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Notas Etílicas - Por Saulo Yassuda

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O jornalista Saulo Yassuda cobre cultura e gastronomia. Faz críticas de bares na Vejinha há dez anos. Dá pitacos sobre vinhos, destilados e outros assuntos
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Com aglomerações de um lado, Praça Roosevelt vê bares definharem do outro

Endereços como Papo, Pinga e Petisco e Lekitsch sofrem com queda de público e de faturamento

Por Saulo Yassuda Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 20 jan 2022, 14h59 - Publicado em 12 Maio 2021, 11h45
Fachada de bar com pessoas em pé e mesas na calçada
Fachada do Papo, Pinga e Petisco, antes da pandemia: ponto de encontro  (/Viagem e Turismo/Veja SP)
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Enquanto aglomerações sem fim continuam a rolar na Praça Roosevelt, estabelecimentos da região têm sofrido por conta das necessárias restrições no funcionamento durante a pandemia de Covid-19. Um deles é o Papo, Pinga e Petisco (Praça Franklin Roosevelt, 118), um dos botecos mais longevos daquele pedaço, aberto em 2004.

Na tarde da segunda (10), o bar fez um post em seu perfil no Instagram com ar de despedida. “Infelizmente… É com muita tristeza que comunicamos que o PPP está sem ar para sobreviver… 16 anos de muito suor… alegria… lágrimas…”, diz o texto.

Liguei para o proprietário, Edney Ardanuy Vassalo, que me disse: “estamos respirando o último ar”. Ele contou que alguns clientes se sensibilizaram com a postagem.  “Vão fazer uma vaquinha virtual”, garante, “A gente vai tentar segurar esse mês. Na atual situação, temos fôlego para seguir só mais um mês e meio, dois meses, no máximo.”

Foto tirada do alto do prédio flagra pedestres aglomerados em rua da Praça Roosevelt.
Imagem de morador flagra centenas de pessoas aglomeradas na região da Praça Roosevelt (Instagram/Reprodução)

O bar ocupa o imóvel que já pertenceu à Boate Djalmas, onde Elis Regina fez um de seus primeiros shows na cidade, em 1964.  (Fofoca musical: a apresentação se mostrou um fracasso de público, segundo relata Regina Echeverria em Furacão Elis [LeYa, R$ 79,90, 272 pág. Compre aqui.]. Quem diria, né?!)

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Para ganhar um dinheirinho, o PPP está vendendo copos, lustres e outros itens de decoração. E continua operando e recebendo o público no salão de fitilhos no teto e decoração caótica, repleta de geladeiras, um juke box quebrado e LPs que podem ser comprados, um charme. Trata-se de um bar para beber uma cerveja gelada — a Original está em promoção (12 reais, 600 mililitros) —  e mastigar um buraco quente de carne louca (27 reais).

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Vassalo chegou a pegar um empréstimo meses atrás, mas está com dificuldades pagar as parcelas, com um faturamento que alcança no máximo 30% do que era antes. Segundo ele, muitos estabelecimentos da vizinhança estão devendo o aluguel. “O problema é que o pessoal aglomera na praça e ninguém vem ao bar. Aqui está vazio e a galera fica trocando Covid na praça”, reclama.

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Balcão de bar com mesas à esquerda. Luzes coloridas
Espaço do Lekitsch antes da pandemia: novidades para atrair um novo público (Fernando Moraes/Veja SP)

“As aglomerações estavam piores com os bares fechados”, pondera Silvio do Carmo, sócio do vizinho Lekitsch (Praça Franklin Roosevelt, 142).“O Biros e o Bab Bar fecharam”, revela. “Estamos vivendo à base de Pronampe [linha de crédito]”, diz ele. “Estou rezando a Deus para que a gente consiga chegar até o segundo semestre.” Por ora, Carmo colocou uma chopeira para tentar atrair um novo público e deve começar a apostar também no take away, para as pessoas retirarem seus petiscos.

Na esquina com a Rua da Consolação, o TapTap (Rua da Consolação, 455), dedicado ao chope artesanal, também tem se mexido. “Pelo menos estou com movimento, está girando”, conta o sócio Carlos Lima. “Gasto dez vezes mais energia e tempo para ter um décimo do resultado.” O empresário é taxativo: “na Roosevelt, quem mais ganha dinheiro são os dois supermercados, que vendem uma variedade bacana de produtos baratos, para o público que fica na praça”, diz. “Mas não é algo novo. O pessoal sempre ficou na praça.”

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