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Luís Ernesto Lacombe: “Bolsonaro acerta bem mais do que erra”

Apresentador da Band e ex-Globo fala sobre o vídeo em que ataca matéria do 'Jornal Nacional' e se assume conservador nos costumes

Por Ana Carolina Soares
Atualizado em 2 nov 2019, 12h21 - Publicado em 1 nov 2019, 16h13
Ernesto Lacombe (Reprodução/Veja SP)
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Nesta quinta (31), Luís Ernesto Lacombe, apresentador do Aqui na Band e ex-Globo e GloboNews, voltou a provocar discussões entre internautas. Ele publicou um vídeo nas redes sociais em que questiona a exibição da reportagem no Jornal Nacional, da Rede Globo, sobre um possível envolvimento do presidente Jair Bolsonaro no assassinato da vereadora Marielle Franco.

Em seguida, a procuradora do Ministério Público Simone Sibilio confirmou que o porteiro que envolveu a autoridade na morte mentiu em depoimento à Polícia Civil. No vídeo, Lacombe usou a mesma posição “bradada” pelo presidente: a matéria não deveria ter sido exibida por causa das inconsistências.

Em setembro, o jornalista também foi um dos mais comentados no Twitter por conta de uma discussão ao vivo com sua colega de bancada, Silvia Poppovic, a respeito da morte da menina Ágatha, de bala perdida, no Rio. Ele disse era cedo para culpar policiais e que “fosse de quem fosse a culpa, não era correto apontar apenas para a polícia, porque traficantes, que se aproveitam da estrutura de labirinto das favelas e usam as pessoas de bem, grande maioria nas comunidades mais pobres, como escudo, e os usuários de drogas têm sempre a sua parcela de culpa”. A polêmica rendeu outra discussão ao vivo na mesma semana.

Procurado pela Vejinha para debater sobre jornalismo e política, Lacombe topou dar a entrevista, desde que fosse por escrito. Abaixo, o profissional escreve sobre as polêmicas, além de sua nova fama de defensor do conservadorismo:

Por que decidiu publicar o vídeo criticando a matéria do Jornal Nacional? Onde ele foi gravado?

O vídeo foi gravado no meu apartamento em São Paulo. Desde que passei a apresentar um programa de entretenimento, de variedades, ganhei liberdade para me posicionar, para opinar, sempre agregando informações, com argumentação. A partir disso, minha conta no Instagram cresceu muito. Ganhei mais de 200 000 seguidores em poucos dias, e essas pessoas me cobram posicionamentos. Como considero que vivemos, mais do que nunca, um jornalismo militante, resolvi gravar o vídeo.

Quando você diz que vivemos em um jornalismo militante, trata-se de algo generalizado, incluindo você e seu programa, ou pontual, para alguns veículos e profissionais?

Os jornalistas são, majoritariamente, de esquerda. Nas faculdades, muitos acreditam que estão se formando militantes, e não profissionais de comunicação. Temos veículos imparciais e veículos militantes, uns mais, outros menos, alguns contrários, outros favoráveis ao governo. Posso dizer que o Aqui na Band é democrático, opiniões contrárias convivem numa boa no programa, que tem apresentadores com ideias diferentes sobre os mais diversos assuntos.

O vídeo causou reação entre alguns colegas, que não concordaram com as críticas ao seu antigo canal. Como lida com esse posicionamento?

Sou contra o corporativismo. Não vejo problema algum em jornalistas fazerem críticas a jornalistas. Podemos discutir saudavelmente o que fez o Jornal Nacional. Há quem considere que havia uma história, que havia uma matéria. Eu discordo e falei o que penso no vídeo. Se não respeitam a minha opinião, que respeitem o meu direito a ter opinião. É assim que me comporto em relação a quem pensa de forma diferente de mim.

Entre as críticas, afirma-se que o fato de uma informação sobre um presidente estar em um processo tão relevante quanto a morte de Marielle já valeria veicular essa notícia. Qual sua opinião?

A informação não foi comprovada, se desfez no primeiro passo investigativo. Se havia alguma notícia nesse caso era sobre um porteiro que, por algum motivo que se desconhece, envolveu o presidente num caso de assassinato e foi desmentido. Se havia uma reportagem a ser feita era: por que esse porteiro agiu assim? Foi um equívoco apenas? Houve alguma motivação pessoal? Ele foi convencido por alguém a agir dessa forma? E, qualquer que fosse a linha da matéria, o presidente deveria ter sido ouvido.

Qual sua opinião sobre o governo Bolsonaro?

O governo Bolsonaro acerta bem mais do que erra. E acerta, principalmente, naquilo que é o principal. Temos um ministério técnico, algo tão raro quanto louvável. Reformas importantíssimas estão caminhando e, sob o comando do ministro Paulo Guedes, nossa economia começa a se recuperar, com inflação controlada, juros mais baixos da história, risco-país no menor nível desde 2013, capital estrangeiro voltando, bolsa batendo recordes, emprego crescendo… E olha que o buraco a que o país foi levado nos últimos anos do PT é bem profundo. Temos ainda um esforço enorme no combate à violência e à corrupção, sob o comando do ministro Sergio Moro. E a infraestrutura do país, tão combalida, certamente vai melhorar, com os esforços do Ministro Tarcísio Freitas. Não vejo como negar tudo isso.

Qual a sua visão sobre o jornalismo da Rede Globo e Folha de S.Paulo na cobertura sobre a gestão Bolsonaro? Tem sido parcial ou imparcial?

Não vou conjecturar sobre o que leva dois grupos de comunicação tão fortes a praticamente omitir o que é bom no governo e aumentar o que é ruim. O fato é que isso, sim, tem acontecido.

Qual a sua opinião sobre o presidente ter suspendido a assinatura da Folha de S.Paulo nos órgãos oficiais?

Como jornalista, não tenho absolutamente nada a ver com isso. A decisão é do presidente, que deve ter seus motivos. Como contribuinte, claro que tendo a gostar de governos que cortam custos. As próprias empresas de comunicação têm reduzido a quantidade de assinaturas de jornais e revistas para suas redações e seus escritórios.

Recentemente, sua divergência com Silvia Poppovic também repercutiu na internet. Muitos o consideraram conservador/direitista. Qual o seu posicionamento?

Não acredito num Estado enorme, “pai de todos”, tutor, fomentador de crescimento e desenvolvimento. Isso não deu certo em lugar nenhum. Sou pela economia de mercado. Não demonizo os empresários, não abomino o lucro, mas, sim, o lucro a qualquer custo, os maus empresários. Portanto, sou um liberal na economia. Já fui também um liberal nos costumes, mas me aproximei dos conservadores. Sou educado e respeitoso com todas as pessoas. Acredito no correto. Não preciso do “politicamente correto”, de um advérbio de modo, para saber que somos todos iguais, com os mesmos direitos e deveres.

Com o vídeo, você assume um posicionamento claro. Trata-se de uma espécie de editorial até. Ao abrir suas ideias, não teme ser tachado de “jornalista parcial”?

Ser tachado de jornalista parcial ao criticar o que, na minha opinião, é um jornalismo parcial chega a ser irônico. Não sou partidário, não faço parte de “patotas”. Se me declaro um liberal, isso tem a ver com o que se observa no mundo e mesmo no Brasil. Serei sempre a favor daquilo que eu considere benéfico para o país, seja de quem e de onde vier a iniciativa.

Veja o vídeo de Lacombe nas redes sociais:

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Dois momentos cruciais no jornalismo: quando se escolhem as histórias que serão contadas e quando se define como cada uma delas será contada… #oqueénotícia? #notícia #pré-pauta #pauta #reportagem #jornalismo #verdade #fatos #todososladosdahistória

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