vários cargos na empresa da família. “Fui mensageira, office boy… Quis me dedicar para não estar ali apenas por ser filha do Antonio, como o chamo durante o expediente. Um dia li uma entrevista dele dizendo que não sabia quem seria seu sucessor e só então decidi chamá-lo para uma conversa sincera.” Hoje ela é diretora de operações e se prepara para lhe suceder. “Nosso quadro de funcionários tem 60% de mulheres, mas participo de muitas reuniões em que sou a única. Nessas ocasiões, sinto que tenho de entrar mais preparada, com mais argumentos.”

Primeira mulher diretora executiva da Cyrela, Rafaella Carvalho Corti, 39, também admite que precisou se adaptar. “A equipe rejeitou minhas propostas quando assumi o cargo”, revela. “Na primeira avaliação dos funcionários, desceram a caneta e recebi muitos feedbacks negativos. Antes, quando fui gerente, ainda era muito jovem e tive que me masculinizar.”

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Para Haaillih Bittar, 42, que ocupa o cargo de managing director da Tishman Speyer, o temperamento afetivo pode ser uma vantagem no mercado, mas não é suficiente para evitar inseguranças. “Quando estava prestes a virar diretora, fiquei preocupada de engravidar e perder a chance”, conta. “No final, recebi apoio do meu antigo chefe. Hoje tenho dois filhos e a parceria total do meu marido e dos meus pais. Dizem que é preciso ter uma tribo inteira para criar uma criança e foi isso que aconteceu.”

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“No meu caso, são dois fatores: ser mulher e jovem”, observa Cecilia Rodrigues Maia Noal, 30, CEO da incorporadora Gamaro. “Em algumas reuniões, me olham torto, querendo entender. Uma vez, durante uma grande transação, eu estava tomando decisões e perguntaram ‘não precisa da aprovação de alguém acima de você?’.” Não, não precisa.

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Publicado em VEJA São Paulo de 10 de março de 2021, edição nº 2728

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