Champinha é absolvido após tentar fugir usando estilingue
Ministério Público e Justiça entenderam que ação, ocorrida há dois anos, não pode ser comprovada
![Imagem dividida mostra uma casa com entrada e janela, ao lado dela aparece Champinha, com os braços levantados e com camiseta branca](https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2020/12/20201226_120941.jpg?quality=70&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
A Justiça arquivou no último sábado (7) um inquérito policial que apurava os crimes de motim, ameaça, constrangimento ilegal e dano qualificado promovidos por Roberto Aparecido Alves Cardoso, o Champinha, 35, internado há dezoito anos. Em setembro de 2019, o assassino do casal Liana Friedenbach e Felippe Caffé, cujo crime ocorreu em 2003, tentou fugir da Unidade Experimental de Saúde (UES), na Vila Maria, utilizando um estilingue para render dois guardas.
![Champinha 6 Estilingue de Champinha](https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2020/12/Champinha-6.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
Na ocasião, outros dois internos também participaram da ação, segundo depoimento de agentes, mas as investigações não concluíram suas participações. Para o Ministério Público, não restou provas para incriminar Champinha, a despeito de um laudo mostrar que houve depredação de partes da unidade, como armários, em grades e em um dormitório. “Entendo que não havendo provas a respeito dos crimes mais graves, inviável o prosseguimento dos autos em relação ao delito mais brando [motim]. Ademais, há nos autos que toda a mentoria teria sido atribuída exclusivamente ao detento Roberto”, afirmou o promotor. A tese do MP foi acatada pelo juiz Fabricio Reali Zia, do Foro Central Criminal da Barra Funda.
Assim que foi preso pelo assassinato do casal, Champinha foi encaminhado à Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem), hoje Fundação Casa, onde ficou o período máximo de internação para adolescentes. Em 2007, ele seguiu para a unidade Experimental de Saúde. O equipamento foi criado pelo governo paulista para atender adolescentes e adultos infratores com transtornos psiquiátricos graves. A administração do local fica a cargo da Secretaria Estadual de Saúde e a segurança é feita pela Secretaria de Administração Penitenciária (SAP).
![Champinha 2 Imagem mostra quarto de Champinha revirado após agressão](https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2020/12/Champinha-2.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
Histórico
Em 2015, o Supremo Tribunal Federal (STF) negou recurso da Defensoria Pública que solicitava a desinternação do interno. A defesa queria que ele fosse para a casa de um parente e passasse por reavaliações periódicas em um hospital psiquiátrico até que se atestasse a existência de condições do seu retorno ao convívio social.
O crime
Em 2003, Champinha e mais quatro homens participaram dos assassinatos dos namorados Felipe Caffé e Liana Friedenbach, que tinham ido ao local acampar em Embu-Guaçu. O primeiro foi assassinado com um tiro na nuca no mesmo dia; Liana ficou quatro dias em cativeiro, período em que foi torturada e estuprada. Ela acabou morta a facadas por Champinha.
Único menor na ação criminosa, Champinha foi logo internado na antiga Febem. Os demais foram condenados criminalmente.